Teatro Oi Futuro Klauss Vianna vai continuar funcionando no prédio do TJMG

Acordo envolveu artistas, Executivo, Judiciário e Legislativo

por Carolina Braga 11/06/2015 09:32

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Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Espaço destinado ao teatro, à música e ao cinema, o TeatroOi Futuro Klauss Vianna não será fechado no final do mês (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
“É um primeiro passo, mas não podemos descansar. Nosso lema é resiliência e resistência”, afirmou a bailarina Regina Amaral, líder do movimento Viva Klauss, ao comentar a decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) de manter o Teatro Oi Futuro Klauss Vianna em funcionamento em seu prédio, na Avenida Afonso Pena. Como Juliana, vários artistas foram ontem à Assembleia Legislativa, onde o secretário de estado da Cultura, Angelo Oswaldo, anunciou que as atividades do espaço não serão interrompidas no dia 30.

“O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Pedro Bittencourt, tomou essa atitude e ainda vai levá-la ao pleno, formado por 120 desembargadores”, informou o secretário. Inicialmente, o Judiciário planejou construir salas de pleno no espaço onde fica o Klauss Vianna. A partir de estudos encomendados pelo TJMG, chegou-se à conclusão de que seria viável manter o teatro com acesso autônomo e construir um espaço próprio para atender à demanda da instituição.

O novo anexo, previsto para o mesmo terreno na Avenida Afonso Pena, no Bairro Mangabeiras, ainda necessita da aprovação dos desembargadores. “Vamos aliar resiliência e resistência para não deixar esse movimento cair na água. Queremos decisões definitivas. Vamos solicitar o tombamento do espaço”, anunciou Regina Amaral.

O imbróglio do Teatro Klauss Vianna se arrasta há pelo menos um ano. Em 2013, o imóvel foi declarado de utilidade pública e desapropriado em favor do TJMG. Depois disso, anunciou-se a mudança do Oi Futuro, que lá funcionava, para o Circuito Cultural da Praça da Liberdade, mas a transferência se inviabilizou devido a questões técnicas.

A iminência da demolição do teatro fez com que a classe artística, sobretudo na área da dança, se mobilizasse, promovendo manifestações e protestos. Paralelamente, foram realizadas audiências públicas na Assembleia Legislativa. “Mais uma vez, em Minas Gerais ganha o diálogo, mostrando que os poderes conversam”, afirmou o deputado Adalclever Lopes (PMDB), presidente da Assembleia. “Se não fosse a força do movimento dos artistas de BH e de Minas, nós todos estaríamos esmorecidos. Falta concluir a guerra, mas o esforço foi fundamental”, avaliou o vereador belo-horizontino Arnaldo Godoy.

“Antes tarde do que nunca. Finalmente ganhamos mais um prazo para que se faça justiça e esse fechamento seja definitivamente cancelado. O Teatro Klauss Vianna é um patrimônio da cidade e não pode ser fechado. A luta dos artistas foi fundamental, e isso deve ser ressaltado”, defendeu o fotógrafo Eugênio Sávio, coordenador do projeto Foto em pauta, realizado até ontem no espaço da Afonso Pena.

O bailarino e coreógrafo Tuca Pinheiro afirmou que sua trajetória artística é totalmente vinculada àquele palco. “Mais do que um espaço físico, o teatro representa o elo entre a pessoa e o pensamento de Klauss Vianna, com a sociedade civil e a classe artística”, disse Tuca, referindo-se ao aclamado coreógrafo mineiro, que morreu aos 64 anos, em 1992.

José Luiz Hallak, diretor de relações institucionais da Oi, garantiu a manutenção das atividades do Oi Futuro, mas ponderou que elas serão reprogramadas. A empresa espera um posicionamento definitivo do TJMG para dar continuidade a seu calendário no segundo semestre. A respeito do cancelamento da ida para o Circuito Cultural da Praça da Liberdade, Hallak informou que prosseguem as negociações com a prefeitura da capital para encontrar um espaço adequado para receber os equipamentos do centro cultural. Além do teatro, o Oi Futuro mantém dois museus.

Entenda o caso

Polêmica começou em 1983

. O antigo Teatro da Telemig, hoje Teatro Oi Futuro Klauss Vianna, foi construído como contrapartida à demolição do Cine Metrópole, no Centro de BH, em 1983. Artistas, intelectuais e a sociedade protestaram contra a venda do prédio para um banco.

. Em 2013, o imóvel onde funcionava a empresa Oi, na Avenida Afonso Pena, foi desapropriado e declarado de utilidade pública, seguindo acordo entre o governo estadual, a quem a Telemig era ligada, e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais. A empresa de telecomunicações deixou o prédio.

. Chegou a ser anunciada a transferência do Oi Futuro para o Palacete Dantas, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade, mas ela foi suspensa. O Teatro Oi Futuro Klauss Vianna, recentemente reformado, seria demolido para atender a demandas internas do tribunal. Agora, ele permanece no local. Os dois museus estão desativados.

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