Tão enigmática como a heroína grega Antígona, que interpreta atualmente nos palcos brasileiros, Leticia Sabatella é uma mulher a ser desvendada. Na vida pessoal, discrição é palavra de ordem. Mas, na esfera política, a mineira nunca teve medo de se expor. “Eu fui para a rua e participei das manifestações populares no ano passado, e as pessoas me respeitaram bastante”, afirma, em entrevista exclusiva.
A atriz se declara a favor de causas ambientais e da reforma política, apoia o Movimento dos Sem-Terra e se declarou publicamente contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. “O lucro imediato não é mais importante que os nossos rios e matas. É preciso ter a consciência que as florestas e biomas dependem da nossa colaboração para continuar existindo”, explica.
No mês passado, a atriz viu sua imagem vinculada à campanha eleitoral de Aécio Neves em um vídeo, de maneira não autorizada. Não demorou até que ela exigisse uma retratação. “Isso é um roubo, um desrespeito. Trata-se de uma enorme mentira”, desabafou, em um post publicado em uma rede social. “Não acho que o vídeo tenha sido criado pela equipe dele, mas não gostei da forma como foi usado”, pontua.
Sobre Brasília, geralmente visita a cidade movida por pautas políticas — como uma manifestação política da qual participou na frente do Supremo Tribunal Federal, em 2007. “Também fui algumas vezes conhecer tribos locais e a Chapada dos Veadeiros”, lembra.
Multitalentosa
Além de atriz, Leticia também tem relação íntima com a música. Ela toca piano e já emprestou a voz a alguns personagens, como Verônica, da novela 'Sangue Bom'. Na peça 'Trágica.3', dirigida por Guilherme Leme Garcia, executa a trilha sonora ao vivo com os atores e multi-instrumentistas Marcello H e Fernando Alves Pinto. Pela parceria, eles foram indicados ao Prêmio Shell de Teatro.
“A música é uma atividade que me agrada muito. Faço uma performance musical e já estava, há certo tempo, trabalhando em minhas composições. Busquei inspiração nos lamentos árabe, flamenco, palestino, e em choros indígenas”, diz.
Mais que hobby, Leticia pretende levar os talentos como musicista a outro patamar. “Temos uma banda, Caravana Tonteria, composta por mim, Fernando Alves Pinto, Paulo Braga e Zéli Silva, e já fizemos shows em Nova York e na Virada Cultural de São Paulo. Em breve, queremos lançar um disco e sair em turnê”, adianta.
Com as gravações de 'Babilônia', novela que estreia em 2015, o projeto deve ser adiado em alguns meses. Mas não de maneira definitiva. Assim como a direção, rumo que já tomou algumas vezes, como no filme 'Hotxuá', lançado em 2012, no qual mostra o cotidiano da tribo indígena krahô, que vive em Palmas (TO). “Tenho várias ideias, mas acho que vou guardá-las para mais tarde. Agora, quero ser atriz”, diz.
Duas perguntas / Leticia Sabatella
Você está em cartaz como uma heroína grega, Antígona, que foi contra algumas regras de conduta. Uma espécie de feminismo. Você se considera feminista?
Em sua essência, Antígona vai contra regras que ferem princípios sagrados. Ele é como um grilo falante, uma consciência que todos temos. Em algum momento, por mais que você ache que faz uma coisa só porque é o certo a fazer, em seu íntimo, há uma consciência ligada a valores e princípios. Isso independe de gênero sexual. Eu dou valor às lutas feministas e as vejo com gratidão. Não me considero 100% nada, e, em relação ao feminismo, reconheço o valor imenso desta luta. O espaço social que eu posso desempenhar hoje se deve a uma luta feminista.
Há algum tempo, você decidiu não fazer publicidade ou comerciais. Foi uma forma de diferenciar a artista da celebridade? Existe diferença entre as duas?
São coisas diferentes, mas uma coisa não anula a outra. Um artista pode ser uma celebridade e uma celebridade pode ser um artista. No entanto, quando olhamos para grandes artistas, vemos pessoas que têm um mergulho tão profundo em seu íntimo que nem são tão celebrados como a arte deles merecia. Às vezes, eles nem sobrevivem dignamente do que produzem em termos de arte. Não estar em propagandas foi uma decisão de foro muito íntimo, mas foi vital. Precisei me colocar nessa situação, não sei se é algo exemplar, mas construí um caminho de escolhas onde eu posso dar uma força para a minha palavra, decidir onde quero empregá-la, e a credibilidade que eu quero imprimir. Não queria ter uma palavra inflacionada, queria que minha voz fosse reflexo do meu íntimo, para não estar vendendo coisas sem ter conexão com elas.
