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A diferença entre As piores invenções... e outros volumes cômicos ou bizarros de “informação” geral é a dedicação ao que o autor considera o pior, além de sua pretensão de apontar culpados. Sem pausas, lado a lado, estão o carro (e os motores), o zepelim, a fiscalização do trânsito, o spam, a heroína, o sistema financeiro, a guerra biológica, o refrigerante, o petróleo e as perucas. Todos julgados pelo doutor em sociologia pela South Bank University de Londres a partir de “falhas” (a palavra é dele): projetos que nunca saíram do papel; ideias que não funcionam na prática; empreendimentos que mataram seus inventores; fracassos comerciais; invenções usadas para fins perversos; e ideias que se transformaram em sucesso surgido de um fracasso. Critérios absolutamente aleatórios e descontextualizados, sob os quais se pode colocar absolutamente tudo. E é exatamente isso o que Eric Chaline faz com seus textos superficiais e pretensamente engraçados – no fundo, só abobrinhas.
De fato, temos aqui um show de falsa cultura, reunindo “informações” (de fato, curiosidades) descontextualizadas, tratando toda a história do planeta como mera pré-história do mundo contemporâneo. Tudo exibindo ares acadêmicos de informação exata, acima de qualquer suspeita. O volume traz, ao final, a bibliografia de onde vieram os dados.
Um mérito (até involuntário) esse livro de Chaline tem: pontua o lado sujo, ilegal, sabidamente prejudicial e deliberadamente escondido do público de coisas e fatos apresentados no dia a dia, via publicidade e marketing, como racionais, práticos e até milagrosos.
AS PIORES INVENÇÕES DA HISTÓRIA
E os culpados por elas
De Eric Chaline
Editora Sextante
256 páginas, R$ 49,90