Hilda Furacão foi a personagem mais famosa da literatura pop do mineiro Roberto Drummond. Coube à atriz Ana Paula Arósio, com seus belos olhos, personificar o mito ao protagonizar a minissérie da TV Globo que estreou em 1998, sete anos depois do lançamento do romance, que saiu pela Geração Editorial. Cenas da adaptação para a TV, assinada por Gloria Perez, foram gravadas em Belo Horizonte. A música-tema da atração, o bolero Resposta ao tempo (Cristóvão Bastos e Aldir Blanc), virou um clássico na voz da cantora Nana Caymmi.
A Hilda de Roberto Drummond é moça bem-nascida, frequentadora das festas do Minas Tênis Clube, que troca sua vida de luxo pelo Maravilhoso Hotel, na Rua Guaicurus, no Centro de BH. Na minissérie de Glória Perez, ela convive com figuras mitológicas da zona boêmia de BH, como o travesti Cintura Fina e a valente Maria Tomba Homem.
A garota que virou a cabeça de meio mundo, entre homens importantes e trabalhadores comuns, era, na verdade, uma libertária. Teve a coragem de romper com a hipocrisia da tradicional família mineira, cujos chefes de família pregavam a moral e os bons costumes durante o dia para se refestelar na zona boêmia pelas madrugadas.
Em seu romance, Drummond põe Hilda em meio ao turbilhão político e social que o país viveu nos anos 1950/1960. O conservadorismo cedia espaço às ideias que desembocariam no feminismo alguns anos mais tarde. De certa forma, Hilda era uma protofeminista. Apaixonou-se por Malthus, um frade dividido entre o pecado e o céu.
O jornalista José Maria Rabelo, um dos donos do combativo jornal Binômio, contou ao Estado de Minas que conheceu a polêmica Hilda pessoalmente. “A moça fazia parte da vida noturna daquela época. Estudante e jornalista, eu vivia na região dos bares Polo Norte e Mocó da Iaiá. Eram dois os grandes hotéis da noite: Maravilhoso e Magnífico. A Hilda era do Maravilhoso. Lá não havia mulheres grã-finas, pois essas ficavam em outros pontos da cidade, na Rua Uberaba e na Avenida Francisco Sales, onde era a pensão da Zezé”, relembrou ele.
Testemunha ocular da ficcão drummondiana e da realidade na zona boêmia na cidade, que mereceu reportagens em O Binômio, Rabelo contou também que o escritor se inspirou em frequentadoras do Minas Tênis Clube para escrever Hilda Furacão. O veterano repórter relembrou a história de gêmeas jogadoras de vôlei daquela agremiação de elite. “As duas se tornaram amantes de Antônio Luciano Pereira Filho, o grande vilão da história”, disse ele.
Quando a série foi publicada pelo EM, Beatriz Drummond, viúva do romancista, não escondeu o espanto em saber que a Hilda verdadeira, na verdade, jamais frequentara o Minas Tênis Clube e outros locais que fizeram a fama da bela heroína de Roberto. Aliás, Beatriz também está no livro: ela é a verdadeira Bela B, outra personagem da história mineira que conquistou os brasileiros. (ID)
NO PALCO
Em 1996, Hilda Furacão chegou aos palcos graças a Marcelo Andrade. Inicialmente, ele adaptou para o teatro o romance O grande mentecapto, de Fernando Sabino. Roberto Drummond gostou e pediu para fazer o mesmo com a história da jovem rica que se mudou para a zona boêmia de BH de livre e espontânea vontade.
Drummond acompanhou todo o processo de adaptação da peça. “Uma vez, ligou às 3h, quase na estreia. Ele estava ansioso”, relembrou Andrade na série publicada pelo EM. Apesar de seu famoso pavor de avião, o escritor viajou com os atores para diversas cidades onde o espetáculo ficou em cartaz. Para se garantir, levava a imagem de Santa Rita de Cássia, padroeira das causas perdidas.
A Hilda de Roberto Drummond é moça bem-nascida, frequentadora das festas do Minas Tênis Clube, que troca sua vida de luxo pelo Maravilhoso Hotel, na Rua Guaicurus, no Centro de BH. Na minissérie de Glória Perez, ela convive com figuras mitológicas da zona boêmia de BH, como o travesti Cintura Fina e a valente Maria Tomba Homem.
A garota que virou a cabeça de meio mundo, entre homens importantes e trabalhadores comuns, era, na verdade, uma libertária. Teve a coragem de romper com a hipocrisia da tradicional família mineira, cujos chefes de família pregavam a moral e os bons costumes durante o dia para se refestelar na zona boêmia pelas madrugadas.
Em seu romance, Drummond põe Hilda em meio ao turbilhão político e social que o país viveu nos anos 1950/1960. O conservadorismo cedia espaço às ideias que desembocariam no feminismo alguns anos mais tarde. De certa forma, Hilda era uma protofeminista. Apaixonou-se por Malthus, um frade dividido entre o pecado e o céu.
O jornalista José Maria Rabelo, um dos donos do combativo jornal Binômio, contou ao Estado de Minas que conheceu a polêmica Hilda pessoalmente. “A moça fazia parte da vida noturna daquela época. Estudante e jornalista, eu vivia na região dos bares Polo Norte e Mocó da Iaiá. Eram dois os grandes hotéis da noite: Maravilhoso e Magnífico. A Hilda era do Maravilhoso. Lá não havia mulheres grã-finas, pois essas ficavam em outros pontos da cidade, na Rua Uberaba e na Avenida Francisco Sales, onde era a pensão da Zezé”, relembrou ele.
Testemunha ocular da ficcão drummondiana e da realidade na zona boêmia na cidade, que mereceu reportagens em O Binômio, Rabelo contou também que o escritor se inspirou em frequentadoras do Minas Tênis Clube para escrever Hilda Furacão. O veterano repórter relembrou a história de gêmeas jogadoras de vôlei daquela agremiação de elite. “As duas se tornaram amantes de Antônio Luciano Pereira Filho, o grande vilão da história”, disse ele.
Quando a série foi publicada pelo EM, Beatriz Drummond, viúva do romancista, não escondeu o espanto em saber que a Hilda verdadeira, na verdade, jamais frequentara o Minas Tênis Clube e outros locais que fizeram a fama da bela heroína de Roberto. Aliás, Beatriz também está no livro: ela é a verdadeira Bela B, outra personagem da história mineira que conquistou os brasileiros. (ID)
NO PALCO
Em 1996, Hilda Furacão chegou aos palcos graças a Marcelo Andrade. Inicialmente, ele adaptou para o teatro o romance O grande mentecapto, de Fernando Sabino. Roberto Drummond gostou e pediu para fazer o mesmo com a história da jovem rica que se mudou para a zona boêmia de BH de livre e espontânea vontade.
Drummond acompanhou todo o processo de adaptação da peça. “Uma vez, ligou às 3h, quase na estreia. Ele estava ansioso”, relembrou Andrade na série publicada pelo EM. Apesar de seu famoso pavor de avião, o escritor viajou com os atores para diversas cidades onde o espetáculo ficou em cartaz. Para se garantir, levava a imagem de Santa Rita de Cássia, padroeira das causas perdidas.