Centro cultural abre exposição mas confirma que fechará as portas

A Casa Daros, que se dedica à arte latino-americana contemporânea no Rio de Janeiro, inaugura mostra de autores cubanos

por Helvécio Carlos 13/09/2015 11:21

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Fotos: Helvécio Carlos/EM/D. A Press
El embargo, de Tonel, aborda a controversa relação entre Cuba e EUA (foto: Fotos: Helvécio Carlos/EM/D. A Press)

O clima de festa que marcou, no início da semana, mais uma coletiva de lançamento de nova exposição na Casa Daros, em Botafogo, no Rio de Janeiro, esvaiu-se rapidamente com a confirmação do fechamento de um dos espaços de mais importantes da cultura carioca. “Estamos seguindo orientação estratégica de não operar mais em um centro cultural físico”, resumiu o diretor da instituição, Dominik Casanova.

Segundo ele, já existem quatro propostas sendo avaliadas para a venda do espaço. No entanto, nenhuma delas foi divulgada, assim como o valor mínimo apresentado pelos interessados. “Queremos que o caráter cultural do espaço seja mantido”, resumiu Casanova, sem dar detalhes. Para ele, enquanto o martelo não bater, tudo o que for dito em relação ao futuro do casarão neoclássico do século 19 é pura especulação.

A Casa Daros foi inaugurada em 2013, depois de uma reforma que consumiu cerca de R$ 60 milhões e sete anos de trabalho. O imóvel, que ocupa uma área de 12 mil metros quadrados, foi projetado pelo arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva e adquirido por R$ 23 milhões. “O preço de venda não vai cobrir o valor já investido”, ponderou o diretor do centro cultural voltado para mostras de arte contemporânea latino-americana. O acervo da bilionária Ruth Schmidheiney, proprietária do imóvel, fica em Zurique, na Suíça.

Granada de mano, obra de Los Carpinteros, coletivo fundado em 1992, em Havana (E) - Una sombrilla, de Los Carpinteiros, explora a escala e o material de objeto cotidiano (D)

O fechamento da Casa Daros pegou de surpresa até mesmo os curadores do centro cultural. Antes da seleção das obras para a mostra Cuba ficción y fantasía, outra seleção estava engatilhada. A decisão fez com que a mostra fosse alterada, para aproveitar a última chance de trazer obras do acervo da Daros Latino-mericana. A curadoria, então, manteve o nome, mas incluiu trabalhos de artistas cubanos importantes, como Belkis Ayon, os irmãos Ivan e Yoan Capote, Los Carpinteiros e Tonel. “Temos uma faceta muito importante da produção cubana dos últimos 35 anos. Essas obras são significativas na coleção”, afirmou Hans-Michael Herzog, curador da Daros Latino-americana.

Um dos trabalhos, El bloqueo, de Tonel, é a referência mais forte na relação política de Cuba e Estados Unidos. A obra revela não apenas a inquietação do artista, como também uma parte da Casa Daros, que até então nunca havia sido aberta ao público e, ao contrário do prédio, não passou por reformas. Para Herzog, com a aproximação entre os dois países, a produção artistica também será afetada. “Cuba vai perdendendo a ideia do isolamento. Cuba é uma ilha de contradições.” No total, estarão expostas 140 obras de 15 artistas que poderão ser visitadas até 13 de dezembro, de quarta a sábado, das 11h às 19h, domingos e feriados, das 11h às 18h.

O repórter viajou a convite da Casa Daros

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