Silviano Santiago aborda a memória em debate com neurolinguista

Escritor participa hoje em BH de mesa redonda sobre o tema com Jociane Myskiw

por Walter Sebastião 01/07/2015 00:13

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César Tropia/Divulgação
(foto: César Tropia/Divulgação)
As relações entre cultura científica, as humanidades e as artes são tema de debate hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A neurolinguista Jociane Myskiw e o escritor Silviano Santiago discutirão sobre Memória e Criatividade. O encontro faz parte do projeto Arte & Ciência, que prevê um debate por mês, sempre às 19h30, até dezembro. A entrada é gratuita mediante apresentação de senha que deve ser retirada uma hora antes do inicio do debate.

Santiago lembra que a arte tende a trabalhar o tema da memória no sentido psicanalítico, enquanto a ciência se vale da psicologia comportamental. Para explicar a diferença entre as duas abordagens, cita que, em filmes de gângster, “matar é quase instinto”, é comportamental. “Não se pensa em outras emoções, como raiva, amor, ciúmes etc, temas que estão em páginas maravilhosas de Proust ou de Carlos Drummond de Andrade, que trabalham a memória recuperando experiências sensíveis”, compara.

O escritor classifica a memória como uma questão fundamental para a arte e a cultura. Por vários motivos. “Tudo que é produto da escrita envolve a memória, já que é por meio dela que se aprende a escrever”, diz. “Depois, o ser humano tem curiosidade maior sobre o passado do que pelo futuro. Não sei se conseguiríamos viver só no presente”, especula, defendendo que arte e ciência não sejam pensadas como coisas antagônicas.

Tema comum à arte e à ciência, aponta, é a luta contra o desinteresse em renovar o mundo (“o conservadorismo é isso”). Mas, como “todo momento é momento de formular novas hipóteses de compreender o mundo”, está posto a ambas um desafio: “criar educação que faça a divulgação correta das ideias, aprimorando o intelecto do cidadão desde a infância”. E, para tanto, “já que queremos construir uma sociedade democrática, diálogo é essencial com horizontes amplos de inclusão”.

PERFIL  Silviano Santiago tem 78 anos, nasceu em Formiga (MG), vive e trabalha no Rio de Janeiro. Ele é formado pela UFMG. A opção pela carreira de escritor veio após desistir de fazer cinema (“O que era impossível na Belo Horizonte do início dos anos 1960”). “Querendo uma carreira artística, fui fazer Letras”, recorda. “Devo todo meu conhecimento a Jacques do Prado Brandão, poeta e grande leitor, que foi me emprestando os livros dele. E se tornou meu mentor, alguém que, para mim, foi mais importante que todos os meus professores”, conta.

Santiago  é autor, entre outros, de Entrelugar do discurso da América Latina, que influenciou toda uma geração  de estudiosos de literatura. “Como fui professor, orientei meia centena de mestrandos e doutonrados, então, tive relação forte com muita gente que se preocupa com a leitura como algo além de entretenimento, o que é sempre bom.”

Memória e Criatividade
Debate com a neurolinguista Jociane Myskiw e o escritor Silviano Santiago. Hoje, das 19h30 às 21h30. Auditório do Centro Cultural Banco do Brasil, Praça da Liberdade, 450, Funcionários (31) 3431-9400. Entrada gratuita mediante senha, distribuída uma hora antes do início do debate.

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