A atriz se declara a favor de causas ambientais e da reforma política, apoia o Movimento dos Sem-Terra e se declarou publicamente contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. “O lucro imediato não é mais importante que os nossos rios e matas. É preciso ter a consciência que as florestas e biomas dependem da nossa colaboração para continuar existindo”, explica.
No mês passado, a atriz viu sua imagem vinculada à campanha eleitoral de Aécio Neves em um vídeo, de maneira não autorizada. Não demorou até que ela exigisse uma retratação. “Isso é um roubo, um desrespeito. Trata-se de uma enorme mentira”, desabafou, em um post publicado em uma rede social. “Não acho que o vídeo tenha sido criado pela equipe dele, mas não gostei da forma como foi usado”, pontua.
Sobre Brasília, geralmente visita a cidade movida por pautas políticas — como uma manifestação política da qual participou na frente do Supremo Tribunal Federal, em 2007. “Também fui algumas vezes conhecer tribos locais e a Chapada dos Veadeiros”, lembra.
Multitalentosa
Além de atriz, Leticia também tem relação íntima com a música. Ela toca piano e já emprestou a voz a alguns personagens, como Verônica, da novela 'Sangue Bom'. Na peça 'Trágica.3', dirigida por Guilherme Leme Garcia, executa a trilha sonora ao vivo com os atores e multi-instrumentistas Marcello H e Fernando Alves Pinto. Pela parceria, eles foram indicados ao Prêmio Shell de Teatro.
“A música é uma atividade que me agrada muito. Faço uma performance musical e já estava, há certo tempo, trabalhando em minhas composições. Busquei inspiração nos lamentos árabe, flamenco, palestino, e em choros indígenas”, diz.
Mais que hobby, Leticia pretende levar os talentos como musicista a outro patamar. “Temos uma banda, Caravana Tonteria, composta por mim, Fernando Alves Pinto, Paulo Braga e Zéli Silva, e já fizemos shows em Nova York e na Virada Cultural de São Paulo. Em breve, queremos lançar um disco e sair em turnê”, adianta.
Com as gravações de 'Babilônia', novela que estreia em 2015, o projeto deve ser adiado em alguns meses. Mas não de maneira definitiva. Assim como a direção, rumo que já tomou algumas vezes, como no filme 'Hotxuá', lançado em 2012, no qual mostra o cotidiano da tribo indígena krahô, que vive em Palmas (TO). “Tenho várias ideias, mas acho que vou guardá-las para mais tarde. Agora, quero ser atriz”, diz.
Duas perguntas / Leticia Sabatella
Você está em cartaz como uma heroína grega, Antígona, que foi contra algumas regras de conduta. Uma espécie de feminismo. Você se considera feminista?
Em sua essência, Antígona vai contra regras que ferem princípios sagrados. Ele é como um grilo falante, uma consciência que todos temos. Em algum momento, por mais que você ache que faz uma coisa só porque é o certo a fazer, em seu íntimo, há uma consciência ligada a valores e princípios. Isso independe de gênero sexual. Eu dou valor às lutas feministas e as vejo com gratidão. Não me considero 100% nada, e, em relação ao feminismo, reconheço o valor imenso desta luta. O espaço social que eu posso desempenhar hoje se deve a uma luta feminista.
Há algum tempo, você decidiu não fazer publicidade ou comerciais. Foi uma forma de diferenciar a artista da celebridade? Existe diferença entre as duas?
São coisas diferentes, mas uma coisa não anula a outra. Um artista pode ser uma celebridade e uma celebridade pode ser um artista. No entanto, quando olhamos para grandes artistas, vemos pessoas que têm um mergulho tão profundo em seu íntimo que nem são tão celebrados como a arte deles merecia. Às vezes, eles nem sobrevivem dignamente do que produzem em termos de arte. Não estar em propagandas foi uma decisão de foro muito íntimo, mas foi vital. Precisei me colocar nessa situação, não sei se é algo exemplar, mas construí um caminho de escolhas onde eu posso dar uma força para a minha palavra, decidir onde quero empregá-la, e a credibilidade que eu quero imprimir. Não queria ter uma palavra inflacionada, queria que minha voz fosse reflexo do meu íntimo, para não estar vendendo coisas sem ter conexão com elas.