Se há uma mulher que entende de quadrinhos é a norte-americana Gail Simone. Uma das quadrinistas mais influentes do meio, ela divide sua carreira entre o mainstream (na DC Comis, foi roteirista da Mulher Maravilha e Batgirl e atualmente trabalha em Secret six, sobre um grupo de supervilões) e trabalhos mais independentes. Em 1999, foi uma das responsáveis pelo site Women in refrigerators (Mulheres em refrigeradores), que denunciava o assassinato e estupro de mulheres nos quadrinhos única e exclusivamente para criar momentos de impacto para os protagonistas masculinos. Convidada do FIQ, ela participa de sessão de autógrafos nesta sexta, a partir das 18h, na Serraria Souza Pinto. Na entrevista concebida ao EM, Gail fala da atuação das mulheres no universo das HQs.
Ainda hoje há uma separação entre as histórias em quadrinhos produzidas por homens e por mulheres?
Acho que sim, mas menos a cada ano. Quando comecei, uma década atrás, quase não havia mulheres escrevendo no mercado editorial mainstream. Havia sim um monte de livros maravilhosos independentes. Na época, os editores erroneamente consideravam que as meninas não queriam ler Batman ou Homem de Ferro. Então, eles realmente fizeram muito pouco esforço para atrair as mulheres, ou para atrair quadrinistas do sexo feminino. Isso é errado, sempre foi errado, mas agora é impensável. As mulheres participam, em grande número, de convenções em todo o mundo, às vezes até mais do que os homens. Eu participei da primeira convenção de história em quadrinhos na China continental, e o público era 75% formado por mulheres jovens. E elas adoram super-heróis, adoram Walking Dead. E mais e mais mulheres estão decidindo que querem fazer história em quadrinhos. Isso me deixa muito feliz, pois estava sozinha por muito tempo.
Como foi a evolução das heroínas dos quadrinhos nos últimos anos?
Houve quadrinhos que caracterizaram mulheres de maneira excelente e que foram escritos por homens. Mas também é bom ter mulheres escrevendo sobre mulheres para levar sua própria experiência de vida real para essas histórias. Assim, vemos histórias como Ms. Marvel, sobre uma super-heroína muçulmana (escrita por G. Willow Wilson) ou Capitã Marvel (escrita por Kelly Sue Deconnick).
O que está faltando para as cartunistas tenham o mesmo reconhecimento dos homens?
Realmente não penso dessa maneira. Quero contar histórias, não estou preocupada com ofensas. Me oferecem muito mais oportunidades de trabalho do que posso aceitar, viajo o mundo inteiro encontrando leitores e comecei a trabalhar com os melhores artistas da minha área. Então não tenho absolutamente nada a reclamar. O que tento lutar é contra a percepção de que eu, e algumas outros criadoras, de alguma forma somos exceções. Há um monte de mulheres talentosas por aí que querem fazer quadrinhos, e eu quero lutar contra a ideia de que é estranho que elas queiram fazer isso.
Você roteiriza HQs bem conhecidas, como Mulher Maravilha e Batgirl. De que maneira você sente que o seu trabalho mudou a direção destes personagens?
Quando trabalho com personagens queridos, meu objetivo não é o de me impor a eles, fazer com que tenham a minha opinião. Tenho muito respeito por eles para fazer isso. O que tento é levar algum humor, sensualidade, emoção. Quero que as pessoas pensem neles como humanos. A maioria dos grandes personagens femininas foi escrita quase que exclusivamente por homens. Os caras fizeram os personagens quase perfeitos demais. Heroísmo, para mim, também significa superar nossas falhas, então eu tento mostrar que os personagens cometem erros, apanham e encontram uma maneira de se levantar novamente.
Ainda hoje há uma separação entre as histórias em quadrinhos produzidas por homens e por mulheres?
Acho que sim, mas menos a cada ano. Quando comecei, uma década atrás, quase não havia mulheres escrevendo no mercado editorial mainstream. Havia sim um monte de livros maravilhosos independentes. Na época, os editores erroneamente consideravam que as meninas não queriam ler Batman ou Homem de Ferro. Então, eles realmente fizeram muito pouco esforço para atrair as mulheres, ou para atrair quadrinistas do sexo feminino. Isso é errado, sempre foi errado, mas agora é impensável. As mulheres participam, em grande número, de convenções em todo o mundo, às vezes até mais do que os homens. Eu participei da primeira convenção de história em quadrinhos na China continental, e o público era 75% formado por mulheres jovens. E elas adoram super-heróis, adoram Walking Dead. E mais e mais mulheres estão decidindo que querem fazer história em quadrinhos. Isso me deixa muito feliz, pois estava sozinha por muito tempo.
Como foi a evolução das heroínas dos quadrinhos nos últimos anos?
Houve quadrinhos que caracterizaram mulheres de maneira excelente e que foram escritos por homens. Mas também é bom ter mulheres escrevendo sobre mulheres para levar sua própria experiência de vida real para essas histórias. Assim, vemos histórias como Ms. Marvel, sobre uma super-heroína muçulmana (escrita por G. Willow Wilson) ou Capitã Marvel (escrita por Kelly Sue Deconnick).
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Realmente não penso dessa maneira. Quero contar histórias, não estou preocupada com ofensas. Me oferecem muito mais oportunidades de trabalho do que posso aceitar, viajo o mundo inteiro encontrando leitores e comecei a trabalhar com os melhores artistas da minha área. Então não tenho absolutamente nada a reclamar. O que tento lutar é contra a percepção de que eu, e algumas outros criadoras, de alguma forma somos exceções. Há um monte de mulheres talentosas por aí que querem fazer quadrinhos, e eu quero lutar contra a ideia de que é estranho que elas queiram fazer isso.
Você roteiriza HQs bem conhecidas, como Mulher Maravilha e Batgirl. De que maneira você sente que o seu trabalho mudou a direção destes personagens?
Quando trabalho com personagens queridos, meu objetivo não é o de me impor a eles, fazer com que tenham a minha opinião. Tenho muito respeito por eles para fazer isso. O que tento é levar algum humor, sensualidade, emoção. Quero que as pessoas pensem neles como humanos. A maioria dos grandes personagens femininas foi escrita quase que exclusivamente por homens. Os caras fizeram os personagens quase perfeitos demais. Heroísmo, para mim, também significa superar nossas falhas, então eu tento mostrar que os personagens cometem erros, apanham e encontram uma maneira de se levantar novamente.