Várias gerações de escritores e poetas foram influenciadas por 'Alguma poesia' (1930), o livro de estreia de Carlos Drummond de Andrade. Ocupante da cadeira de nº 37 da Academia Brasileira de Letras desde o ano passado, Ferreira Gullar, de 84 anos, conta que teve reação de espanto em seu primeiro contato com o livro.
Já o poeta e escritor mineiro Affonso Romano de Sant’anna, de 78, estava no colégio, em Juiz de Fora, quando tomou conhecimento da poesia de Drummond, de quem mais tarde se tornou amigo. Nunca se esqueceu de 'Poema de sete faces', que aliás, abre 'Alguma poesia' (Quando nasci, um anjo torto/ desses que vivem na sombra disse:/ Vai, Carlos! ser gauche na vida.)
TESE “Percebi que a raiz, o modelo para a interpretação da obra drummondiana está no primeiro verso desse poema. Tanto é que em minha tese de doutorado – “Drummond, um gauche no tempo” – faço uma análise do conceito de gauche ao longo de sua obra literária”, aponta.
Em 1957, Romano de Sant’anna aproveitou suas férias do trabalho no extinto Banco do Comércio Varejista e foi até o Arquivo Público Mineiro pesquisar o início da vida literária de Drummond no 'Diário de Minas'. Lá, encontrou curiosidades sobre a geração que despontava. O escritor chegou a mandar para o poeta itabirano uma cópia do artigo que Lincoln de Sousa escrevera sobre a estreia de Drummond, considerando-o já “diferente dos demais”.
Entre as coisas que também descobriu estava o jantar em homenagem ao poeta, por ocasião do lançamento de 'Alguma poesia'. “Pena que não tenho comigo a notícia, mas lembro-me de que eram 35 pessoas. O discurso de saudação foi de Milton Campos. E depois falou o poeta como que glosando o tema que aparece no primeiro poema do primeiro livro. Drummond dizia que tinha recebido a visita de um anjo, um anjo gauche, que forneceu conselhos para o resto da vida... Lembrava ele que, aos 14 anos, pertencia ao Grêmio Dramático e Literário Arthur Azevedo e sua fala foi pautada sobre os conselhos que o anjo lhe dera. Foi uma ‘tertúlia mastigatória’ como dizia o texto”, recorda.
O compositor e cronista Fernando Brant, de 68, é outro que foi bastante influenciado pelos versos do “homem por trás dos óculos e do bigode”.
A primeira vez que teve contato com o livro de estreia de Carlos Drummond de Andrade foi aos 19 anos, quando estudava no Colégio Estadual, em Belo Horizonte. “Foi diferente de toda poesia que eu lera antes. Eu me apaixonei, fiquei deslumbrado. Li primeiro a antologia, a seleção de poemas dele, e daí eu passei a ler Bandeira, Cabral, Fernando Pessoa, Lorca. Foi um farol em minha vida”, diz.
Brant cita o 'Poema de sete faces' como o seu favorito em 'Alguma poesia'. “Foi a revelação de um gênio. Daí para a frente, ele e sua poesia foram até quase o infinito.”
“Quando li o Drummond, por volta de 1947, levei um choque com aquela maneira de expressar, porque a concepção de poesia que eu tinha era uma concepção parnasiana, um pouco romântica. Foi um impacto! E num primeiro momento minha reação foi negativa, de achar o que é isso? Que poesia é essa?. ‘Tem uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tem uma pedra’”, afirma.
Já o poeta e escritor mineiro Affonso Romano de Sant’anna, de 78, estava no colégio, em Juiz de Fora, quando tomou conhecimento da poesia de Drummond, de quem mais tarde se tornou amigo. Nunca se esqueceu de 'Poema de sete faces', que aliás, abre 'Alguma poesia' (Quando nasci, um anjo torto/ desses que vivem na sombra disse:/ Vai, Carlos! ser gauche na vida.)
TESE “Percebi que a raiz, o modelo para a interpretação da obra drummondiana está no primeiro verso desse poema. Tanto é que em minha tese de doutorado – “Drummond, um gauche no tempo” – faço uma análise do conceito de gauche ao longo de sua obra literária”, aponta.
Em 1957, Romano de Sant’anna aproveitou suas férias do trabalho no extinto Banco do Comércio Varejista e foi até o Arquivo Público Mineiro pesquisar o início da vida literária de Drummond no 'Diário de Minas'. Lá, encontrou curiosidades sobre a geração que despontava. O escritor chegou a mandar para o poeta itabirano uma cópia do artigo que Lincoln de Sousa escrevera sobre a estreia de Drummond, considerando-o já “diferente dos demais”.
Entre as coisas que também descobriu estava o jantar em homenagem ao poeta, por ocasião do lançamento de 'Alguma poesia'. “Pena que não tenho comigo a notícia, mas lembro-me de que eram 35 pessoas. O discurso de saudação foi de Milton Campos. E depois falou o poeta como que glosando o tema que aparece no primeiro poema do primeiro livro. Drummond dizia que tinha recebido a visita de um anjo, um anjo gauche, que forneceu conselhos para o resto da vida... Lembrava ele que, aos 14 anos, pertencia ao Grêmio Dramático e Literário Arthur Azevedo e sua fala foi pautada sobre os conselhos que o anjo lhe dera. Foi uma ‘tertúlia mastigatória’ como dizia o texto”, recorda.
O compositor e cronista Fernando Brant, de 68, é outro que foi bastante influenciado pelos versos do “homem por trás dos óculos e do bigode”.
A primeira vez que teve contato com o livro de estreia de Carlos Drummond de Andrade foi aos 19 anos, quando estudava no Colégio Estadual, em Belo Horizonte. “Foi diferente de toda poesia que eu lera antes. Eu me apaixonei, fiquei deslumbrado. Li primeiro a antologia, a seleção de poemas dele, e daí eu passei a ler Bandeira, Cabral, Fernando Pessoa, Lorca. Foi um farol em minha vida”, diz.
Brant cita o 'Poema de sete faces' como o seu favorito em 'Alguma poesia'. “Foi a revelação de um gênio. Daí para a frente, ele e sua poesia foram até quase o infinito.”