Na comédia do autor inglês Alan Ayckbourn, Vera tem ao seu lado o ator Tato Gabus Mendes. Pela via do humor, a peça critica a classe média. “É um texto muito ágil e inteligente, com muitos subtextos. Fiquei encantado”, afirma Gabus Mendes, que também destaca a atualidade da dramaturgia.
“O que se diz nem sempre é o que se pensa. E assim ele (o dramaturgo) vai tecendo um panorama social e humano daqueles personagens com muito humor e diversão, mas sem jamais negligenciar as reflexões sobre eles”, analisa Vera.
Foi por e-mail que a atriz falou sobre sua volta ao teatro e também sobre beleza, televisão, cinema e, claro, privacidade e internet. No mês passado, ela foi clicada desarrumada no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. A imagem movimentou o dia dos comentaristas da internet. “Isso não tem nenhuma importância. Não perco meu tempo com bobagens”, minimiza. Leia a seguir a entrevista de Vera Fischer ao Estado de Minas.
Relações aparentes
Hoje e amanhã, às 21h, no Grande Teatro do Palácio das Artes.
Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Plateias 1 e 2, R$ 60
e R$ 30 (meia); plateia superior R$ 50 e R$ 25 (meia).
Entrevista
Vera Fisher , atriz
“Não vou mudar minha rotina”
Por que você só dá entrevista por e-mail?
A Bibi Ferreira não fala ao telefone quando tem espetáculo. Eu, assim como ela, preciso poupar a minha voz para estar 100% em cena para o meu público!
O que essa peça tem de especial para fazer você decidir voltar ao teatro?
Minha última peça foi Porcelana fina, encenada em 2006, com supervisão da Bibi Ferreira. Estava, portanto, há nove anos afastada dos palcos. Parece que foi ontem! O grande trunfo dessa comédia, e também o mais sedutor, é a capacidade de se comunicar com a plateia. Dono de um humor fantástico, uma ironia inteligente, o autor passeia com seus personagens diante do público, tornando-o cúmplice de tudo a que está assistindo. É simplesmente genial.
Relações aparentes faz uma crítica à classe média. Que crítica você faz à classe média de hoje?
Não estou aqui para criticar ninguém. Deixemos as críticas para os sociólogos. A classe média sempre será o elo da balança em qualquer sociedade de qualquer tempo, e estou no meio dela, no centro do furacão. Claro que hoje estamos debruçados no efêmero, no consumo, e isso não é novidade para ninguém. Se pudermos nos distanciar, um pouco que seja, e refletir, já é uma grande coisa.
Ary Coslov é conhecido como um diretor de comédias. Antes, você trabalhou com Flávio Rangel, Ulysses Cruz e Moacyr Goes em textos muito dramáticos, como Desejo, Gata em teto de zinco quente, Negócios de Estado, entre outros. O que aproxima você do humor neste momento?
A comédia é, sem dúvida, o artefato mais contundente para se dizer o que se quer sem pesar a mão. Talvez por ter sempre me dedicado a grandes textos dramáticos, e agora encarar uma comédia dessa envergadura, tenha sido uma opção de transitar em áreas menos frequentadas por mim, mas não menos apreciadas.
Sua última participação em telenovela foi em Salve Jorge (2012). Pretende voltar a fazer teledramaturgia?
Sou contratada da TV Globo. Vou voltar à TV no ano que vem. Eu e a Globo já estamos conversando. Na hora certa todos vão ficar sabendo.
Seu nome sempre foi ligado à beleza. Sente-se cobrada a estar sempre bonita?
Sou uma atriz. Empresto a minha beleza às personagens. Na peça Porcelana fina, dei vida a uma personagem bronca e desleixada. Mas se a personagem for vaidosa, vou entrar em cena arrumada. O papel pede. No dia a dia, tento levar uma vida comum. Não vou me produzir para fazer compras na rua.
Às vésperas de completar 64 anos, como lida com a passagem do tempo?
Sinto-me muito bem. Cada dia melhor. E recebo muitos elogios na rua.
Qual foi a sua reação ao ver a repercussão na internet das fotos recentes em que aparece sem maquiagem em aeroporto do Rio de Janeiro?
Isso não tem nenhuma importância. Não perco meu tempo com bobagens.
Você acha que a questão da privacidade se tornou ainda mais delicada com a internet? Como isso a afeta?
Com internet ou sem internet, vou continuar a fazer as mesmas coisas de sempre. Vou sair nas ruas e não vou mudar minha rotina. Desde 1969, quando me tornei Miss Brasil, sou parada nas ruas pelo público. São sempre fãs que me querem bem, pedem autógrafos, querem fazer fotos comigo. Sinto enorme prazer em falar com todas as pessoas.