Gloria Perez se diz “curiosíssima” a respeito da história de Hilda Maia. A autora fala com carinho da época em que a minissérie foi produzida, com várias cenas gravadas em BH, e de suas conversas com Roberto Drummond, que morreu há 12 anos. “Eu me comovi muito ao me lembrar dele, em quanto ele ia se emocionar com esse reencontro”, afirma a novelista. “Bateu aquela saudade do amigo, dos tempos de produção da série e dos longos papos. Ele contava as histórias da zona boêmia e de suas personagens de modo a me transportar para aquele mundo que não conheci, mas que tinha a missão de transcrever para as câmeras”, comenta ela.
Gloria sempre teve a curiosidade em saber o que ocorrera a Hilda depois de deixar o Maravilhoso Hotel. Moça bem-nascida, elegante e frequentadora do Minas Tênis Clube, a personagem de Roberto Drummond trocou sua vida de conforto por um quarto na zona boêmia da BH dos anos 1950. “Que bom que vocês a encontraram! Comovente a trajetória dela. Pelo que li na matéria, Hilda vai render ainda muitos e muitos capítulos”, destacou a autora, que no momento se dedica à série policial Dupla identidade, cuja estreia está prevista para a segunda quinzena de setembro na TV Globo.
A autora admite que pensou em adaptar outros livros de Roberto Drummond para a televisão. De acordo com ela, o mineiro era um grande contador de histórias, atento observador do comportamento humano. “Seus romances são habitados por tipos que a gente não esquece. Gosto do olhar curioso dele sobre a vida, da maneira perspicaz e bem-humorada como conta as mazelas da sociedade”, elogia Gloria.
Domingo, o EM publicou a reportagem “Outono de um mito” revelando o drama de Hilda Maia, que deixou a zona boêmia de BH para se casar com Paulo Valentim, craque do Atlético e ídolo do Boca Juniors, em Buenos Aires. Depois da vida de luxos na Argentina, onde nasceu Ulisses, filho do casal, Paulo fracassou nos estádios – bebedeiras e o jogo aniquilaram sua carreira. O jogador morreu em 1984 e Hilda passou a depender de Ulisses, que faleceu em 2013. Desamparada, ela foi acolhida pelo governo portenho e mora no asilo Hogar Dr. Guillermo Rawson, na capital argentina.
Gloria Perez, ainda no domingo, compartilhou a reportagem no Twitter, ressaltando que Roberto Drummond adoraria a novidade revelada pelo EM. “Vocês nem imaginam quantas Hilda Furacão apareceram quando a série passou! Até a Lady Francisco cismou que era ela”, escreveu a novelista em seu post.
Obras completas de Roberto Drummond
- A morte de DJ em Paris
- O dia em que Ernest Hemingway morreu crucificado
- Sangue de Coca-Cola
- Quando fui morto em Cuba
- Hitler manda lembranças
- Ontem à noite era sexta-feira
- Hilda Furacão
- Inês é morta
- O homem que subornou a morte e outras histórias
- O cheiro de Deus
- Dia de São Nunca à tarde
- Os mortos não dançam valsa
- O Estripador da Rua G
- Uma paixão em preto e branco (publicação póstuma com crônicas sobre o Clube Atlético Mineiro)
Reedições à vista
O romance Hilda Furacão, de Roberto Drummond, é campeão de vendas: cerca de 200 mil exemplares foram comercializados desde o lançamento, em 1991. Atualmente, os direitos pertencem à Geração Editorial, que imprimiu 5 mil livros em junho, devido à adoção do romance para concurso.
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A Geração Editorial detém os direitos sobre a maioria dos livros de Roberto Drummond. “Estou tentando a aquisição de três títulos em poder da Objetiva: O cheiro de Deus, A morte de DJ em Paris e Os mortos não dançam valsa. Os outros já estão conosco”, informa Emediato.
Em janeiro, ele pretende relançar Hitler manda lembranças e Ontem à noite era sexta-feira. “Cada edição terá 5 mil exemplares”, antecipa.
O editor e jornalista fala com carinho do amigo. “Certa vez, nós fomos a Vinhedo, no Rio Grande do Sul, para uma palestra sobre Hilda Furacão. Roberto ficou fascinado com o fato de todos os estudantes terem lido o livro. Faziam uma série de perguntas, sempre sobre a existência de Hilda. Ele alegava que a história era real, mas rodeava, não respondia. Contava várias passagens da personagem, mas não dizia se eram verdade ou não”, relembra.
A palestra para os gaúchos ocorreu um mês antes da morte do autor, em junho de 2002. “Recebi a notícia como uma bomba. Grande escritor, Roberto nos faz muita falta. Sua obra é fantástica.” Emediato pretende adquirir os direitos sobre todos os livros de Drummond para lançar a obra completa do mineiro. “Um dos maiores nomes da literatura brasileira, ele merece ser tratado como tal”, conclui.