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A vida como ela é

Talita Braga e Andréia Quaresma discutem a maternidade em 'Mamá!'

Zula Cia. de Teatro apresenta novo espetáculo na área do teatro documental

Carolina Braga
- Foto: Guto Muniz /Divulgação
Investigar os pontos de encontro entre ficção e realidade sempre foi objeto de pesquisa da Zula Cia. de Teatro. Em Mamá!, novo espetáculo do grupo, as atrizes Talita Braga e Andréia Quaresma intensificaram a experimentação na área do teatro documental.


Com direção de Grace Passô e dramaturgia de Assis Benevenuto, Mamá! traz visão menos glamorizada sobre maternidade. A ideia da peça surgiu em 2013 e foram feitas cerca de 150 entrevistas com mulheres de diferentes classes sociais. Além disso, a dupla abriu campanha na internet para que as mães contassem suas experiências.

“Diferentemente do que se prega por aí, vimos que a maternidade é a experiência individual de cada mulher. Não tem como enquadrar isso”, diz Talita Braga. Mamá! desconstrói a visão idealizada e santificada da figura materna. Na peça, a mulher assume o primeiro plano.

“Abordamos como ela se coloca e enfrenta as dificuldades quando se vê no lugar de mãe e também o que ocorre quando escolhe não ter filhos”, explica a atriz.

Para Talita, foi curioso como certos temas dessa discussão começaram a emergir simultaneamente. O debate proposto pela peça é muito semelhante ao mote do documentário Olmo e a gaivota, das diretoras Petra Costa e Lea Glob. “De lugares diferentes, estamos falando sobre a mesma coisa”, afirma ela. O filme narra as transformações que a gravidez promoveu no corpo e na mente da italiana Olivia Corsini, atriz do grupo francês Theatre du Soleil.

Segundo Talita, tanto a direção de Grace Passô quanto o texto de Assis Benevenuto reforçam o aspecto documental da peça em cartaz em BH. As intérpretes são narradoras de histórias alheias, das próprias histórias e também de fragmentos ficcionais. O limite entre o real e o ficcional é sempre tênue.

“Apesar de todo o movimento feminista, ainda falta muito para a mulher encontrar um lugar. É urgente encarar a maternidade de forma mais humana e menos idealizada”, conclui a atriz.

ROSAS
A Zula Cia. de Teatro foi criada em Belo Horizonte em 2010. A cena curta As rosas no jardim de Zula, posteriormente transformada em espetáculo, marcou o início de sua trajetória. A peça parte das vivências de integrantes da companhia para a contar a história real de Rosângela, mulher que abandonou o marido e os filhos e foi viver nas ruas durante dois anos.

MAMÁ!
Com Zula Cia. de Teatro. Direção: Grace Passô. Em cartaz até 6 de dezembro.
Sexta-feira e sábado, às 20h; domingo, às 19h. Funarte MG, Rua Januária, 68, Centro, (31) 3213-3084. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). A apresentação de hoje terá tradução em Libras.

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