Com direção de Grace Passô e dramaturgia de Assis Benevenuto, Mamá! traz visão menos glamorizada sobre maternidade. A ideia da peça surgiu em 2013 e foram feitas cerca de 150 entrevistas com mulheres de diferentes classes sociais. Além disso, a dupla abriu campanha na internet para que as mães contassem suas experiências.
“Diferentemente do que se prega por aí, vimos que a maternidade é a experiência individual de cada mulher. Não tem como enquadrar isso”, diz Talita Braga. Mamá! desconstrói a visão idealizada e santificada da figura materna. Na peça, a mulher assume o primeiro plano.
Para Talita, foi curioso como certos temas dessa discussão começaram a emergir simultaneamente. O debate proposto pela peça é muito semelhante ao mote do documentário Olmo e a gaivota, das diretoras Petra Costa e Lea Glob. “De lugares diferentes, estamos falando sobre a mesma coisa”, afirma ela. O filme narra as transformações que a gravidez promoveu no corpo e na mente da italiana Olivia Corsini, atriz do grupo francês Theatre du Soleil.
Segundo Talita, tanto a direção de Grace Passô quanto o texto de Assis Benevenuto reforçam o aspecto documental da peça em cartaz em BH. As intérpretes são narradoras de histórias alheias, das próprias histórias e também de fragmentos ficcionais. O limite entre o real e o ficcional é sempre tênue.
“Apesar de todo o movimento feminista, ainda falta muito para a mulher encontrar um lugar. É urgente encarar a maternidade de forma mais humana e menos idealizada”, conclui a atriz.
ROSAS
A Zula Cia. de Teatro foi criada em Belo Horizonte em 2010. A cena curta As rosas no jardim de Zula, posteriormente transformada em espetáculo, marcou o início de sua trajetória. A peça parte das vivências de integrantes da companhia para a contar a história real de Rosângela, mulher que abandonou o marido e os filhos e foi viver nas ruas durante dois anos.
MAMÁ!
Com Zula Cia. de Teatro. Direção: Grace Passô. Em cartaz até 6 de dezembro.