Em comunicado enviado por e-mail aos funcionários na noite de anteontem, Cosac escreveu: “A editora não está falindo, mas encerrando, e esse é um direito que me cabe”. A dificuldade de manutenção dos projetos editoriais da casa – conhecida pela sofisticação na edição dos livros – foi a principal razão para o fechamento da empresa. A crise econômica também afetou a editora, que no primeiro semestre reduziu sua equipe à metade.
Cosac, sócio do norte-americano Michael Naify, ainda afirmou na entrevista que a editora vai conversar com cada um dos autores que publicou. Será um novo livro de Tunga a derradeira publicação da Cosac Naify.
A partir de Barroco de lírios, produzido com mais de dez tipos de papéis e 200 ilustrações, a editora tornou-se referência no mercado com a publicação de volumes de artes plásticas. Foram editados mais de uma centena de títulos sobre o assunto, desde monografias sobre artistas brasileiros, clássicos da crítica de arte e obras de referência.
CLÁSSICOS
Vieram, mais tarde, publicações voltadas para cinema, fotografia, dança, moda e design. A seara infantil foi outro foco da Cosac, que editou desde clássicos até livros de jovens autores.
A Cosac ainda editou Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes e Rodrigo Melo Franco de Andrade, entre os mineiros mais notórios. Autores de Belo Horizonte publicados recentemente pela editora ficaram surpresos com seu fechamento. Em abril, a editora lançou Cao, primeiro livro de Cao Guimarães a tratar do conjunto da obra do artista visual.
“As escolhas (da editora) cobriram muitas lacunas do mercado editorial brasileiro. A Cosac trazia a ideia de um livro como objeto. No mundo da era digital, em que muitas pessoas preferem ler pelo computador, pelo iPad, a Cosac era uma tentativa de sofisticar o objeto livro. Era um prazer para você ter um livro materializado. Acompanho a editora desde muito tempo, pois ela fazia uma trabalho sério na escolha dos títulos”, comentou Guimarães.
O poeta Mário Alex Rosa chamou a atenção para o trabalho da editora voltado para a seara dos infantis. Ele publicou Formigas, com ilustrações de Lílian Teixeira (voltado para crianças), e Via férrea. Ambos saíram em 2013. “Acho que, na história do mercado editorial no Brasil, você tem que pensar antes e pós-Cosac Naify. Quando ela chegou ao mercado, fez um trabalho diferenciado de tudo o que havia nas editoras brasileiras. Ela provocou um outro olhar para um projeto, sobretudo no setor infantil.”
Já a artista plástica Laura Belém, que publicou seu primeiro livro pela editora (uma edição que documenta 21 instalações da mineira, produzidas entre 2002 e 2013, ano da edição), lembrou-se da dedicação do próprio Charles Cosac, que atuou diretamente como editor de seu livro. “Para mim, foi uma experiência de aprendizado e crescimento, e ele me ajudou muito a deixar o trabalho mais enxuto, conciso.” (Com agências)
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