"É impossível ficar calado diante da obra do Fernando Pacheco e da poesia do João Cabral de Melo Neto. A função vital de qualquer obra artística é passar a palavra para aquele que vê, para aquele que olha, para aquele que frui. (…) A obra do Fernando Pacheco não é uma obra que ampara a gente no colo, que acaricia levemente. É uma obra à que a gente tem que pedir o colo. E ela não nos dá. A pintura do Fernando nunca é vista, está sempre por se ver. Cada vez que você passa diante dela, você descobre uma coisa nova. É pintura para ser apreciada. (…) Ela exige um olhar novo a cada dia. A fantasia recolhida, secreta, que a gente traz encontra lugar para conversar com a obra. É uma conversa interna íntima, profunda, que é a verdade maior de cada um.” Essas palavras são parte de um depoimento do escritor Bartolomeu Campos de Queirós (1944-2012) para um vídeo sobre o artista plástico Fernando Pacheco, ainda inédito.
O documentário é uma das atrações da primeira edição do projeto Arte na Pampulha (Artpam/2014), que vai homenagear o escritor, falecido há dois anos. Com concepção e direção artística de Fernando Pacheco e curadoria de Nina Pacheco e do produtor Lucas Guimaraens, o evento será realizado no próximo fim de semana e nos dias 13 e 14, em BH. Foram programadas exposições, instalações artísticas, performances teatrais e apresentações musicais.
A iniciativa vai marcar a inauguração do Centro de Arte Fernando Pacheco, na Pampulha. “Compramos esta casa de aproximadamente 1 mil metros quadrados há uns 30 anos para ser a sede do ateliê do Fernando. Sempre foi um lugar extremamente tranquilo e aprazível. A partir de agora, decidimos transformá-lo em centro de arte”, comenta Nina, mulher do pintor.
Pacheco brinca, dizendo que o espaço será “o menor museu a céu aberto do mundo”. O artista explica que passou uma temporada no exterior e decidiu investir em BH o que ganhou na China, Tailândia e Nova Zelândia. “Nasci em São João del-Rei e passei a minha vida toda em Minas. Construí minha carreira, minha história e minha linguagem aqui. Agora que estou realizado e expondo no exterior, decidi: aqui é o meu lugar. Queria investir o que conquistei lá fora na minha terra”, revela.
Além do ateliê, que foi revitalizado, o centro ganhou uma galeria, um instituto e um memorial que abriga catálogos, livros, reportagens, homenagens, medalhas, vídeos e objetos pessoais. A ideia é transformá-lo em espaço de convivência e diálogo entre as artes e as pessoas. O pintor destaca que pretende também resgatar a vocação cultural da Pampulha, região meio esquecida. “Temos circuitos de artes por toda a cidade. É importante lembrar que em nossa região temos obras relevantes de Oscar Niemeyer, Portinari, Burle Marx e Ceschiatti. Quis dar o exemplo com essa iniciativa particular. Quem sabe não estimulamos outras pessoas?”, frisa.
Quadros
Sábado, o público poderá conferir de perto o Centro de Arte Fernando Pacheco e a programação do Artpam. Uma exposição exibirá 26 quadros inéditos criados a partir de títulos de livros de Bartolomeu Campos de Queirós, como 'Vermelho amargo', 'Indez', 'Ciganos' e 'Por parte de pai'. Estará lá a instalação superinteressante 'ConSerto de piano' (com s mesmo), sugestão do próprio escritor. “Tanto o piano quanto o macaco de carro que o ampara são cenográficos. Ele não funciona, mas mesmo assim achava que deveria sair música dali. Colocamos um som interno e o piano fica ‘tocando’ Villa-Lobos, executado pelo Nelson Freire. Para compor, há quatro cadeiras coloridas com frases do Bartolomeu”, explica Fernando.
