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Com sua trajetória já retratada na literatura, no teatro e no cinema, Chica da Silva agora é o tema de um espetáculo de dança. “Todas nós, negras, mulatas e afrodescendentes, quando punidas, esculachadas e assassinadas, somos sempre Chica da Silva”, escreve Carmen no programa do espetáculo, lembrando que, hoje, ‘Chica’ está na luta diária, nas favelas, nas repartições públicas e privadas, em cargos de comando ou não. “Hoje nós compramos cartas de alforria, estamos sempre em situações de risco”, afirma Carmen Luz.
Para conceber o espetáculo, cujo projeto ainda prevê a realização de um documentário e de uma videoinstalação (esta na Casa de Chica da Silva, em Diamantina), a coreógrafa diz ter ido para as ruas pesquisar o gestual do dia a dia da mulher brasileira. Ela observa que, mesmo as oriundas do campo adquirem uma outra maneira de gestualizar ao se transferir para a cidade. Carmen conta que, na pesquisa, observou muito, também, a ousadia de transformistas e travestis, que, em sua opinião, têm tudo a ver com Chica da Silva.
Livros da historiadora mineira Júnia Furtado e da norte-americana Liv Sovik, radicada no Rio, também serviram de fonte para a pesquisa da coreógrafa, que vê Chica como símbolo de ousadia. “Trata-se de uma mulher que soube buscar e cuidar de sua própria liberdade. Não consigo pensar em Chica como um apêndice de João Fernandes”, diz, a respeito do contratador de diamantes que se apaixonou pela então ex-escrava.
Além da utilização de vídeos de arte, ela também faz com que 'Chica' interaja com a poesia. Em cena, sete bailarinos: cinco mulheres e dois homens, que dançam ao som de trilha sonora original de Rodrigo Brayner. O espetáculo foi contemplado com o Prêmio Afro 2014. Para Carmen Luz, a escrava é um grande fantasma, um espectro, que ela tenta ressignificar para que, em algum momento, o público se identifique e se afaste do mito. “Sempre em situação de risco, Chica da Silva soube se transformar em vida plena. Exatamente o que nós, mulheres, buscamos o tempo inteiro: a vida.” (AM).