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Polêmica

Neruda pode ter sido assassinado, diz biógrafo em livro sobre o poeta

O texto confirma a versão de um ex-motorista do poeta, segundo a qual seu chefe teria sido assassinado com uma injeção

AFP

Poeta teria sido morto por agentes da ditadura - Foto: STF

Uma auxiliar da clínica onde o Prêmio Nobel chileno Pablo Neruda foi atendido garante que o poeta morreu horas depois de ter recebido uma injeção - relata o jornalista espanhol Mario Amorós, no livro Neruda: El príncipe de los poetas.


O texto confirma a versão de um ex-motorista de Neruda, segundo a qual seu chefe teria sido assassinado com uma injeção. Neruda: El príncipe de los poetas contém declarações de testemunhas das horas que antecederam a morte do poeta. Ele faleceu 12 dias depois da instauração da ditadura de Augusto Pinochet, em 11 de setembro de 1973. Essas declarações confirmariam a versão - hoje sob investigação da Justiça chilena - de que Neruda pode ter sido envenenado.

 

"Cito o depoimento de uma funcionária auxiliar da clínica Santa María (onde Neruda morreu), que disse ter atendido o poeta: 'Durante a noite, deram uma injeção no senhor Pablo e ele morreu'", relatou Amorós em uma entrevista coletiva com jornalistas estrangeiros, nesta terça, em Santiago. A versão reforça a acusação feita em 2011 pelo ex-motorista e assistente de Neruda, Manuel Araya, à revista mexicana Proceso.

 

Nessa entrevista, Araya denunciou que seu chefe foi envenenado por agentes da ditadura para impedir a viagem do poeta comunista ao México. De lá, Pablo Neruda pretendia liderar a oposição ao novo regime.

A versão oficial em vigor até hoje é que Neruda faleceu em consequência do agravamento de um câncer. Desde 2011, a Justiça chilena investiga as causas da morte do poeta. Seus restos mortais foram exumados e submetidos a várias perícias. Em uma das últimas análises, descobriu-se a presença da bactéria infecciosa "estafilococo dourado", que pode ter sido inoculada por agentes do regime, mas também pode ter-se contagiado nas diversas manipulações feitas até agora pelos legistas.

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