A escritora gaúcha Lya Luft, de 76 anos, completou meio século de carreira. Avessa a homenagens, ela nunca se importou com efemérides. Na verdade, o início de sua trajetória ocorreu em 1964, com o lançamento de Canções de limiar, pequeno livro de poemas. “Pois é, foi no ano passado, mas não dei bola e ninguém deu. Não sou ligada a formalidades”, revela, aos risos. Mas como nunca é tarde para comemorar, Lya será a autora homenageada no 4º Festival Literário de Araxá (Fliaraxá), que vai de quarta-feira a domingo. Cerca de 60 autores passarão pela cidade mineira.
Um dos eventos literários mais importantes do estado, o festival chama a atenção do país. Com entrada franca, programou debates, oficinas, palestras, lançamentos, exposição fotográfica, concurso literário e apresentações teatrais. “O evento já está consolidado. Se pudesse, nem colocaria o nome de festival, mas de seminário, curso, palestra ou até de universidade do livro. São quatro dias e, de hora em hora, você tem a oportunidade de estar diante de pessoas que admira, grandes pensadores, figuras com histórias sensacionais. Mais do que festa, o Fliaraxá é uma possibilidade de aprendizado, uma experiência ímpar”, afirma o curador Afonso Borges.
Outro destaque da edição deste ano é Mauricio de Sousa, que completa 80 anos em outubro. Além de fazer palestra, o cartunista e criador da Turma da Mônica vai participar de sessão de autógrafos para a criançada.
PORTUGAL A integração com Portugal e a língua portuguesa é um dos motes do festival. Por isso, estará em Araxá um dos principais biógrafos de Fernando Pessoa, o pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho. Entre os convidados estrangeiros estão o português Gonçalo Tavares, com livros traduzidos em vários países, que ministrará oficina, e o jornalista, tradutor e escritor argentino Leopoldo Brizuela, autor de Uma mesma noite. Ele vai dividir mesa de debates com o brasileiro Bernardo Carvalho, que escreveu Nove noites.
A lista de convidados inclui Marçal Aquino, Fernando Bonassi, Santiago Nazarian, Xico Sá, Carlos de Brito e Mello, Sérgio Abranches, Francisco Azevedo, Mary del Priore, Frei Betto, Marina Colasanti e Luiz Ruffato, encarregado de ministrar oficina de microcontos. Sem contar as badaladas autoras da literatura juvenil brasileira: Paula Pimenta, Thalita Rebouças, Bruna Vieira e Babi Dewet.
DA TERRA O festival não se esqueceu de sua sede. Aproveitando os 150 anos de Araxá, celebrados em 2015, e os 50 da Academia Araxaense de Letras, a terra de Dona Beja será contemplada com lançamento de livros de autores locais e rodas de conversa com os araxaenses Leila Ferreira, Dirceu Ferreira, Canarinho e Odone.
“A adesão da população é um aspecto muito positivo. Não adianta fazer festival só turístico, ele tem de atingir o local onde é realizado. Desde o começo, Araxá nos recebeu muito bem”, diz Afonso Borges. Em 2016, o homenageado será o escritor Milton Hatoum.
A parceria da literatura com o teatro é outro destaque. Serão apresentadas as peças Mineiramente (Ponto de Partida), A máquina de fazer espanhóis (de Cláudio Dias, fundador da Cia. Luna Lunera), A alma imoral (com Clarice Niskier) e Armatrux – a banda.
Três perguntas para
Lya Luft, Escritora
Que balanço você faz de seus 50 anos de carreira? Quais são os planos para o resto do ano?
Muito trabalho, muito prazer, muita sorte, muitas alegrias. É este o balanço. Sai em setembro um livro dando minha visão do momento confuso e preocupante do Brasil: Paisagem brasileira, pela Editora Record. É quase uma crônica alongada. De resto, meu plano é ficar quieta em Porto Alegre ou em Gramado, aqui no Rio Grande do Sul, onde temos uma casa, escrevendo quando tiver alguma ideia, pintando, lendo, curtindo os amigos, a família e o marido.
Você se dedica a vários gêneros: poesia, romance, crônica, ensaio, tradução e literatura infantil. Qual deles te dá mais prazer?
Muitos escritores giram entre vários gêneros. Clarice, por exemplo, escreveu ficção e crônica, entre outras coisas. Para mim, é apenas natural: escrevo o que me dá vontade na hora. Não sou nada complicada. Mas, no fundo, acho que sou mesmo é ficcionista. Até nas minhas telas, porque também pinto, sei que conto histórias.
Você vai participar de mesa com Miriam Leitão e Marina Colasanti sobre a aventura de escrever para crianças. Qual é o maior desafio de lançar livros para esse público?
Acho que vou te decepcionar, mas não encaro como desafio e nem me custou qualquer esforço fazer livros para criança. Foi apenas botar no papel histórias que inventava para as minhas netas. E me diverti imensamente.
