Campanha pela reabertura da Casa da Ópera ganha adeptos na internet

Prestes a completar 245 anos, Teatro Municipal de Ouro Preto continua fechado. Administração promete iniciar obras em 10 dias

por Ailton Magioli 29/05/2015 09:30

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Marcelo Tholedo/Divulgação
O Teatro Municipal de Ouro Preto foi fechado há mais de um ano, depois que o Corpo de Bombeiros constatou risco em seu funcionamento (foto: Marcelo Tholedo/Divulgação)
A Casa da Ópera – Teatro Municipal de Ouro Preto corre o risco de comemorar seus 245 anos, no próximo dia 6 de junho, fechada.  O teatro está com as atividades suspensas há um ano e quatro meses, desde que um laudo do Corpo de Bombeiros da cidade patrimônio cultural da humanidade apontou sérios riscos de funcionamento do imóvel do século 18.
Para pressionar o poder público por uma solução do problema surgiu o movimento Abre Casa da Ópera. O ator Juliano Mendes, do grupo Residência, autor da iniciativa, contabilizava ontem de manhã 2 mil curtidas na página da campanha no Facebook.

Embora o superintendente de patrimônio e cultura da Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto, Wanderson José Rolla Gomes, tenha anunciado o início das obras dentro de 10 dias, o movimento Abre Casa da Ópera programa fazer um manifesto-festa na data de aniversário do espaço. A ideia é promover uma concentração em frente à Casa da Ópera, das 12h às 18h, com a realização de shows e oficinas, por artistas que têm confirmado presença. “Além da página no ar, a mobilização vai continuar, até que a reforma tenha início”, afirma Mendes.

Prejuízo
“Desde a ação equivocada da atual administração, que reuniu cultura e patrimônio em uma única secretaria, a cultura acabou prejudicada”, afirma o músico e vereador Chiquinho de Assis. Ex-diretor de promoção cultural (2008-2010) e ex-secretário municipal de Cultura (2010-2012), ele lembra que, além da necessidade de um calendário permanente de ações para a Casa da Ópera, a salvaguarda e a manutenção do imóvel também deveriam ser objeto de atenção permanente.

Os prejuízos são da ordem do patrimônio tombado e do patrimônio adquirido”, diz o vereador, citando que  a mesa de iluminação doada pelo Ministério da Cultura (MinC) está desligada há mais de um ano, assim como o equipamento de som do teatro. “Não adianta licitar apenas a reforma estrutural. É necessário cuidar também da logística operacional e de equipamentos do espaço.” Ele se refere à publicação recente do Pregão Sequencial (Nº 022/2015), da Superintendência de Compras da Prefeitura de Ouro Preto, visando à contratação de empresa para obras de revisão, recuperação, adaptação da rede elétrica, revisão do sistema de combate a incêndio e substituição de viga em madeira da cobertura da Casa da Ópera.

“Mais grave ainda é a ausência de uma política cultural na cidade que é patrimônio cultural da humanidade, reconhecido pela Unesco”, critica Mendes, lembrando que, antes de seu fechamento, a Casa da Ópera era considerada o mais antigo teatro das Américas em atividade contínua.

“Incompetência inominável a Casa estar fechada. Absurdo chegar a este ponto”, postou Níveo Souza, enquanto Oscar Araripe recordava que o primeiro trabalho artístico dele foi naquele espaço, em 1966, onde encenou uma adaptação do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. “É uma vergonha estar fechado”, protestou.

No manifesto-festa previsto para o próximo dia 6, confirmaram presença o grupo Residência, que Mendes lidera, e também os grupos teatrais Dois por Dois, Estandarte e Mambembe, Studio Id (dança) e o Departamento de Música (Demus) da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). O movimento Abre Casa da Ópera convida apoiadores a se deixarem fotografar segurando ou diante de um cartaz com o slogan da campanha.

O superintendente de patrimônio e cultura da Secretaria de Cultura afirma que a previsão de execução das obras, orçadas em R$ 305.934,31 e que teriam início nos próximos 10 dias, é de três meses.

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