Faltam 22 dias para a estreia de 'Rigoletto', no Grande Teatro do Palácio das Artes, mas os preparativos para a ópera estão a todo vapor. As primeiras audições para a escolha dos solistas ocorreram em março, em Belo Horizonte. O barítono italiano Devid Cecconi, o único estrangeiro da montagem, foi selecionado pela internet. Ele vai se revezar no papel-título com Rodolfo Giuglianino, de São Paulo.
Os tenores Giovanni Tristacci (SP) e Jean Nardoto (DF) interpretam o duque de Mântua, enquanto as sopranos Gabriella Pace (SP) e Lina Mendes (RJ) dividem o papel de Gilda. Os mineiros estarão representados por Eduardo Sant’Anna (conde Monterone), Aline Lobão (condessa Ceprano) e Carolina Rennó (Giovanna). Em 18 de outubro, todos estrearão ao lado da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, do Coral Lírico de Minas Gerais e da Cia. de Dança Sesiminas. André Heller-Lopes assina a direção cênica. O maestro Marcelo Ramos é o diretor musical.
Nas próximas semanas, o descanso se limitará aos sábados e domingos – e olhe lá... De segunda a sexta-feira, os ensaios ocorrerão em dois turnos, das 9h às 12h e das 14h às 17h30. Na semana que antecede à estreia, tem ensaio geral com cenário, figurino, coro, orquestra e todo o elenco.
“Moro na Dinamarca, mas nos próximos dias minha casa será BH. Gosto muito da cidade, até me cadastrei para votar em trânsito no dia 5”, revela a soprano paulista Gabriella Pace. Cantar no Palácio das Artes terá sabor especial: ela ganhou o prêmio de melhor solista feminina por sua atuação em duas montagens da Fundação Clóvis Salgado (FCS): 'O guarani', de Carlos Gomes, em 2002, e 'A menina das nuvens', de Villa-Lobos, em 2009. “Tenho grande respeito pelo Verdi, e a Gilda me emociona muito. Ela tem uma fragilidade, uma beleza, exige enorme desafio vocal”, diz Gabriella.
A cantora faz aulas de pilates para ajudar em sua preparação física e corporal. Nas vésperas de récitas, ela não bebe álcool para evitar a irritação das cordas vocais. “Pilates me ajuda a alongar e facilita a respiração. Isso é ótimo para o cantor lírico”, recomenda.
Rodolfo Giuglianino, um dos Rigolettos, não costuma fazer nada de especial, além dos cuidados básicos que todo cantor adota. Mas esta ópera vai exigir mais dele. “Musicalmente falando, é uma das criações mais difíceis para o barítono, pois ele é o protagonista – não o tenor. Não saio do palco em nenhum momento”, explica. Como o personagem principal é corcunda, Rodolfo teve de fazer trabalho corporal, além de carregar uma corcova falsa.
“Tenho de andar meio torto no palco. Confesso: quando saio de cena, ainda fico andando meio estranho”, brinca. O que mais o cativa é a duplicidade de 'Rigoletto', sua ópera preferida. “Ele tem o lado bobo da corte, que faz rir, e, ao mesmo tempo, o aspecto amargo, da tragédia com a filha. Isso me encanta”, frisa.
O italiano Devid Cecconi tem um um xodó pela obra-prima de Verdi. “Comecei a carreira cantando 'Rigoletto', voltar a ela é sempre um presente. Você nunca consegue expressar o máximo de si. É uma ópera jovem, atual. O papel é o mais forte para o homem em se tratando de uma produção operística”, resume o cantor, que estreia no Brasil.
Mineiros
As mezzo-sopranos Aline Lobão e Carolina Rennó integraram o Coral Lírico de Minas Gerais durante muito tempo. Só recentemente elas passaram a atuar como solistas. A dupla fará pequenas participações: Aline vai interpretar a condessa Ceprano, uma espécie de feminista. “Casada, ela é tachada por muitos de prostituta e o duque quer conquistá-la. Ninguém é santo ali. Ela luta pelo direito ao prazer, assim como todos os homens”, define. Carolina faz Giovanna, a ama de Gilda. Figura estranha, a personagem a obriga a usar tapa-olho. A artista vem se desdobrando entre os ensaios, o trabalho como funcionária do Banco do Brasil e as apresentações do Caffeine Trio ao lado de Sylvia Klein e de Renata Vanucci.
