“A fotografia é também um gesto. A decisão de documentar, de fazer relato com imagens de uma experiência, de representar o real de forma subjetiva, de contar uma história são gestos”, afirma Mariano Klautal. Isso, afirma o curador, faz parte da história da fotografia desde que ela surgiu. Klautal, que é também pesquisador, assina a curadoria da mostra Gestos, relatos, escritas e autoficções, que será aberta nesta quarta-feira, 29, na CâmeraSete – Casa de Fotografia de Minas Gerais. Trata-se de uma coletiva com trabalhos de artistas de várias gerações – todos eles trabalham com conjuntos de imagens.
Nas imagens reunidas na exposição, aponta o curador, estão o relato de situações que misturam os mais diversos tons narrativos. André Penteado, por exemplo, mostra um conjunto de fotos de objetos que pertenceram a pessoas já mortas, num trabalho emocional, mas com imagens que remetem ao documental. Ionaldo Rodrigues, por sua vez, faz relato de restos de construções ou de reformas, mas que, pelo modo como são vistos, dão a dimensão do afeto do fotógrafo por uma cidade que está se apagando. “Podem-se ver as obras como uma visão da realidade, mas também como uma maneira de contar uma história de forma intimista”, diz Klautal.
DIÁLOGO
“A fotografia não é documentação nem é predominantemente ficção, ela se alimenta desses campos o tempo todo”, acrescenta Klautal. O título da exposição, diz ele, elenca palavras de modo que uma amplie o sentido da outra. Segundo o curador, há em todas as obras o balanço entre tons, referências, pontos de vistas etc. Como diálogo (“um encontro”) com várias ciências (antropologia, arqueologia, sociologia etc.), aspecto, observa, que também sempre esteve historicamente relacionado à fotografia. “O artista que atua hoje começa a perceber que a arte é um processo de conhecimento e não se isola da pesquisa objetiva sobre o mundo”, argumenta.
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Ele diz que tem sido prazeroso nessa atividade observar nos trabalhos a relação entre arte e ciência, o documental se tornando mais subjetivo, “o artista mais jovem com a mesma vontade de experimentar de quem já tem carreira estabelecida”, a expansão de suportes (o uso da foto e de vídeos juntos). “São artistas que estão fazendo trabalhos que podem ser olhados de várias maneiras a partir dos mais diversos campos do conhecimento.”
A mostra Gestos, relatos, escritas e autoficções reserva uma mesa para trabalhos que usam o livro como suporte. Serão mostrados volumes de todos os tipos: produção industrial, tiragens limitadas, protótipos etc.
Gestos, relatos, escritas e autoficções
Exposição de fotos, vídeos e livros, com curadoria de Mariano Klautal. Obras de Amanda Amaral (SP), Cyro Almeida (MG), Ionaldo Rodrigues (PA), José Diniz (RJ), Luiz Braga (PA), Mateus Sá (PE), Milla Jung (PR), Octavio Cardoso (PA), Raquel Diniz (SP), Yukie Hori (SP), André Penteado (SP), Edu Monteiro (RJ), Letícia Lampert (RS), Walda Marques (PA), Fernanda Grigolin (SP), Ivan Padovani (SP), Gouveia Santos (SP). Abertura hoje, na CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais, Av. Afonso Pena, 737, Centro, (31) 3236-7400. De terça a sábado, das 9h30 às 21h. Até 12 de setembro.