Com a participação de 15 galerias, sendo 10 delas de Belo Horizonte, que apresentam trabalhos de mais de 300 artistas brasileiros e estrangeiros, modernos e contemporâneos, será aberta neste sábado ao público a feira ArtBh. Em sua primeira edição, o evento tem entrada franca e ocupa, até a próxima terça-feira, o segundo andar do Minascentro.
A previsão de Nilso Farias, idealizador e realizador da mostra, é que ela seja anual e, a partir de 2016, passe a receber galerias de outros países. O surgimento de uma feira de arte na cidade, na avaliação de galeristas mineiros, expressa uma vontade de expansão do mercado local e também a de ter presença mais ativa no cenário brasileiro.
“Feira de arte é uma aula para o público. São várias galerias, muitos artistas e estilos variados. Então, aprende-se muito”, afirma Maria Helena Nunes Bahmede, proprietária da Dotart Galeria de Arte, espaço que tem 36 anos de existência. “É como toda feira: entrou, olhou. Se gostar, pode comprar e, se não quiser comprar, continue o passeio.” Bahmede tem fama de ser uma das maiores vendedoras de arte da cidade, o que ela relativiza. “Minha filha, que mora em Miami, é que está ficando craque”, diz, referindo-se a Luciana Gontijo.
“O que espero é que o público venha nos prestigiar. Sair de casa para ir a uma feira de arte é um maravilhoso programa de fim de semana”, afirma Manoel Macedo, dono de espaço que leva seu nome, fundado há 34 anos. “Criar uma feira é evidência de que a cidade abraçou o mundo das artes”, acrescenta. “Belo Horizonte não é, como se pensa, uma pequena cidade. É uma cidade maravilhosa, boa de viver, que merece ter arte de todo o Brasil e de todo o mundo. Tenho muito carinho pela cidade e acho que temos de pensar grande”, argumenta o galerista. A expectativa de Macedo é que o evento forme público.
O artista carioca Daniel Feingold já esteve várias vezes em Belo Horizonte e está de volta para a ArtBh. Ele classifica as feiras de arte como “um modo rápido de ter uma visão do que os artistas estão fazendo” e diz que, embora “obviamente” lhe interesse a comercialização de sua obra, ele aprecia as feiras também pela oportunidade que oferecem de “conhecer outras pessoas, colecionadores, galeristas, o que pode significar expansão de atividades”.
A artista mineira Laís Myrrha avalia que “a feira pode ajudar no sentido de dar melhor estrutura para o sistema de arte da cidade e estimular a formação de uma rede de apoio efetivo às artes em Belo Horizonte”. Laís lembra que “uma andorinha só não faz verão” e, por isso, é preciso “criar um contexto de arte” na cidade. “A peça, o produto é só a ponta do iceberg”, observa, citando além de uma feira, a existência de instituições “mais fortes”, trienais, colóquios e seminários como parte do que seria o “contexto de arte”.
Dica é negociar preço
Como em todas as feiras, pesquisando e negociando podem-se encontrar obras dos mais diversos valores. O Estado de Minas consultou conhecedores do mercado brasileiro, que participam de feiras de arte no Brasil e no exterior, sobre a média de preços das obras num evento desse tipo. A estimativa que fizeram é que peças de artistas mais novos ou em início de carreira sejam negociadas em valores de R$ 2 mil a R$ 15 mil. Trabalhos de artistas com carreira estabelecida e reconhecimento da crítica, que têm no currículo participação em exposições importantes, variam de R$ 40 mil a R$ 100 mil, podendo alcançar valor maior, no caso de nomes expressivos dos anos 1980, por exemplo. Já obras de artistas consagrados, que abriram novos horizontes, com trajetória reconhecida como de referência, entre os quais estão nomes dos anos 1960 e 1970, são vendidas entre R$ 200 mil e R$ 500 mil. Obras acima desse valor são raras, embora as galerias costumem ter algumas delas.
As galerias participantes da ArtBh são: Dotart, Lemos de Sá, Celma Alburquerque, Manoel Macedo Arte, Quadrum, Orlando Lemos, Minas Contemporânea, Beatriz Abi-Acl, Murilo de Castro, Hilda Araújo (SP), Toulouse (RJ), Sérgio Gonçalves (RJ), Gabinete de Arte k2o (DF), PROARTE (SP), Colecionador (RJ). Todas apresentam diversos artistas. Estão no Projeto Solo, também organizado pelas galerias, obras de Fernando Lucchesi, Pedro Davi, Solange Pessoa, Amélia Toledo, Armando Queiroz, Marcos Coelho Benjamim, Mariza Trancoso e Arthur Luiz Piza.
A ArtBh vai até a próxima terça-feira, no segundo andar do Minascentro (Avenida Augusto de Lima, 785, Centro), das 14h às 22h, exceto no domingo, em que o horário de funcionamento é das 13h às 20h. A entrada é franca e a estrutura do local conta com restaurante e lanchonete. O estacionamento custa R$ 10 (a hora) e R$ 34 (diária). Entrada pela Rua Curitiba 1.264. Está programado um ponto de táxi na porta da feira.