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Mediador da mesa de debates, o artista plástico Marco Túlio Resende abriu a noite com o texto Diverso/Adverso, escrito por ele há quatro anos para uma exposição de jovens talentos. Diverso remete à pluralidade, ampliada pelo impacto da internet, das novas mídias e da globalização sobre a arte. “O mundo deixou de ser centrado. Não tem um foco como tinha no século passado: uma hora era Paris, outra Nova York, de onde emanavam as ideias. Hoje, tem arte bacana feita em qualquer cafundó do mundo”, afirmou. Adverso, traduz a perda de valores, o esvaziamento e a frivolidade a que a globalização nos levou.
“É muito importante não esquecer de ter um lado crítico sobre qualquer coisa que a gente crie”, ressaltou Marco Túlio. Arte não se resume a objetos ou à produção de peças para contemplação, adverte. “Picasso dizia: ‘Arte são armas de guerra’. Ou seja, nós temos que lutar para modificar as coisas.” Citando Da Vinci – “Arte é cosa mentale” –, ele reforçou: “Não se trata de contribuição para enfeitar parede ou para te dar status. Não é essa a questão da arte”.
ALMA
Tadeu Bandeira, diretor do Centro de Arte Popular Cemig, ponderou que arte não é fruto de técnicas desenvolvidas nas escolas, por melhores que sejam essas instituições ou o aprendizado do artista. “Obra de arte tem alma própria, passa emoção. Ao contemplá-la, o espectador se envolve com uma série de sentimentos: alegria, tristeza, angústia”, explicou.
A decoradora e arquiteta Patrícia Hermanny ressaltou que a emoção é elemento fundamental de uma obra de arte. “Procuro obras de qualidade para os clientes, mas elas têm que despertar a emoção. A pessoa tem que ficar feliz com aquele trabalho”, disse, contando que peças assinadas por Gabriela Machado, Edgar Walter e Daniel Bilac ocupam lugar de destaque em seus projetos.
SENTIDO
A historiadora Letícia Julião lembrou que, há dois séculos, não caberia discutir o tema do seminário – “Como discernir uma obra de arte?” –, mas essa indagação se tornou muito pertinente atualmente. “Se ela faz sentido hoje é porque, de alguma forma, tem correspondência com as condições de produção da arte na contemporaneidade.”
Letícia ressaltou que a arte assegura a comunicação entre o mundo visível e a dimensão transcendental, além de situar o homem na sociedade. “Estamos rodeados por utilidades, mas isso não nos basta. Precisamos ir além”, enfatizou.
Até o século 19, a transcendência artística se referia a algo fora do mundo. A partir do século 20, ela passou a ser construída no cotidiano. “Qualquer coisa banal da nossa vida útil pode, potencialmente, tornar-se matéria da poesia e da pintura. Os limites entre a realidade concreta e o transcendente se tornaram fluidos, assim como os próprios limites da arte”, explicou a historiadora. Exemplos disso são A fonte, a famosa obra de Marcel Duchamp que remete ao urinol, e O quarto vermelho, de Cildo Meireles, exposto no Instituto Inhotim.
Nesse contexto, o design também pode ser arte. “Design cria cultura. Cultura forma os valores e os valores determinam o futuro”, defendeu o designer Gustavo Greco, citando as ideias do canadense Robert L. Peters. Gustavo falou à plateia sobre a transformação do design ao longo da história, abordando também características próprias da produção brasileira, como a multiculturalidade.