A instalação 'Eu gosto dos Beatles e de jabuticabas' fica logo na entrada do espaço, onde há um fusquinha todo decorado. Lá de dentro saem canções de artistas mineiros que têm alguma relação com o quarteto de Liverpool. O teatro também se fará presente, com performances de Ana Gusmão e Luiz Gomide, dirigidos por Pedro Paulo Cava. Cava aborda dois prismas da obra de Bartolomeu: o adulto ('Saudade da mãe', baseado no livro 'Vermelho amargo') e o infantojuvenil ('Aqui tem papo de pato').
Entre as atrações musicais, Tavinho Moura sobe ao palco no sábado para relembrar canções que marcaram época e suas parcerias com artistas do Clube da Esquina. Domingo será a vez do violonista e guitarrista Juarez Moreira. O pop e a MPB tomarão conta do Artpam no dia 13, com Eduardo Ladeira e Rodrigo Borges.
Fonte de inspiração disso tudo, Bartolomeu Campos de Queirós ganhará um túnel com painéis e telas em que seus textos analisam a obra de Pacheco. “Minha atuação como artista plástico é meio pop. Sempre interagi com músicos, escritores, atores e estilistas (o pintor foi tema até de desfile de Victor Dzenk). O próprio Bartolomeu foi meu amigo durante mais de 30 anos. Daí veio a ideia de usar isso aqui tanto para as artes visuais quanto para saraus, concertos ou lançamento de livros. É um espaço das artes”, resume.
PROGRAMA DE SÁBADO
14h – Abertura do Artpam e instalação Eu gosto dos Beatles e de jabuticabas, com Fernando Pacheco
14h30 – Performance teatral Aqui tem papo de pato, com o ator Luiz Gomide. Direção: Pedro Paulo Cava
15h15 – Instalação ConSerto de piano. Exposição de telas criadas a partir de livros de Bartolomeu Campos de Queirós
16h – Performance teatral Saudade da mãe, baseado no livro Vermelho amargo. Com a atriz Ana Gusmão. Direção: Pedro Paulo Cava
16h20 – Visita ao memorial com videodepoimento de Bartolomeu Campos de Queirós
17h – Show de Tavinho Moura
18h – Visita ao ateliê Fernando Pacheco
ARTPAM 2014
Dias 6, 7, 13 e 14. Centro de Arte Fernando Pacheco, Avenida Dora Tomich Laender, 301, Pampulha, próximo da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB). Aconselha-se o uso de sapato baixo ou tênis. Todas as atividades são gratuitas, mas é preciso inscrição prévia pelo site www.artpam.com.br ou pelo e-mail artpambh@gmail.com. Lotação limitada. É obrigatório confirmar presença. Programação completa no site.
O documentário é uma das atrações da primeira edição do projeto Arte na Pampulha (Artpam/2014), que vai homenagear o escritor, falecido há dois anos. Com concepção e direção artística de Fernando Pacheco e curadoria de Nina Pacheco e do produtor Lucas Guimaraens, o evento será realizado no próximo fim de semana e nos dias 13 e 14, em BH. Foram programadas exposições, instalações artísticas, performances teatrais e apresentações musicais.
A iniciativa vai marcar a inauguração do Centro de Arte Fernando Pacheco, na Pampulha. “Compramos esta casa de aproximadamente 1 mil metros quadrados há uns 30 anos para ser a sede do ateliê do Fernando. Sempre foi um lugar extremamente tranquilo e aprazível. A partir de agora, decidimos transformá-lo em centro de arte”, comenta Nina, mulher do pintor.
Pacheco brinca, dizendo que o espaço será “o menor museu a céu aberto do mundo”. O artista explica que passou uma temporada no exterior e decidiu investir em BH o que ganhou na China, Tailândia e Nova Zelândia. “Nasci em São João del-Rei e passei a minha vida toda em Minas. Construí minha carreira, minha história e minha linguagem aqui. Agora que estou realizado e expondo no exterior, decidi: aqui é o meu lugar. Queria investir o que conquistei lá fora na minha terra”, revela.
