Seja na roda de samba, forró, show de rock ou em cafés, botecos e restaurantes, há sempre alguém desfrutando tranquilamente da própria companhia. Cafeterias, livrarias e cinemas são o paraíso de quem não faz questão de estar sempre acompanhado.
Divertir-se sozinha é um ritual. “Sento, fico degustando um vinho ou tomando cerveja e lendo enquanto o almoço não vem”, diz. Se está com vontade, Ellen Sandim pega o livro – fiel escudeiro – e vai para a noite. Na semana passada, lá estava ela no Stadt Jever, um dos pubs mais tradicionais de BH.
LIVRE Para o designer Rafael Henrique Magalhães, sair sozinho é sinônimo de liberdade. “Como a agenda é sua, você consegue fazer muita coisa e gastar pouco”, garante. No domingo à tarde, enquanto casais namoravam na Praça do Papa, crianças soltavam pipa e amigos faziam piquenique, ele estava tranquilão, deitado no gramado. Sozinho, sem livro ou fones de ouvido.
“Geralmente, saio sem saber o que vou fazer e no caminho vou decidindo. Saio sozinho por opção”, ressalta Rafael. Ele gosta de experimentar lugares diferentes, mas não abre mão de uma sessão no Cine Humberto Mauro (dentro do Palácio das Artes) ou no Sesc Palladium. Outro programa infalível: show ou feira em espaços públicos. “Tem coisas a que consigo ir acompanhado”, revela.
Em Belo Horizonte a trabalho, a curitibana Chaiane Viante é outra adepta do bloco do eu sozinho. “Gosto muito de cafeteria e filme. Tenho o hábito de sempre pegar um cinema sozinha. É o meu momento, aquela hora em que você está refletindo e avaliando as coisas”, acredita. Para ela, um papo depois da sessão pode ser interessante, mas não primordial. “Sou eu e a tela”, resume.
Atualmente, Chaiane mora no Rio de Janeiro. Como boa parte de seus amigos é do Paraná, foi na Cidade Maravilhosa que ela aprendeu a se divertir sem companhia. “Como não ia ficar trancada em casa, comecei a sair. Criei esse hábito. Tive coragem por estar sozinha”, revela.
Livres, leves e soltos
Independência é o que atrai a estudante Bárbara Egídio, de 23 anos. “Prefiro infinitamente ir a qualquer festa, show e afins sozinha do que com amigos. Você não precisa ficar enturmada o tempo todo. Se é um rolê muito cheio, na hora de comprar alguma coisa ou de ir ao banheiro há a chance de se perder dos conhecidos”, afirma ela.
Passar o tempo nos balcões do Café Nice ou do Café Palhares e passear pelo Mercado Central, no Centro, é um hobby para o publicitário Pedro Rezende, de 55. “Faço todos esses passeios com calma, não tem aquela correria de você estar com alguém. É tudo no meu tempo. Experimento, observo, e quando vejo já estou ali há horas”, conta. “O Centro é o melhor lugar para ir sozinho, lá você conhece BH”, garante Pedro.
Confira as opções para sair sozinho na cidade:
>> A OBRA
Você pode até não gostar de auê, mas A Obra é opção infalível para quem quer se jogar na balada e está sem companhia. Além do som que rola no “inferninho”, a porta da Rua Rio Grande do Norte, 1.168 virou ponto de encontro na Savassi. As festas para solteiros promovidas lá são famosas. A casa funciona de quarta-feira a sábado e nas vésperas de feriado, a partir das 22h. O preço da entrada varia.
>> BAIXO CENTRO CULTURAL
De quinta-feira a sábado, a Rua Aarão Reis, no Centro, fica movimentada nas proximidades do número 554. Shows e festas de rock, reggae ou hip-hop movimentam o espaço. O preço de entrada é R$ 15. Hoje à noite, tem show do rapper Rico Dalasam.
Combinação de livraria e bar, é acolhedor para quem deseja almoçar ou jantar. Aos domingos há programação jazzística. A unidade instalada no Centro Cultural Banco do Brasil é perfeita para o programa casado com exposições e peças em cartaz no teatro. Funciona de segunda a quinta-feira, das 12h à meia-noite; sexta-feira e sábado, das 12h à 1h; e domingo, das
17h às 23h. A unidade Savassi fica na Rua Antônio de Albuquerque, 781. Informações: (31) 3225-9973.
>> CAFÉ NICE
Há 75 anos funciona na Avenida Afonso Pena, em plena Praça Sete. Com poucas cadeiras e balcão que se alonga pelo pequeno corredor, oferece pão de queijo e cafezinho que ficaram famosos.
>> CAFÉ PALHARES
Aberto em 1938, é um patrimônio de Belo Horizonte. Com apenas 18 lugares, o balcão já recebeu os políticos Juscelino Kubitschek e Magalhães Pinto e o compositor Rômulo Paes. Fica na Rua Tupinambás, 638, Centro. Funciona de segunda-feira a sábado, a partir das 7h. Serve o kaol, um dos clássicos da gastronomia
de boteco de Minas Gerais.
>> DUB
Na varanda do Edifício Arcângelo Maletta ou no balcão,
o bar é sempre uma opção para quem gosta de drinques e sanduíches elaborados. O point dos jovens fica na
Rua da Bahia, 1.148, sobreloja 5, Centro. Abre de terça-feira a sábado, a partir das 18h.
>> STADT JEVER
A casa alemã funciona na Avenida do Contorno, 5.771,
no Bairro Funcionários. Oferece um balcão para aqueles que querem desgustar cervejas e petiscos alemães.
Abre diariamente, a partir das 18h.
>> UTÓPICA
As noites de domingo são dedicadas ao forró. Além de point para a paquera, é o paraíso de quem gosta de sair sozinho e se divertir. Reza a lenda: os “avulsos” dançam mais. A atração desta semana é a banda Coisa de Zé.
A casa abre às 19h e os shows começam às 22h.
Fica na Avenida Raja Gabáglia, 4.700, Santa Lúcia,
(31) 3296-2868. Ingresso: R$ 20.