Um historiador botânico britânico disse afirmou nesta terça-feira ter descoberto o único retrato conhecido feito em vida do mais famoso dramaturgo inglês, William Shakespeare (1564-1616) - uma tese recebida com ceticismo por alguns especialistas.
Mark Griffiths diz ter descoberto este retrato na gravura que adorna a capa da primeira edição de um famoso livro botânico do século 16, "The Herbal", um compêndio de 1.484 páginas do botânico John Gerard (1545-1612).
"Esta é a primeira vez que temos um retrato identificado como sendo de Shakespeare, feito ainda em vida. Os únicos outros dois retratos autênticos de Shakespeare são póstumos", explicou à AFP Mark Hedges, editor de revista Country Life, onde o artigo de Griffiths será publicado nesta quarta-feira.
"Este é William Shakespeare, aos 33 anos, no auge de sua carreira", acrescenta Hedge, que o descreveu como um "jovem incrivelmente belo". O físico de jovem observado na gravura contrasta com os retratos previamente conhecidos dele, onde o 'bardo' aparece mais velho.
A gravura contém quatro personagens principais nos quatro cantos, previamente identificados como sendo pessoas imaginárias, mas consideradas reais por Griffiths, graças aos padrões florais em torno deles e vários códigos e enigmas dos quais os contemporâneos de Elizabeth I eram entusiastas.
O historiador-botânico explicou à AFP que ele identificou William Shakespeare através de suas roupas poéticas, a frutilária que ele segura (flor intimamente ligada, de acordo com o pesquisador, à peça Vênus e Adônis) assim como um enigma que, uma vez decodificado, forma o nome do dramaturgo.
Os outros personagens foram identificados como o autor do livro, o célebre botânico flamengo Rembert Dodoens, e o tesoureiro da rainha, Lord Burghley.
"Sou profundamente cético. Eu não vi os argumentos com detalhes, mas Country Life certamente não é a primeira publicação a fazer esse tipo de declaração", rebateu Michael Dobson, diretor do Instituto Shakespeare na Universidade de Birmingham. Outros especialistas também expressaram ceticismo.
"Eu fiz esta descoberta pela primeira vez há cinco anos e eu sempre tentei refutá-la desde então. E uma equipe de especialistas de universidades como Oxford e Heidelberg", defende Griffiths.
"Tudo o que eu digo é baseado em provas documentais, históricas e científicas", garante, citando uma dupla especialização em botânica e literatura inglesa.
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