As obras do núcleo histórico, que têm início no neoconcretismo brasileiro, a partir dos anos 1950, vêm sendo adquiridas desde 2009. Nem todas estão expostas – o recorte da mostra vai ficar em cartaz pelos próximos dois anos. “A gente tem que pensar que ver essa exposição e depois os pavilhões permanentes é uma coisa muito forte”, afirma o curador de Inhotim, Rodrigo Moura. “Essa mostra tem um caráter de estudo mesmo, tanto que todas as salas (são, ao todo, cinco) têm textos e publicações.”
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A série de Cildo não esteve presente nas mostras do Itaú e do Palácio das Artes. Já obras vistas na itinerância ganharam uma montagem diferente. Entre elas, está Deluxe Photo Book, 1971–73, de Chris Burden. Nas versões anteriores, a reprodução das imagens que registram duas dezenas de performances do artista norte-americano morto em maio eram manipulada pelo próprio público. Agora, estão expostas na parede, acompanhadas do livro original (que não havia sido visto até então), que fica no centro da sala.
Para o público belo-horizontino que não foi ao Palácio das Artes, Inhotim, cujo acervo atual conta com 800 obras, ainda traz registros caros para a arte. Uma das salas revela a documentação de duas ações realizadas na manifestação Do corpo à arte, organizada pelo crítico Frederico Morais em 1970. São portfólios completos (com fotos e vídeos) das performances realizadas por Arthur Barrio e Décio Noviello na Região Central de BH. “São exposições efêmeras que estavam sendo experimentadas pela primeira vez aqui”, lembra Moura.
Responsabilidades Além dessa exposição, Inhotim inaugura hoje, no chamado Galpão, a obra I am not me, the horse is not mine (2008), do sul-africano William Kentridge. Videoinstalação também de grande dimensão (são oito projeções simultâneas), nasceu durante uma versão que o artista produziu para a ópera O nariz, do russo Dmitri Shostakovich, obra esta inspirada no conto homônimo de Nikolai Gogol. Traduzindo para o português, o título quer dizer: “Eu não sou eu, o cavalo não é meu”, expressão russa para negar responsabilidade.
“O conto de Gogol é do final do século 19; a ópera, do início do século 20. Basicamente, o que o artista fez foi pesquisar a história russa, como a revolução de 1917. A recepção da ópera foi controvertida, pois ela chegou num momento em que toda a euforia das ideias vanguardistas da revolução estava se degradando por causa do regime stalinista”, explica Moura. Kentridge mistura essas referências com as suas próprias, usando a animação em stop-motion como ferramenta para a narrativa.
A obra do sul-africano vem ocupar o espaço que nos últimos seis anos recebeu The murder of crows (2008), instalação de Janet Cardiff e George Bures Miller. Prevista para durar apenas dois anos, ela triplicou o tempo devido à recepção do público. Algo semelhante ocorreu com outra obra sonora de Janet: Forty part motet, criada a partir da composição do século 16 de Thomas Tallis, que seria exposta temporariamente. A boa aceitação do público fez com que se tornasse permanente.
EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS DE INHOTIM
Rua B, 20, Brumadinho. Inauguração hoje, no Galpão e na Galeria Fonte. Horário de visitação: das 9h30 às 16h30. Às 15h, show com a banda Bixiga 70. Ingressos a R$ 25 (terça e quinta) e R$ 40 (sexta a domingo e feriados); às quartas-feiras, a entrada é franca. Informações: (31) 3194-7300.
MÚSICA
Para marcar a abertura das duas mostras, haverá show hoje, às 15h, da banda Bixiga 70. A apresentação integra a programação do Inhotim em Cena, que vem reunindo, desde setembro, nomes importantes da música. No sábado e no domingo, Zélia Duncan e Jacques Morelenbaum interpretam o repertório de Milton Nascimento, com ingressos a R$ 80. Dias 10 e 11, haverá homenagem a Fernando Brant, com Toninho Horta, Tavinho Moura e Beto Guedes, entre outros, também com ingressos a R$ 80. E nos dias 17 e 18 será a vez de Maria Bethânia, e aí os ingressos custam R$ 200.