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Quando surgiu em BH, o desafio de colocar duas pessoas em disputa de coreografias improvisadas corria o risco de desaparecer por falta de popularidade. “O vogue era uma coisa que ninguém entendia muito bem como funcionava, principalmente por aqui. Mas agora criou-se uma rede de interessados no Brasil, recebo e-mails de gente que está estudando o estilo em Santa Catarina, São Paulo, Brasília e Salvador”, afirma Morais.
Entre os mineiros, o interesse se enraizou em parte pela origem contestadora do gênero. Quando nasceu, o vogue era a forma de expressão dos jovens gays sem-teto nos EUA. Ao som das batidas eletrônicas, o gestual duro e imponente representa a altivez das estrelas que ilustravam capas de revistas de moda na época, contraste duro com a realidade da população LGBT, que era expulsa de casa ao se assumir homossexual, bissexual ou trans.
DIVERSIDADE
Hoje, são os LGBT que fazem do duelo de vogue uma celebração da diversidade na capital – homens gays são maioria entre os nove finalistas. Com o tempo, competidores aprofundaram seus conhecimentos e elevaram o nível dos embates. “Todo mundo percebeu a evolução técnica dos participantes. Houve também um crescimento muito bom do entendimento sobre o contexto do vogue”, observa Morais, apontando que, no segundo semestre deste ano, a festa alcançou novos níveis de popularidade.
O interesse despertado em outros meios culturais levou o vogue para outros voos. No mês passado, o evento uniu forças com o Duelo de MCs, em mistura ousada, sob o Viaduto Santa Tereza. “Os bailarinos competiam entre si enquanto os MCs rimavam a narração da dança. Não tocava rap, mas um house music. Nenhum de nós havia feito algo assim antes e decidimos encarar como um experimento”, conta o produtor do Duelo de Vogue.
O resultado do encontro inusitado foi emocionante para ele. “Foi maravilhoso. O público do vogue e o público dos MCs se uniram. Vieram ainda os moradores de rua e os transeuntes. Pela primeira vez, vimos que tudo misturado era só amor, principalmente pela união das diferenças.”
Também neste ano, a equipe que conduz os duelos em BH recebeu a visita de Archie Burnett, norte-americano especialista em vogue. O encontro deu origem ao festival Vogue Fever, que colocou a capital mineira no roteiro oficial dos bailes da dança, ao lado de eventos semelhantes em Nova York, Paris e Berlim.
Confira o vídeo do 1º BH Vogue Fever da Festa Dengue Fever, durante a semifinal entre Luanna Ninja e Felix:
Duelo de vogue: Final
Amanhã, às 23h, no Matriz (Rua dos Guajajaras, 1.353 - Barro Preto). Ingressos a R$ 25 no local, somente em dinheiro. Censura: 18 anos.