Ainda hoje há uma separação entre as histórias em quadrinhos produzidas por homens e por mulheres?
Acho que sim, mas menos a cada ano. Quando comecei, uma década atrás, quase não havia mulheres escrevendo no mercado editorial mainstream. Havia sim um monte de livros maravilhosos independentes. Na época, os editores erroneamente consideravam que as meninas não queriam ler Batman ou Homem de Ferro.
Como foi a evolução das heroínas dos quadrinhos nos últimos anos?
Houve quadrinhos que caracterizaram mulheres de maneira excelente e que foram escritos por homens. Mas também é bom ter mulheres escrevendo sobre mulheres para levar sua própria experiência de vida real para essas histórias. Assim, vemos histórias como Ms. Marvel, sobre uma super-heroína muçulmana (escrita por G. Willow Wilson) ou Capitã Marvel (escrita por Kelly Sue Deconnick).
O que está faltando para as cartunistas tenham o mesmo reconhecimento dos homens?
Realmente não penso dessa maneira. Quero contar histórias, não estou preocupada com ofensas. Me oferecem muito mais oportunidades de trabalho do que posso aceitar, viajo o mundo inteiro encontrando leitores e comecei a trabalhar com os melhores artistas da minha área.
Você roteiriza HQs bem conhecidas, como Mulher Maravilha e Batgirl. De que maneira você sente que o seu trabalho mudou a direção destes personagens?
Quando trabalho com personagens queridos, meu objetivo não é o de me impor a eles, fazer com que tenham a minha opinião. Tenho muito respeito por eles para fazer isso. O que tento é levar algum humor, sensualidade, emoção. Quero que as pessoas pensem neles como humanos. A maioria dos grandes personagens femininas foi escrita quase que exclusivamente por homens. Os caras fizeram os personagens quase perfeitos demais. Heroísmo, para mim, também significa superar nossas falhas, então eu tento mostrar que os personagens cometem erros, apanham e encontram uma maneira de se levantar novamente..