São 26 contos com visão nada animadora a respeito do ser humano. Daí o título 'Como caçar pássaros empalhados' (Letramento/Quixote), livro que David Paiva lança hoje à noite, em BH. “As coisas me parecem sempre rodeadas de certa falsidade, assim como o olhar do pássaro empalhado. Aliás, essa é a coisa mais belamente falsa que conheço, a mais parecida com a vida, apesar de ser algo morto. De certa forma, o Brasil é assim”, afirma o autor, de 68 anos, natural de Araxá e radicado na capital mineira desde adolescente.

“O cotidiano está presente neste livro, mas o que mais me desperta a curiosidade é descobrir o que há por trás das atitudes e gestos das pessoas, o que leva alguém ao desencanto, a fazer uma atrocidade. O último conto, mais longo, é sobre a renúncia de alguém bem-sucedido que, inexplicavelmente, abre mão de tudo. Isso me intriga, bem como a sociedade que está aí”, resume.

Durante anos, Paiva trabalhou como redator publicitário. Entretanto, as habilidades que desenvolveu no ofício não parecem ter contribuído tanto para seu ingresso na literatura. “Também fiz propagandas e campanhas políticas. Sempre tive a expectativa de entrar em outras possibilidades de escrita. Só consegui quando me libertei da publicidade”, revela. O novo trabalho sucede Memórias dos abitantes de Paris (sem h mesmo), lançado em 2013, que traz memórias de juventude de David. Ele é pai do jornalista Fred Melo Paiva, colunista do Estado de Minas e apresentador da série 'O infiltrado.

COMO CAÇAR PÁSSAROS EMPALHADOS
Lançamento do livro de David Paiva. Nesta quinta-feira, às 19h. Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 574, Savassi). Informações: (31) 3227-3077.