Um livro lançado agora pode ajudar o leitor a encontrar as boas novidades literárias nas livrarias - que só no ano passado receberam mais de 20 mil novos títulos e onde os espaços principais de exposição costumam ser comercializados. 'Por que ler os contemporâneos? - Autores que escreveram o Século 21' traz uma seleção de 101 nomes do mundo todo com pelo menos um livro publicado a partir de 2000 - e, claro, editados no Brasil. A organização é de Léa Masina, Daniela Langer, Rafael Bán Jacobsen e Rodrigo Rosp.
Entre os 101 estão nomes já consagrados, como J. M. Coetzee, Cormac McCarthy, Amos Oz, Philip Roth e Roberto Bolaño, e outros que começaram seu caminho mais recentemente, como Jonathan Safran Foer, Ondjaki e Chimamanda Ngozi Adichi, os mais jovens da lista que conta com 14 mulheres, 10 prêmios Nobel e sete autores já mortos Os brasileiros escolhidos foram Bernardo Carvalho, Chico Buarque Cristovão Tezza, João Gilberto Noll, Luiz Ruffato, Marcelino Freire, Milton Hatoum e Sérgio Sant’Anna.
A ideia do livro surgiu com outra publicação, Guia de Leitura - 100 Autores Que Você Precisa Ler, também organizada por Léa Masina e publicada pela L&PM em 2007. Mas tratava-se de uma obra mais voltada aos clássicos. Foi feita, então, uma nova lista e os organizadores perceberam que ficavam nos mesmos autores. A partir daí, foram perguntar a escritores, jornalistas e professores o que eles estavam lendo, pesquisaram em jornais, descobriram muitos outros autores e foram checar a relevância deles.
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A resposta à pergunta estampada na capa do livro só surgiu a Rosp com a obra quase pronta e depois de uma série de palestras sobre humor na literatura que ele fez para alunos de 14 e 15 anos. Ele levava textos de autores contemporâneos e os jovens adoravam. "Fui construindo essa resposta: porque os contemporâneos estão falando a nossa língua, falando do nosso tempo, dos nossos anseios, estão mais próximos seja pela linguagem ou pela temática."
Talvez o leitor sinta falta de alguns escritores - para além de Rowling, Larsson e Coelho. Gabriel García Márquez, José Saramago e Julian Barnes, por exemplo, não estão no livro. Um dos motivos para não lermos sobre o russo Gary Shteyngart foi logístico. "É difícil encontrar alguém que parta do zero da obra de um autor e tenha tempo de ler quatro, cinco, às vezes 10 livros para fazer o texto", explica o organizador. No caso de Saramago e García Márquez, a exclusão foi porque eles não escreviam o século 21, como o subtítulo indicava, e eram mais identificados com o século anterior.
Sobre os autores contemporâneos que podem virar clássicos, Rodrigo Rosp arrisca um palpite. "É difícil imaginar que Mia Couto não vai continuar sendo referência daqui 50, 100 anos. E também o Michel Houellebecq e o Ian McEwan. Muitos têm potencial, mas talvez seja mais fácil apostar nos que não têm, como James Ellroy e Don DeLillo - não sei se ele é forte agora só porque conversa com os temas de hoje." Ele vai além: "Há a ilusão da permanência.
Mesmo os clássicos de hoje podem não ser os clássicos no futuro. Tratamos os clássicos como uma rocha solidificada, mas eles são completamente volúveis e às vezes o que coloca um autor entre os que estão sendo lembrados pode ser a crítica, o quanto as pessoas e os veículos de informação estão falando sobre ele e, às vezes, a reedição de uma obra que ficou esgotada e que faz ressurgir o grande autor."