Muito mais do que beleza e expressividade, as imagens que fazem parte da mostra Mundo, imagem, mundo têm toda uma pesquisa e um conceito por trás. A exposição internacional, que ocupa, de amanhã a 29 de novembro, três espaços da capital mineira – a Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard no Palácio das Artes, a CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais e o Espaço CentoeQuatro –, é um dos principais destaques da segunda edição do Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte (FIF-BH), que vai só até o dia 9.
Diversidade
“Acho que o principal foi que, mesmo em um momento de crise, conseguimos dar continuidade a esse projeto, sem contar que ele cresceu e amadureceu”, celebra a artista e professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Patrícia Azevedo. Ela e o crítico, ensaísta, membro-diretor da Associação Cultural VideoBrasil e professor da PUC Minas Eduardo de Jesus são os responsáveis pela curadoria da exposição Mundo, imagem, mundo e da convocatória Moving Images.
“Ampliamos na questão do diálogo com o vídeo, que é algo muito relevante”, continua Patrícia Azevedo. “Temos essa iniciativa importante que é o FIF Universidade, uma ação voltada para a produção de conhecimento acadêmico sobre o universo da imagem e que busca promover a reflexão sobre a produção imagética, suas influências no mundo e a forma como impactam as relações humanas. A gente está muito feliz com o resultado mesmo antes de ele começar.”
Entre mais de 1.450 inscrições, de 48 países, a mostra selecionou 200 obras de 36 artistas, de 19 nacionalidades. Apesar de reunir trabalhos de lugares bem distantes, como Laos, Myanmar, Coreia do Sul, Moçambique e China, um dos coordenadores do festival, Bruno Vilela, destaca que algumas situações retratadas são bem próximas do Brasil. “A gente vai ter uma visão bem geral da produção imagética do mundo”, garante. “Apesar de serem projetos bem diversos, há temas recorrentes, como a questão territorial, as relações humanas, a globalização, a identidade.”
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Uma das artistas selecionadas é a moçambicana Camila Maissune de Sousa, que faz doutorado em arte e cultura visual na Universidade Federal de Goiás (UFG). Ela apresenta o trabalho 3x4 – Serie III, resultado de uma imersão fotográfica realizada entre agosto de 2010 e outubro de 2011 em duas prisões femininas de seu país: a cadeia civil de Maputo, uma cadeia preventiva e mista; e o Centro de Reclusão Feminino de Ndlhavela.
A fotógrafa conta que ao longo de um ano conviveu com mulheres de nacionalidades, idades e classes sociais diversas, mas cujas histórias se conectavam por episódios de violência física e social, de separação, expiação e reconciliação. “Era muito interessante, porque elas posavam de um jeito performático. As fotos foram feitas nas camas em que elas dormiam e embaixo delas elas guardavam seus objetos pessoais, como panelas, roupas, sapatos, maquiagem. As presas escolhiam como queriam ser vistas; criou-se um espaço de sonho e não mais uma identidade criminal”, conta Camila.
DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
O FIF 2015 conta com outras quatro linhas de ação voltadas para o estímulo do pensamento crítico e reflexões sobre a produção de imagens. A programação é gratuita, com exceção das oficinas e da maratona fotográfica. Confira as principais atrações:
. Lançamento
Livro Espaços compartilhados da imagem – Caderno de reflexões críticas sobre a fotografia: dia 8, às 18h, no Café do CentoeQuatro. Publicado pela Editora Circuito, o livro será distribuído gratuitamente.
. FIF Universidade
Ação voltada para produção de conhecimento acadêmico sobre o universo da imagem e que busca promover a reflexão sobre a produção imagética, suas influências no mundo e a forma como impactam as relações humanas. Realizada em parceria com o programa de pós-graduação da Escola de Belas Artes da UFMG, essa atividade reunirá 20 pesquisadores. Os cinco painéis de debate serão realizados entre os dias 5 e 9, sempre às 15h, no Café do CentoeQuatro.
. Palestras
. Conversa com o Artista
Entre os dias 4 e 9, os artistas Arnau Blach, Ellen Jacob, Dellani Lima, Guilherme Maranhão e Cao Guimarães vão participar de um descontraído bate-papo com o público no Café do Cento e Quatro.
. Atividades educativas
As ações educativas têm duas frentes: produção de material de apoio para professores, a ser usado em sala de aula; e visitas à exposição Mundo, imagem, mundo mediadas pela equipe do programa educativo em artes visuais da Fundação Clóvis Salgado. Agendamento de visitas pelo telefone (31) 3236-7471 ou pelo e-mail educativo.artesvisuais @fcs.mg.gov.br.
. Maratona fotográfica
Ao longo de uma semana, 21 fotógrafos iniciantes vão receber orientação de uma equipe de profissionais para produzir um ensaio autoral. Ao final do processo, as imagens geradas pelos participantes da maratona serão organizadas em séries e editadas para uma publicação digital, que será lançada ainda durante o festival.
. Oficinas
Entre os dias 5 e 10, serão realizadas no CentoeQuatro quatro oficinas com Guilherme Maranhão, Gabriel Furtado, Brigida Campbell, João Perdigão e Luiz Navarro. Os interessados podem se inscrever até hoje pelo site www.fif.art.br. Custo: R$ 330.
Mundo, imagem, mundo
CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais (Av. Afonso Pena, 737, Centro)
Abertura: 1º de outubro, às 19h
Visitação: de 2 de outubro a 29 de novembro; de terça a sábado, das 9h30 às 21h
Palácio das Artes – Galeria Alberto da Veiga Guignard (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro)
Abertura: 2 de outubro, às 19h
Visitação: de 3 de outubro a 29 de novembro; de terça a sábado, das 9h30 às 21h, domingo, das 16h às 21h
CentoeQuatro (Praça Ruy Barbosa, 104, Centro)
Abertura: 3 de outubro, às 19h
Visitação: de 4 de outubro a 8 de novembro; segunda, das 12h às 17h; de terça a sexta-feira, das 12h às 22h; sábado e domingo, das 16h às 22h
Informações: www.fif.art.br