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"Eu tinha um descontentamento em como a biografia trata os gêneros populares. Assumi como tarefa minha. Tinha a preocupação de ficar atento aos artistas e levá-los a sério, para além da chacota ou menosprezo geral, como se eles fossem manipulados pela indústria cultural. Na música sertaneja, a indústria fonográfica morreu e eles continuam", explica Gustavo Alonso.
Ele ressalta que a primeira geração dos universitários, surgida em 2005, começou a carreira sem o apoio de gravadoras, com discos independentes e atentos às possibilidades de expansão propiciadas pela internet. Fruto do doutorado de Gustavo, o livro é uma das mais generosas contribuições à consagração histórica do sertanejo na literatura. De mudança marcada para o Recife em agosto, para assumir o cargo de professor da Universidade Federal de Pernambuco, ele adianta que haverá lançamento na cidade.
As mais de 500 páginas buscam desvendar o cenário musical, estético e político no qual as canções caipiras surgiram e incorporaram gêneros estrangeiros, elementos urbanos, instrumentos do rock e temáticas românticas, até se tornar hit mundial, com a versão de Ai se eu te pego, cantada por Michel Teló.
Nas prateleiras, 'Cowboys do asfalto' divide espaço com 'Bem sertanejo: A história da música que conquistou o Brasil' (Planeta, R$ 37), resultado de série de entrevistas feitas por Michel Teló e pelo jornalista André Piunti, e 'De caipira a universitário: A história do sucesso da música sertaneja' (Planeta, R$ 35), do pesquisador de música popular Edvan Antunes, publicado em 2012.
Os principais marcos históricos do sertanejo são pontuados, mas o destaque do livro se deve ao paralelo estabelecido com a evolução da música brasileira - como a absorção da guitarra elétrica, as ligações com a ditadura militar e a era Collor - e às barreiras impostas pela "elite intelectual" em aceitar a popularização do gênero, massivo e rentável.
Alonso escancara o preconceito, o romantismo provocado pela nostalgia e a dificuldade em assimilar o novo. Associada ao personagem Jeca Tatu em tom de ridicularização, a música caipira foi incorporada pela MPB na década de 1960 e exaltada por nomes como Geraldo Vandré, enquanto o modernismo do sertanejo assumia o posto de alvo das críticas.
Traídos pela - quase irresistível - valorização do passado, Zezé di Camargo & Luciano chegaram a tachar os próprios seguidores (e fãs) de "repetentes", mas já assumiram elogios aos novatos - Sérgio Reis, Leonardo e Chitãozinho & Xororó também. Eles próprios, 20 anos antes, foram acusados de deturpar a música caipira, assim como Tonico e Tinoco, hoje exaltados como baluartes da tradição, eram os vilões do pureza interiorana na década de 1945, quando importaram as guarânias paraguaias. Fica, então, para as próximas gerações o compromisso de conceder - ou não - um espacinho no panteão dos agraciados com o permissivo título de música de raiz.