Será lançado neste sábado, 13, na Livraria Scriptum, 'A vida ao redor', da professora, colunista e escritora Maria Ester Maciel. O livro traz uma seleção das crônicas semanais publicadas no Estado de Minas entre 2011 e 2014. O volume versa sobre a vida cotidiana, livros, viagens, coisas, animais, pessoas célebres e comuns, experiências estéticas, vivências íntimas e epifanias, além de incluir uma série de crônicas ficcionais.
O agora das coisas. Essa luz fugaz, que tanto incomoda. Maria Ester tenta, com carinho, retratar com palavras esse brilho bobo. A vida, quando acontece agora, já passou. Maria Ester fala sobre mistérios, insignificâncias que deixam vestígios, mas só para aqueles que sabem e se dão ao trabalho de enxergar.
Arrisco, com medo de errar: crônica é a arte de dizer tudo sobre nada. Pois Maria Ester viaja e embarca diante de uma liberdade única que só o gênero oferece. Melhor: a vida, para essa grande escritora, tem sempre um gosto, um sentido de primeira vez. A cada dia, a cada manhã, a cada palavra, a cada poema, a cada crônica, um ver nascer e uma aprendizagem. A vida ao redor pode ser lido na rede, no ônibus, nas horas vagas, como também nas horas difíceis. Maria Ester escreve para o leitor. Isso parece óbvio, mas não é.
Os melhores lugares, os mais preciosos, escondem-se onde “os guias e os cartões-postais desprezam ou ignoram.” Maria Ester também escreve sobre pequenos milagres do dia a dia, que moram fundo de cada pessoa e de cada página, de cada palavra. Essa autora respeita, como poucos, o seu ofício.
AGLOMERADO A cidade, para Maria Ester, é sempre outra. Lendo o livro descobri, por exemplo, a importância e a beleza do Aglomerado da Serra, que fica na Região Centro-sul de Belo Horizonte, local que antes sugeria medo e descaso. Lá existe “uma verdadeira orquestra de palavras: um conjunto de ruas, becos e vielas com nomes de instrumentos musicais e outras nomenclaturas próprias do universo dos sons.” Vivendo, lendo, e aprendendo. A crônica não julga, mas descortina. A crônica “recupera a poesia perdida da cidade.” Toda crônica é uma espécie de pequena música singular. Se pudesse, só leria crônicas.
A vida é contraditória, confusa. Ponto para o cronista, que tudo pode consertar ou reformular através de sonhos possíveis. Cada texto de A vida ao redor é um alento, que traz doses de vento e alegria (mas cabem ali também escárnio e denúncia). Maria Ester sabe ser irônica, sem deixar em nenhum momento de ser digna. A inteligência e uma cultura profunda servem de gasolina para os textos.
Até no vidro de esmalte mora a poesia das palavras: Allure, Absinto, Besouro, Canoa, Epopeia, Tufão. Existem, gritando por existir, coleções de chaves, prendedores de roupa, meias finas, objetos de cozinha, placas de latão, toalhas dependuradas no varal, garrafas de vinho.
Eis o trabalho do cronista – e da poesia: “recuperar alguma coisa perdida”. Maria Ester é dona de poderosas fagulhas e as transmite, solidária, para o bem de todos.
A VIDA AO REDOR
• De Maria Ester Maciel
• Editora Scriptum, 280 páginas, R$ 40
» Lançamento hoje, às 11h30, na Livraria Scriptum (Rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi). Informações: (31) 3223-1789.
O agora das coisas. Essa luz fugaz, que tanto incomoda. Maria Ester tenta, com carinho, retratar com palavras esse brilho bobo. A vida, quando acontece agora, já passou. Maria Ester fala sobre mistérios, insignificâncias que deixam vestígios, mas só para aqueles que sabem e se dão ao trabalho de enxergar.
Arrisco, com medo de errar: crônica é a arte de dizer tudo sobre nada. Pois Maria Ester viaja e embarca diante de uma liberdade única que só o gênero oferece. Melhor: a vida, para essa grande escritora, tem sempre um gosto, um sentido de primeira vez. A cada dia, a cada manhã, a cada palavra, a cada poema, a cada crônica, um ver nascer e uma aprendizagem. A vida ao redor pode ser lido na rede, no ônibus, nas horas vagas, como também nas horas difíceis. Maria Ester escreve para o leitor. Isso parece óbvio, mas não é.
Os melhores lugares, os mais preciosos, escondem-se onde “os guias e os cartões-postais desprezam ou ignoram.” Maria Ester também escreve sobre pequenos milagres do dia a dia, que moram fundo de cada pessoa e de cada página, de cada palavra. Essa autora respeita, como poucos, o seu ofício.
AGLOMERADO A cidade, para Maria Ester, é sempre outra. Lendo o livro descobri, por exemplo, a importância e a beleza do Aglomerado da Serra, que fica na Região Centro-sul de Belo Horizonte, local que antes sugeria medo e descaso. Lá existe “uma verdadeira orquestra de palavras: um conjunto de ruas, becos e vielas com nomes de instrumentos musicais e outras nomenclaturas próprias do universo dos sons.” Vivendo, lendo, e aprendendo. A crônica não julga, mas descortina. A crônica “recupera a poesia perdida da cidade.” Toda crônica é uma espécie de pequena música singular. Se pudesse, só leria crônicas.
A vida é contraditória, confusa. Ponto para o cronista, que tudo pode consertar ou reformular através de sonhos possíveis. Cada texto de A vida ao redor é um alento, que traz doses de vento e alegria (mas cabem ali também escárnio e denúncia). Maria Ester sabe ser irônica, sem deixar em nenhum momento de ser digna. A inteligência e uma cultura profunda servem de gasolina para os textos.
Até no vidro de esmalte mora a poesia das palavras: Allure, Absinto, Besouro, Canoa, Epopeia, Tufão. Existem, gritando por existir, coleções de chaves, prendedores de roupa, meias finas, objetos de cozinha, placas de latão, toalhas dependuradas no varal, garrafas de vinho.
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A VIDA AO REDOR
• De Maria Ester Maciel
• Editora Scriptum, 280 páginas, R$ 40
» Lançamento hoje, às 11h30, na Livraria Scriptum (Rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi). Informações: (31) 3223-1789.