Um circo em Paris
Há 30 anos, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) encenou 'Rigoletto' pela última vez. A nova montagem, conduzida pelo experiente diretor cênico André Heller-Lopes, marca a terceira parceria dele com a FCS. A ópera é considerada uma das criações mais revolucionárias de Giuseppe Verdi (1813-1901).
“Verdi fez três obras que mudaram a sua carreira, a chamada santíssima trindade: 'Il trovatore', 'La traviata' e 'Rigoletto', que deu início à sua reputação internacional”, explica Heller-Lopes. O bobo da corte vive suas desventuras numa espécie de picadeiro de um circo parisiense do século 19. “Verdi tem ligação com Victor Hugo, o que é fundamental nesse texto. Por isso, achei que seria interessante levar a ópera para a Paris do século 19, uma época linda. A corte invade o circo urbano”, antecipa. Os cenários são de Renato Theobaldo e os figurinos foram criados pela argentina Sofia Di Nunzio.
A aposta dele é na originalidade e na grandiosidade. Heller-Lopes acrescentou ao universo de Verdi suas lembranças de juventude no Rio de Janeiro. “Lembrei-me também de alguns espetáculos do Gabriel Villela, aquela coisa meio clown, barroca. Ao mesmo tempo, a produção vai ter a minha marca: muito luxo, brilho e cores fortes”, salienta.
Quando estreou, em 1850, 'Rigoletto' se destacou pela modernidade de sua música, de intensidade então inédita, ressalta o maestro Marcelo Ramos, diretor musical da produção. “Trata-se de um clássico de Verdi”, conclui.
RIGOLETTO
De Guiseppe Verdi. Em 18, 19, 21, 25, 26 e 29 de outubro. Às 21h e às 19h (apenas aos domingos). Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Inteira: de R$ 50 a R$ 90. Informações: (31) 3236-7400 e www.fcs.mg.gov.br.
Os tenores Giovanni Tristacci (SP) e Jean Nardoto (DF) interpretam o duque de Mântua, enquanto as sopranos Gabriella Pace (SP) e Lina Mendes (RJ) dividem o papel de Gilda. Os mineiros estarão representados por Eduardo Sant’Anna (conde Monterone), Aline Lobão (condessa Ceprano) e Carolina Rennó (Giovanna). Em 18 de outubro, todos estrearão ao lado da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, do Coral Lírico de Minas Gerais e da Cia. de Dança Sesiminas. André Heller-Lopes assina a direção cênica. O maestro Marcelo Ramos é o diretor musical.
Nas próximas semanas, o descanso se limitará aos sábados e domingos – e olhe lá... De segunda a sexta-feira, os ensaios ocorrerão em dois turnos, das 9h às 12h e das 14h às 17h30. Na semana que antecede à estreia, tem ensaio geral com cenário, figurino, coro, orquestra e todo o elenco.
“Moro na Dinamarca, mas nos próximos dias minha casa será BH. Gosto muito da cidade, até me cadastrei para votar em trânsito no dia 5”, revela a soprano paulista Gabriella Pace. Cantar no Palácio das Artes terá sabor especial: ela ganhou o prêmio de melhor solista feminina por sua atuação em duas montagens da Fundação Clóvis Salgado (FCS): 'O guarani', de Carlos Gomes, em 2002, e 'A menina das nuvens', de Villa-Lobos, em 2009. “Tenho grande respeito pelo Verdi, e a Gilda me emociona muito. Ela tem uma fragilidade, uma beleza, exige enorme desafio vocal”, diz Gabriella.
