Biógrafo premiado e processado, Fernando Morais considerou a decisão do Supremo Tribunal Federal, de não exigir autorização prévia de biografados ou de seus herdeiros, uma "vitória da luz contra a treva, da civilização contra a barbárie". "Não é uma vitória dos autores ou dos editores, mas sim da sociedade, que recupera seu direito de saber de sua própria história", comentou. Morais disse ainda que não se trata apenas de uma vitória das biografias, mas de toda a produção de não ficção.
Para Mário Magalhães, biógrafo de Carlos Marighella, a decisão do STF constitui "uma derrota da censura e um triunfo da democracia" e "ameniza os constrangimentos que fazem com que candidatos a biógrafo pensem um milhão de vezes antes de encarar uma biografia". Ele completa: "A decisão representa um pequeno passo para os biógrafos e um grande salto para a sociedade brasileira. A goleada de votos no STF é o 7 a 1 da censura e do obscurantismo".
saiba mais
-
Biografias não autorizadas são liberadas pelo Supremo Tribunal Federal
-
Ministro Marco Aurélio defende publicação de biografias não autorizadas
-
Pai de Amy Winehouse é vilão em cinebiografia da cantora
-
Biografia revela um Freddie Mercury reservado, inseguro e cruel
-
Discos ganham 'biografia' em forma de livro
-
Após lançar carreira solo, ex-guitarrista do The Smiths anuncia biografia
-
Decreto que regulamenta gestão de direitos autorais é assinado
-
Biógrafo processado por Roberto Carlos vai lançar novo livro sobre o cantor
-
Aos 70 anos, Ivan Lins terá luta contra ditadura retratada em biografia
-
'Brechas' podem levar à retirada de biografias, avaliam especialistas
-
Com biografias liberadas pelo STF, autor recebe 5 propostas sobre Geraldo Vandré
-
Novos rounds judiciais aguardam Roberto Carlos e o biógrafo Paulo Cesar de Araújo
-
Filho de Cássia Eller emociona plateia no Rio de Janeiro
Roberto Feith, vice-presidente da Associação Nacional dos Editores de Livros, responsável pela Ação Direta de Inconstitucionalidade, votada ontem, comemorou o resultado emocionado.
"Não imaginávamos, há três anos, que esse julgamento ganharia o tamanho que ganhou. Sou muito grato por ver que o debate chegou à sociedade e que, agora, ganhamos", disse, em Brasília. Feith acredita que o mercado editorial vai viver um momento de publicação efervescente de biografias.
Ruy Castro, que já escreveu sobre, entre outros, Garrincha, Nelson Rodrigues e Carmen Miranda, também falou sobre o futuro. "Espero que façam logo as biografias do Chico, do Caetano, do Gil, mas biografias para valer, e não os panegíricos que saíram até hoje. Serei o primeiro a comprar." Há cerca de dois anos, os músicos se posicionaram contra obras não autorizadas.
O biógrafo de Roberto Carlos, Paulo Cesar de Araújo, assistiu da plateia a toda a votação. Ao final, disse ao Estado que estava aliviado. "Agora vou parar para respirar e refletir sobre o que poderia ser uma próxima biografia", disse. Kakay, advogado do cantor, comentou que se sentia atendido pela votação, mesmo com a liberação irrestrita das biografias. Eles disseram que as violações à intimidade serão passíveis de julgamento. Era o que queríamos desde o início."