Na poesia de Jovino, a síntese chama a atenção. Cada poema reflete a intensidade de um arco-íris bruto, cada poema é quase um relâmpago. Também chama a atenção uma alegria que não deixa de iluminar cada pequena pérola. O autor propõe, indica modos e jeitos para leituras. Segundo ele, seus quase haikais devem ser lidos, de preferência, ouvindo Brahms. “A vida não presta/ quando eu adoro/ e você detesta”; “a vida não presta/ quando eu subo Bahia/ e você desce Floresta” – registra.
As coisas ditas pequenas também guardam grandes mistérios.
Jovino, com ou sem espadas, desarmado de amores, saiu por aí pela vida, percebendo breus e broncas, conturbado de levezas: “Eu colhendo cataventos/ costurando girassóis/ frequentando necrotérios /gargalhando em cemitérios/ estourando conspirações/ adulterando constelações/ fotografando assobios/protagonizando cataclismos”.
O mineiro é daqueles poetas que escrevem com cuidado e rigor, muito embora os textos pareçam simples numa primeira leitura. Trazem a alegria indispensável, que faz com que cada poema tenha o estatuto de um arroio, que só faz crescer em direção a sabe-se lá o quê. Assim, Jovino dialoga, aceita afetos e desafetos e sabe da importância dos pequenos e dos grandes acontecimentos.
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