Além do ateliê, que foi revitalizado, o centro ganhou uma galeria, um instituto e um memorial que abriga catálogos, livros, reportagens, homenagens, medalhas, vídeos e objetos pessoais. A ideia é transformá-lo em espaço de convivência e diálogo entre as artes e as pessoas. O pintor destaca que pretende também resgatar a vocação cultural da Pampulha, região meio esquecida. “Temos circuitos de artes por toda a cidade. É importante lembrar que em nossa região temos obras relevantes de Oscar Niemeyer, Portinari, Burle Marx e Ceschiatti. Quis dar o exemplo com essa iniciativa particular. Quem sabe não estimulamos outras pessoas?”, frisa.
Quadros
Sábado, o público poderá conferir de perto o Centro de Arte Fernando Pacheco e a programação do Artpam. Uma exposição exibirá 26 quadros inéditos criados a partir de títulos de livros de Bartolomeu Campos de Queirós, como 'Vermelho amargo', 'Indez', 'Ciganos' e 'Por parte de pai'. Estará lá a instalação superinteressante 'ConSerto de piano' (com s mesmo), sugestão do próprio escritor. “Tanto o piano quanto o macaco de carro que o ampara são cenográficos. Ele não funciona, mas mesmo assim achava que deveria sair música dali. Colocamos um som interno e o piano fica ‘tocando’ Villa-Lobos, executado pelo Nelson Freire. Para compor, há quatro cadeiras coloridas com frases do Bartolomeu”, explica Fernando.
A instalação 'Eu gosto dos Beatles e de jabuticabas' fica logo na entrada do espaço, onde há um fusquinha todo decorado. Lá de dentro saem canções de artistas mineiros que têm alguma relação com o quarteto de Liverpool. O teatro também se fará presente, com performances de Ana Gusmão e Luiz Gomide, dirigidos por Pedro Paulo Cava. Cava aborda dois prismas da obra de Bartolomeu: o adulto ('Saudade da mãe', baseado no livro 'Vermelho amargo') e o infantojuvenil ('Aqui tem papo de pato').
Entre as atrações musicais, Tavinho Moura sobe ao palco no sábado para relembrar canções que marcaram época e suas parcerias com artistas do Clube da Esquina. Domingo será a vez do violonista e guitarrista Juarez Moreira. O pop e a MPB tomarão conta do Artpam no dia 13, com Eduardo Ladeira e Rodrigo Borges.
Fonte de inspiração disso tudo, Bartolomeu Campos de Queirós ganhará um túnel com painéis e telas em que seus textos analisam a obra de Pacheco. “Minha atuação como artista plástico é meio pop. Sempre interagi com músicos, escritores, atores e estilistas (o pintor foi tema até de desfile de Victor Dzenk). O próprio Bartolomeu foi meu amigo durante mais de 30 anos. Daí veio a ideia de usar isso aqui tanto para as artes visuais quanto para saraus, concertos ou lançamento de livros. É um espaço das artes”, resume.
PROGRAMA DE SÁBADO
14h – Abertura do Artpam e instalação Eu gosto dos Beatles e de jabuticabas, com Fernando Pacheco
14h30 – Performance teatral Aqui tem papo de pato, com o ator Luiz Gomide. Direção: Pedro Paulo Cava
15h15 – Instalação ConSerto de piano. Exposição de telas criadas a partir de livros de Bartolomeu Campos de Queirós
16h – Performance teatral Saudade da mãe, baseado no livro Vermelho amargo. Com a atriz Ana Gusmão. Direção: Pedro Paulo Cava
16h20 – Visita ao memorial com videodepoimento de Bartolomeu Campos de Queirós
17h – Show de Tavinho Moura
18h – Visita ao ateliê Fernando Pacheco
ARTPAM 2014
Dias 6, 7, 13 e 14. Centro de Arte Fernando Pacheco, Avenida Dora Tomich Laender, 301, Pampulha, próximo da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB). Aconselha-se o uso de sapato baixo ou tênis. Todas as atividades são gratuitas, mas é preciso inscrição prévia pelo site www.artpam.com.br ou pelo e-mail artpambh@gmail.com. Lotação limitada. É obrigatório confirmar presença. Programação completa no site.