4º FLIARAXÁ
De quarta-feira a domingo, na Fundação Cultural Calmon Barreto, em Araxá. Programação completa: www.fliaraxa.com.br
Com cerca de 30 livros publicados, a premiada autora vai falar sobre sua obra em um momento especial, no sábado, em mesa que terá a participação da amiga Nélida Piñon, ex-presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL). Lya também vai entregar o Prêmio Fliaraxá Literatura nas Escolas aos vencedores do concurso de redação voltado para jovens de 7 a 18 anos.
Um dos eventos literários mais importantes do estado, o festival chama a atenção do país. Com entrada franca, programou debates, oficinas, palestras, lançamentos, exposição fotográfica, concurso literário e apresentações teatrais. “O evento já está consolidado. Se pudesse, nem colocaria o nome de festival, mas de seminário, curso, palestra ou até de universidade do livro. São quatro dias e, de hora em hora, você tem a oportunidade de estar diante de pessoas que admira, grandes pensadores, figuras com histórias sensacionais. Mais do que festa, o Fliaraxá é uma possibilidade de aprendizado, uma experiência ímpar”, afirma o curador Afonso Borges.
Outro destaque da edição deste ano é Mauricio de Sousa, que completa 80 anos em outubro. Além de fazer palestra, o cartunista e criador da Turma da Mônica vai participar de sessão de autógrafos para a criançada.
PORTUGAL A integração com Portugal e a língua portuguesa é um dos motes do festival. Por isso, estará em Araxá um dos principais biógrafos de Fernando Pessoa, o pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho. Entre os convidados estrangeiros estão o português Gonçalo Tavares, com livros traduzidos em vários países, que ministrará oficina, e o jornalista, tradutor e escritor argentino Leopoldo Brizuela, autor de Uma mesma noite. Ele vai dividir mesa de debates com o brasileiro Bernardo Carvalho, que escreveu Nove noites.
A lista de convidados inclui Marçal Aquino, Fernando Bonassi, Santiago Nazarian, Xico Sá, Carlos de Brito e Mello, Sérgio Abranches, Francisco Azevedo, Mary del Priore, Frei Betto, Marina Colasanti e Luiz Ruffato, encarregado de ministrar oficina de microcontos. Sem contar as badaladas autoras da literatura juvenil brasileira: Paula Pimenta, Thalita Rebouças, Bruna Vieira e Babi Dewet.
DA TERRA O festival não se esqueceu de sua sede. Aproveitando os 150 anos de Araxá, celebrados em 2015, e os 50 da Academia Araxaense de Letras, a terra de Dona Beja será contemplada com lançamento de livros de autores locais e rodas de conversa com os araxaenses Leila Ferreira, Dirceu Ferreira, Canarinho e Odone.
“A adesão da população é um aspecto muito positivo. Não adianta fazer festival só turístico, ele tem de atingir o local onde é realizado. Desde o começo, Araxá nos recebeu muito bem”, diz Afonso Borges. Em 2016, o homenageado será o escritor Milton Hatoum.
A parceria da literatura com o teatro é outro destaque. Serão apresentadas as peças Mineiramente (Ponto de Partida), A máquina de fazer espanhóis (de Cláudio Dias, fundador da Cia. Luna Lunera), A alma imoral (com Clarice Niskier) e Armatrux – a banda.
Três perguntas para
Lya Luft, Escritora
Que balanço você faz de seus 50 anos de carreira? Quais são os planos para o resto do ano?
Muito trabalho, muito prazer, muita sorte, muitas alegrias. É este o balanço. Sai em setembro um livro dando minha visão do momento confuso e preocupante do Brasil: Paisagem brasileira, pela Editora Record. É quase uma crônica alongada. De resto, meu plano é ficar quieta em Porto Alegre ou em Gramado, aqui no Rio Grande do Sul, onde temos uma casa, escrevendo quando tiver alguma ideia, pintando, lendo, curtindo os amigos, a família e o marido.
Você se dedica a vários gêneros: poesia, romance, crônica, ensaio, tradução e literatura infantil. Qual deles te dá mais prazer?
Muitos escritores giram entre vários gêneros. Clarice, por exemplo, escreveu ficção e crônica, entre outras coisas. Para mim, é apenas natural: escrevo o que me dá vontade na hora. Não sou nada complicada. Mas, no fundo, acho que sou mesmo é ficcionista. Até nas minhas telas, porque também pinto, sei que conto histórias.
Você vai participar de mesa com Miriam Leitão e Marina Colasanti sobre a aventura de escrever para crianças. Qual é o maior desafio de lançar livros para esse público?
Acho que vou te decepcionar, mas não encaro como desafio e nem me custou qualquer esforço fazer livros para criança. Foi apenas botar no papel histórias que inventava para as minhas netas. E me diverti imensamente.
4º FLIARAXÁ
De quarta-feira a domingo, na Fundação Cultural Calmon Barreto, em Araxá. Programação completa: www.fliaraxa.com.br