“Esse retorno e essa troca são muito bacanas”, comemora o professor de geografia Leandro Damasceno, que em 2012 criou no Facebook a comunidade Fotos antigas de Belo Horizonte. “As pessoas se identificam ou identificam conhecidos, tentam descobrir juntas que lugar é esse ou aquele, já que a cidade mudou muito ao longo das décadas. Apesar de eu colocar crédito em todas as fotografias, acontece de uma ou outra não ter e aí, quando posto, alguém avisa que aquela foto é sua. Isso é bem legal também.”
RICO ACERVO Na leva da comunidade de Leandro foram surgindo outras nas redes sociais, como a do geógrafo Alessandro Borsagli, a Curral del Rey.com. Na verdade, seu trabalho vem desde 2009, quando, por conta da profissão, percebeu que tinha um vasto material sobre o desenvolvimento da cidade. “Eu vi que não existia praticamente nada que retratasse o passado de BH e aí criei um site e um blog destinados a promover a discussão e a reflexão sobre seu processo de desenvolvimento urbano, desde o Arraial do Curral del Rey até os dias atuais, e que fosse ricamente ilustrado com imagens antigas e atuais da urbe mineira”, explica.
Desde o começo, Alessandro ficou impressionado com a repercussão, diz que já teve fotos com mais de 100 mil visualizações. Por isso, pelo menos no Facebook, faz questão de postar diariamente algumas das 12 mil imagens de seu acervo. Como em outras comunidades, muitas foram garimpadas em blogs, sites, arquivos de instituições, de revistas e jornais, como o próprio Estado de Minas, e são de autoria de nomes importantes da fotografia mineira, como Gines Gea Ribera, Igino Bonfioli, Wilson Baptista e José Góes, entre outros. “As mais complicadas de conseguir estão com os colecionadores e eles não cedem de jeito ne-nhum. Sou louco para ter uma fotografia de pessoas nadando no Arrudas, mas é muito difícil”, anseia o geógrafo, que vai lançar em breve o livro 'Rios invisíveis da metrópole mineira'.
Alessandro Borsagli lamenta as grandes mudanças que BH enfrentou ao longo dos anos, apesar de saber que é um processo irreversível, mas acredita que tudo poderia ter sido de outra maneira. “O processo de desenvolvimento urbano foi feroz, e a gente vê isso pelas fotos. Ele é baseado na questão da especulação imobiliária, em decisões infelizes do poder público. A meu ver, a capital cresceu de forma equivocada, e isso prejudicou sobretudo a qualidade de vida. Nas fotos até a década de 1960, por exemplo, vemos tantos elementos naturais, como os rios, uma grande arborização, e infelizmente isso se perdeu”, desabafa.
Já na comunidade criada pelo designer gráfico Oades Farley, a BH antigamente, o diferencial é comparar um mesmo lugar em épocas dife-rentes. De acordo com ele, os registros que fazem mais sucesso são os da Praça Sete, do Viaduto de Santa Tereza e da Afonso Pena. “Os internautas adoram conferir o que mudou num determinado local, o que foi mantido. Os anos 1930 e 1940 também são bem comentados e revelam imagens belíssimas. Pena que BH não preservou muita coisa desse período”, lamenta.
PRIMEIROS ANOS
No geral, os criadores das páginas asseguram que a capital mineira tem realmente muitos registros de sua história, mesmo na época quando ainda era um arraial. No entanto, dos primeiros anos como cidade há pouquíssimos retratos. “A comissão construtora da nova capital tirou muitas fotos antes de destruí-lo e muitas até de qualidade. Porém, o início de BH tem muito pouco e eu, particularmente, queria muito ter. Mesmo com essa lacuna, é possível fazer sim um passeio pela história da nossa cidade por meio da fotografia”, destaca o professor Leandro Damasceno.
PÁGINAS NO FACE
» Fotos antigas BH
» Curral del Rey
» BH antigamente
SITES E BLOGS
» www.curraldelrey.com
» www.curraldelrei.blogspot.com.br
» www.duniverso.com.br/fotos-da-antiga-belo-horizonte-de-volta-ao-passado
» bhnostalgia.blogspot.com.br