O reino fantástico de Ariano Suassuna ganhará novamente as telas com os contornos mágicos de Luiz Fernando Carvalho. O diretor, atualmente à frente de Meu pedacinho de chão, novela da TV Globo, adaptará 'A história de amor de Fernando e Isaura' para uma minissérie televisiva.
O projeto foi divulgado por ele na quinta-feira, 24, durante o velório do escritor, no Palácio do Campo das Princesas. Ele chegou de madrugada e voltou para o Rio de Janeiro, onde mora, no mesmo dia. A versão audiovisual ainda está em processo de roteirização e não tem data definida para estreia, mas pode começar a ser rodada em 2015.
Aluno do mestre Ariano. Assim Luiz Fernando Carvalho se definiu. "Eu adaptei os extremos de Ariano: A farsa da boa preguiça (1995), Uma mulher vestida de sol (1994) e também A pedra do reino (2007)", comparou o diretor, sobre o espetáculo cômico escrito em 1964, a tragédia teatral de 1947 e o romance de 700 páginas sobre o grupo que fez ressurgir Dom Sebastião em São José do Belmonte, no Sertão pernambucano, publicado em 1971.
O"pequeno e lindo" romance, como explicou Carvalho a trama de A história de amor de Fernando e Isaura, escrito em 1956. Baseado na paixão lendária entre o cavaleiro Tristão e a princesa Isolda, o livro é ambientado em Alagoas, com muitas cenas à beira do mar.
Noveleiro declarado - a família até dizia que ele não assistia à televisão, mas brigava com ela -, Ariano não poderá participar ativamente, como fez das outras vezes, do processo de produção de Carvalho, em cujo trabalho tanto confiou. Ele ajudou na elaboração do roteiro e visitou o set de filmagens de A pedra do reino, com os pernambucanos Irandhir Santos, Prazeres Barbosa, Germano Haiut e Hilda Torres no elenco. A minissérie foi gravada em Taperoá, no Sertão da Paraíba, para onde Ariano se mudou após o assassinato do pai, quando tinha três anos.
Apesar da proximidade com os bastidores, fazia questão de conferir o resultado apenas durante a transmissão na televisão ou no cinema. "Adorei a adaptação de Os Maias para a TV, que Luiz Fernando Carvalho dirigiu. Fiquei com ciúmes do Eça de Queiroz. Gosto muito do Eça, mas gosto mais de mim", brincou, pouco antes da estreia de A pedra do reino.
Era brincadeira, claro. Ele já havia inspirado duas séries de Carvalho, Os Trapalhões no Auto da Compadecida e, em 1999, os quatro capítulos dirigidos por Guel Arraes baseados no Auto da Compadecida exibidos pela TV Globo multiplicaram o alcance da peça. As peripécias de Chicó e João Grilo, interpretados por Matheus Nachtergaele e Selton Mello, cravaram o nome de Ariano Suassuna não só na literatura brasileira, mas na produção audiovisual.
ENTREVISTA // Luiz Fernando Carvalho
Ariano Suassuna era muito criterioso com relação aos que iriam adaptar os textos dele. Como foi a relação de vocês?
Estar junto de Ariano era sempre uma grande viagem de aprendizagem. É um prazer imenso e ao mesmo tempo bem dificil de representar o Brasil sem Ariano Suassuna, que vai ser lembrado por muitos anos. Estar ao lado dele era enriquecedor, porque se em um determinado momento eu perguntava a diferenca entre jagunço e capanga, ele vinha me dar uma aula completa, sobre geografia, sobre música sertaneja, sobre geologia, sobre canto.
Como foi o processo de adaptação do texto para a linguagem audiovisual?
No processo de criação, parecíamos duas crianças. Nós ficávamos na casa de Ariano (no Poço da Panela, no Recife), sentados no chão, recortando xerox dos livros, escolhendo as frases, em um processo de colagem, mesmo. Era assim que surgiam os roteiros.
O projeto foi divulgado por ele na quinta-feira, 24, durante o velório do escritor, no Palácio do Campo das Princesas. Ele chegou de madrugada e voltou para o Rio de Janeiro, onde mora, no mesmo dia. A versão audiovisual ainda está em processo de roteirização e não tem data definida para estreia, mas pode começar a ser rodada em 2015.
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O"pequeno e lindo" romance, como explicou Carvalho a trama de A história de amor de Fernando e Isaura, escrito em 1956. Baseado na paixão lendária entre o cavaleiro Tristão e a princesa Isolda, o livro é ambientado em Alagoas, com muitas cenas à beira do mar.
Noveleiro declarado - a família até dizia que ele não assistia à televisão, mas brigava com ela -, Ariano não poderá participar ativamente, como fez das outras vezes, do processo de produção de Carvalho, em cujo trabalho tanto confiou. Ele ajudou na elaboração do roteiro e visitou o set de filmagens de A pedra do reino, com os pernambucanos Irandhir Santos, Prazeres Barbosa, Germano Haiut e Hilda Torres no elenco. A minissérie foi gravada em Taperoá, no Sertão da Paraíba, para onde Ariano se mudou após o assassinato do pai, quando tinha três anos.
Apesar da proximidade com os bastidores, fazia questão de conferir o resultado apenas durante a transmissão na televisão ou no cinema. "Adorei a adaptação de Os Maias para a TV, que Luiz Fernando Carvalho dirigiu. Fiquei com ciúmes do Eça de Queiroz. Gosto muito do Eça, mas gosto mais de mim", brincou, pouco antes da estreia de A pedra do reino.
Era brincadeira, claro. Ele já havia inspirado duas séries de Carvalho, Os Trapalhões no Auto da Compadecida e, em 1999, os quatro capítulos dirigidos por Guel Arraes baseados no Auto da Compadecida exibidos pela TV Globo multiplicaram o alcance da peça. As peripécias de Chicó e João Grilo, interpretados por Matheus Nachtergaele e Selton Mello, cravaram o nome de Ariano Suassuna não só na literatura brasileira, mas na produção audiovisual.
ENTREVISTA // Luiz Fernando Carvalho
Ariano Suassuna era muito criterioso com relação aos que iriam adaptar os textos dele. Como foi a relação de vocês?
Estar junto de Ariano era sempre uma grande viagem de aprendizagem. É um prazer imenso e ao mesmo tempo bem dificil de representar o Brasil sem Ariano Suassuna, que vai ser lembrado por muitos anos. Estar ao lado dele era enriquecedor, porque se em um determinado momento eu perguntava a diferenca entre jagunço e capanga, ele vinha me dar uma aula completa, sobre geografia, sobre música sertaneja, sobre geologia, sobre canto.
Como foi o processo de adaptação do texto para a linguagem audiovisual?
No processo de criação, parecíamos duas crianças. Nós ficávamos na casa de Ariano (no Poço da Panela, no Recife), sentados no chão, recortando xerox dos livros, escolhendo as frases, em um processo de colagem, mesmo. Era assim que surgiam os roteiros.