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O primeiro volume, Meu quintal é maior do que o mundo, é uma antologia de poemas coletados nos 18 livros que a editora pretende relançar. A seleção ficou a cargo de Martha, que queria um livro capaz de iniciar leitores novos. “O que buscamos foi não apenas suprir essa necessidade imediata, como também lançar um formato inédito que contivesse um pouco de toda sua obra: uma antologia”, explica. “Desta forma, podemos atender não apenas àqueles que já são seus leitores e fãs, mas também àqueles que ainda não conhecem bem sua obra, já que a antologia organiza e retoma cada fase da produção literária do poeta, servindo como uma espécie de iniciação à poesia dele.”
Além dos 18 livros de poesia, a Alfaguara vai reeditar os infantis Poeminha em língua de brincar e Cantigas por um passarinho à toa e um volume de prosa da coleção Para ler na escola, com poemas voltados para o ambiente escolar. O novo projeto incorpora material iconográfico inédito — como manuscritos, desenhos e cartas — e os caderninhos do poeta devem aparecer em outra edição. “Ainda estamos em fase de levantamento de material iconográfico e a ideia é fazer uma edição ‘definitiva’. Sobre edições de luxo, ainda não há projetos nesse sentido”, avisa Martha. Em Meu quintal é maior que o mundo, um fac-símile de uma carta de Antônio Houaiss lembra como as palavras do poeta podem ser lidas como um filtro contra a “arrogância, a exploração, a estupidez, a cobiça, a burrice”.
Meu quintal é maior que o mundo
De Manoel de Barros. Alfaguara, 168 páginas. R$ 16,90
» Entrevista // Martha de Barros
Os livros de Manoel de Barros costumam ser obras inteiras, completas, com grande sentido embutido. Como foi extrair trechos para montar uma antologia? Que critérios você seguiu?
Foi difícil, pois tudo que eu relia achava precioso. Seus poemas têm uma força muito grande… tive insônia, dificuldade mesmo. Mas segui minha intuição, escolhendo os trabalhos que o próprio poeta mais gostava e também os consagrados pelo seu público.
O relançamento será em ordem cronológica em relação aos anos em que as obras foram publicadas?
Ainda estamos resolvendo isso com a editora. Existe essa possibilidade, sim. Mas não é necessário seguir a exata ordem em que os livros foram publicados originalmente. A antologia, nesse sentido, funciona bem como um primeiro passo no projeto de relançamento, já que serve quase como um guia e foi toda organizada na ordem cronológica de publicação de seus livros.
Suas ilustrações acompanham os livros? Quais?
Por enquanto estou trabalhando com as imagens de capa e organizando todo material.
O que te guia quando ilustra a obra de Manoel? Seu traço é parecido com o dele. Há uma simbiose entre pai e filha?
Ele me escolheu para fazer o que chamava de “iluminuras” para seus livros. Meu trabalho sempre foi independente do dele. Tínhamos uma sensibilidade parecida e uma identificação artística familiar e de amizade.
O que está previsto para os cadernos do Manoel de Barros? Haverá edição fac-simile? Eles podem vir a fazer parte de uma exposição?
Ainda estamos organizando o material deixado por ele. Penso que ainda há muita coisa a ser feita — inclusive exposições.
O poeta deixou algo inédito? Ele ainda escrevia nos últimos tempos de vida?
Sim, ele deixou inéditos que estamos organizando para entrar na reedição dos livros novos ou em outros trabalhos ou publicações.
Ele escreveu muitas poesias para os filhos. Você vê, de certa forma, sua vida e sua infância espelhadas na poesia de Manoel de Barros? Como ele
era como pai?
Sou impregnada de poesia, aprendi a gostar desde cedo, trabalhei com ele durante muito tempo. Sempre foi um bom pai e amigo especial. Sua poesia me emociona e trabalhar com ela tem me ajudado a suportar tantas perdas.
O que te toca e te emociona mais na poesia dele?
A poesia dele tem uma alegria própria da infância que nos revigora a alma!