A cantora faz aulas de pilates para ajudar em sua preparação física e corporal. Nas vésperas de récitas, ela não bebe álcool para evitar a irritação das cordas vocais. “Pilates me ajuda a alongar e facilita a respiração. Isso é ótimo para o cantor lírico”, recomenda.
Rodolfo Giuglianino, um dos Rigolettos, não costuma fazer nada de especial, além dos cuidados básicos que todo cantor adota. Mas esta ópera vai exigir mais dele. “Musicalmente falando, é uma das criações mais difíceis para o barítono, pois ele é o protagonista – não o tenor. Não saio do palco em nenhum momento”, explica. Como o personagem principal é corcunda, Rodolfo teve de fazer trabalho corporal, além de carregar uma corcova falsa.
“Tenho de andar meio torto no palco. Confesso: quando saio de cena, ainda fico andando meio estranho”, brinca. O que mais o cativa é a duplicidade de 'Rigoletto', sua ópera preferida. “Ele tem o lado bobo da corte, que faz rir, e, ao mesmo tempo, o aspecto amargo, da tragédia com a filha. Isso me encanta”, frisa.
O italiano Devid Cecconi tem um um xodó pela obra-prima de Verdi. “Comecei a carreira cantando 'Rigoletto', voltar a ela é sempre um presente. Você nunca consegue expressar o máximo de si. É uma ópera jovem, atual. O papel é o mais forte para o homem em se tratando de uma produção operística”, resume o cantor, que estreia no Brasil.
Mineiros
As mezzo-sopranos Aline Lobão e Carolina Rennó integraram o Coral Lírico de Minas Gerais durante muito tempo. Só recentemente elas passaram a atuar como solistas. A dupla fará pequenas participações: Aline vai interpretar a condessa Ceprano, uma espécie de feminista. “Casada, ela é tachada por muitos de prostituta e o duque quer conquistá-la. Ninguém é santo ali. Ela luta pelo direito ao prazer, assim como todos os homens”, define. Carolina faz Giovanna, a ama de Gilda. Figura estranha, a personagem a obriga a usar tapa-olho. A artista vem se desdobrando entre os ensaios, o trabalho como funcionária do Banco do Brasil e as apresentações do Caffeine Trio ao lado de Sylvia Klein e de Renata Vanucci.
Um circo em Paris
Há 30 anos, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) encenou 'Rigoletto' pela última vez. A nova montagem, conduzida pelo experiente diretor cênico André Heller-Lopes, marca a terceira parceria dele com a FCS. A ópera é considerada uma das criações mais revolucionárias de Giuseppe Verdi (1813-1901).
“Verdi fez três obras que mudaram a sua carreira, a chamada santíssima trindade: 'Il trovatore', 'La traviata' e 'Rigoletto', que deu início à sua reputação internacional”, explica Heller-Lopes. O bobo da corte vive suas desventuras numa espécie de picadeiro de um circo parisiense do século 19. “Verdi tem ligação com Victor Hugo, o que é fundamental nesse texto. Por isso, achei que seria interessante levar a ópera para a Paris do século 19, uma época linda. A corte invade o circo urbano”, antecipa. Os cenários são de Renato Theobaldo e os figurinos foram criados pela argentina Sofia Di Nunzio.
A aposta dele é na originalidade e na grandiosidade. Heller-Lopes acrescentou ao universo de Verdi suas lembranças de juventude no Rio de Janeiro. “Lembrei-me também de alguns espetáculos do Gabriel Villela, aquela coisa meio clown, barroca. Ao mesmo tempo, a produção vai ter a minha marca: muito luxo, brilho e cores fortes”, salienta.
Quando estreou, em 1850, 'Rigoletto' se destacou pela modernidade de sua música, de intensidade então inédita, ressalta o maestro Marcelo Ramos, diretor musical da produção. “Trata-se de um clássico de Verdi”, conclui.
RIGOLETTO
De Guiseppe Verdi. Em 18, 19, 21, 25, 26 e 29 de outubro. Às 21h e às 19h (apenas aos domingos). Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Inteira: de R$ 50 a R$ 90. Informações: (31) 3236-7400 e www.fcs.mg.gov.br.