Gabriel Bá pega um desenho e comenta pausamente diante da turma lotada da oficina 'O quadrinista que pensa', atração da programação da Fli-BH. Fábio Moon, o irmão gêmeo, complementa. No momento seguinte eles invertem os papéis. Parecem ser um só. “A gente tem prática. Sabemos muito bem como é o nosso trabalho, como se comunicar em uma oficina como essa então a gente não dá muito espaço para as pessoas ficarem divagando muito”, diz Gabriel.
Aproveitar o tempo é ponto chave para eles. “Se ficar muito tempo discutindo a morte do Batman, vai sair como entrou”, continua Bá. Os irmãos conhecem bem do riscado. Comentam fragilidade dos roteiros, desenvolvimento das histórias assim como detalhes dos desenhos. Recomendações são frequentes. “Vocês tem que pensar que muitas vezes vão desenhar histórias que saíram da cabeça de outra pessoa”, ensinou Fábio.
Os gêmeos participaram da conferência de abertura da Fli-BH. O convidado principal era o escritor amazonense Milton Hatoum de quem a dupla adaptou para a linguagem dos quadrinhos o livro Dois irmãos. Eles reconhecem que não foi um processo fácil e muito menos rápido. Quatro anos de um trabalho detalhista.
Essa é a segunda adaptação na qual trabalham. A primeira foi de O Alienista, clássico de Machado de Assis. “A gente só faz se acharmos que dá uma boa história em quadrinhos. Eu tinha lido Dois irmãos, sabia que ia ser um difícil adaptar mas não sabíamos se estávamos afim”, conta Fábio Moon. “Mas eram desafios que achamos que valeriam a pena porque a história era muito boa”, acrescenta Bá.
Durante a criação os desenhistas estiveram em contato com o autor mas nem tanto. Nos dois primeiros anos, dedicados ao desenvolvimento do roteiro, foram conhecer Manaus e Hatoum deu dicas de locais para visitar. Na etapa seguinte, quando os personagens já tinham cara, também se encontraram.
“Foi para ver se ele gostava e disse que tinha uma outra imagem da mãe. Foi muito importante pra gente”, diz Gabriel. Além da liberdade total na adaptação, segundo Fábio Moon, não houve qualquer ansiedade ou pressão do escritor. “Como ele faz um livro a cada dez anos, sabe como é isso”, brinca Moon.
Entre as tantas dicas distribuídas ao longo de toda a oficina os irmãos quadrinistas reforçaram a importância do artista construir a sua própria bagagem cultural. Ler muitos livros, sejam eles bons ou ruins, faz parte do processo.
“Toda boa adaptação contribui para a leitura. Porque ela tem que funcionar independente do original. Então o leitor tem que sair satisfeito dali. Se gostar, talvez vá atrás do romance inicial. Então os leitores podem ir para o caminho inverso”, comenta Gabriel.
QUEM SÃO
Fábio Moon e Gabriel Bá são da linha de frente do quadrinho nacional. Eles foram os primeiros brasileiros a ganhar o Prêmio Eisner, a mais importante condecoração da área com o livro 'Daytriper' (2011). A projeção na carreira veio com o fanzine '10 pãezinhos', que teve mais de 40 edições.
Aproveitar o tempo é ponto chave para eles. “Se ficar muito tempo discutindo a morte do Batman, vai sair como entrou”, continua Bá. Os irmãos conhecem bem do riscado. Comentam fragilidade dos roteiros, desenvolvimento das histórias assim como detalhes dos desenhos. Recomendações são frequentes. “Vocês tem que pensar que muitas vezes vão desenhar histórias que saíram da cabeça de outra pessoa”, ensinou Fábio.
Os gêmeos participaram da conferência de abertura da Fli-BH. O convidado principal era o escritor amazonense Milton Hatoum de quem a dupla adaptou para a linguagem dos quadrinhos o livro Dois irmãos. Eles reconhecem que não foi um processo fácil e muito menos rápido. Quatro anos de um trabalho detalhista.
Essa é a segunda adaptação na qual trabalham. A primeira foi de O Alienista, clássico de Machado de Assis. “A gente só faz se acharmos que dá uma boa história em quadrinhos. Eu tinha lido Dois irmãos, sabia que ia ser um difícil adaptar mas não sabíamos se estávamos afim”, conta Fábio Moon. “Mas eram desafios que achamos que valeriam a pena porque a história era muito boa”, acrescenta Bá.
saiba mais
-
A quarta chance de Marc Lawrence como diretor
-
Peças nordestinas ficam em cartaz na capital neste fim de semana
-
Rapper paulista Projota se apresenta nesta sexta no Music Hall
-
Royal Opera House de Londres defende cena de estupro vaiada pela plateia
-
Moradores contam história da cultura em regiões ''fora do centro'' de BH
-
Artista baiano se veste com roupas de ferro para se proteger de agressões sociais
-
Após 20 anos fora, escultor Ascânio MMM volta a BH para inaugurar galeria
-
Ferreira Gullar abre hoje em Belo Horizonte exposição de trabalhos em colagem
-
Vaza novo single em inglês de Claudia Leitte, ouça
“Foi para ver se ele gostava e disse que tinha uma outra imagem da mãe. Foi muito importante pra gente”, diz Gabriel. Além da liberdade total na adaptação, segundo Fábio Moon, não houve qualquer ansiedade ou pressão do escritor. “Como ele faz um livro a cada dez anos, sabe como é isso”, brinca Moon.
Entre as tantas dicas distribuídas ao longo de toda a oficina os irmãos quadrinistas reforçaram a importância do artista construir a sua própria bagagem cultural. Ler muitos livros, sejam eles bons ou ruins, faz parte do processo.
“Toda boa adaptação contribui para a leitura. Porque ela tem que funcionar independente do original. Então o leitor tem que sair satisfeito dali. Se gostar, talvez vá atrás do romance inicial. Então os leitores podem ir para o caminho inverso”, comenta Gabriel.
QUEM SÃO
Fábio Moon e Gabriel Bá são da linha de frente do quadrinho nacional. Eles foram os primeiros brasileiros a ganhar o Prêmio Eisner, a mais importante condecoração da área com o livro 'Daytriper' (2011). A projeção na carreira veio com o fanzine '10 pãezinhos', que teve mais de 40 edições.