Começou na manhã desta sexta-feira, 18, o velório do escritor João Ubaldo Ribeiro no Salão dos Poetas Românticos, na Academia Brasileira de Letras (ABL). O enterro deve ser na manhã de sábado, 19, no mausoléu da ABL no cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. O escritor morreu nesta madrugada aos 73 anos.
A secretária de João Ubaldo Ribeiro, Valéria dos Santos, contou que ele vinha trabalhando em um novo romance havia “um ano e meio ou dois”. Ele acordava todos os dias por 4h ou 5h para aproveitar o sossego do horário e se sentava para escrever. Por volta das 10h, quando começavam os ruídos da casa, parava.
Hoje, ele se sentiu mal por volta das 3h e chamou pela mulher, a psicoterapeuta Berenice Batella, com quem morava na companhia da filha Francisca, no Leblon. Rapidamente, chegaram paramédicos que tentaram reanimá-lo. Às 3h30, foi constatada a morte de Ubaldo, contou Valéria. “Foi muito rápido e muito triste. Ubaldo era uma pessoa muito agradável, um gentleman, tinha uma delicadeza ao lidar com o ser humano”.
A secretária não sabe qual é o tema do romance inacabado. “Ele não me contou, dizendo que queria me proteger porque se eu soubesse todos me pressionariam para contar”. Valéria disse ainda que Ubaldo buscava tranquilidade para dar continuidade ao livro. Ele a pedia para cancelar compromissos e negar convites que chegavam diariamente, como participações em feiras literárias, conferências e homenagens.
As reuniões de trabalho entre os dois se davam entre skype ou e-mail, pois Ubaldo não gostava de falar por telefone. Valéria contou que, em maio, Ubaldo foi internado no hospital Samaritano com dificuldades respiratórias. Na ocasião, seu cardiologista o alertou para a necessidade de cortar em definitivo o cigarro - Ubaldo fumou a vida inteira. Ele chegou a reduzir a quantidade de cigarros, mas não parou. A causa da morte foi embolia pulmonar.
Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), em que ocupava a cadeira 34, Ribeiro era colunista do Estado e de O Globo. Além de 'Viva o povo brasileiro', o escritor se notabilizou por clássicos como 'Sargento Getúlio' e 'O sorriso do lagarto'.
Baiano que passou a infância e adolescência na Ilha de Itaparica — cenário de alguns de seus principais trabalhos e tema constante em suas colunas dominicais —, Ribeiro vivia no Rio, entre idas e vindas, desde os anos 70 do século passado. Ele deixa quatro filhos.
O presidente da Academia Brasileira de Letras, Geraldo Holanda Cavalcanti, determinou o cumprimento de luto por três dias pela morte do acadêmico João Ubaldo Ribeiro. A bandeira da ABL ficará hasteada a meio mastro. “É uma grande perda para a Academia, para o romance e o jornalismo nacionais . João Ubaldo Ribeiro deixa uma obra de excelência. Estamos todos muito chocados com a notícia”, afirmou.
Para o letrista, pesquisador e produtor cultural Hermínio Bello de Carvalho, João Ubaldo Ribeiro é descrito como "um operário da palavra, muito criativo e bastante sacana". "Nunca tivemos proximidade, mas sou seu leitor assíduo. A maneira como ele conta as coisas é uma delícia, é daqueles escritores que repartem sensações. Alguns livros dele são essenciais. Todas as palavras são pobres para dizer o que significa essa perda", afirmou. Carvalho lembra de um "fato doloroso". Estava perto de João Ubaldo, quando ele recebeu, por telefone, a notícia da morte do escritor Jorge Amado. "Ele desmoronou. Sempre tão efusivo e ficou transtornado"
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Hoje, ele se sentiu mal por volta das 3h e chamou pela mulher, a psicoterapeuta Berenice Batella, com quem morava na companhia da filha Francisca, no Leblon. Rapidamente, chegaram paramédicos que tentaram reanimá-lo. Às 3h30, foi constatada a morte de Ubaldo, contou Valéria. “Foi muito rápido e muito triste. Ubaldo era uma pessoa muito agradável, um gentleman, tinha uma delicadeza ao lidar com o ser humano”.
A secretária não sabe qual é o tema do romance inacabado. “Ele não me contou, dizendo que queria me proteger porque se eu soubesse todos me pressionariam para contar”. Valéria disse ainda que Ubaldo buscava tranquilidade para dar continuidade ao livro. Ele a pedia para cancelar compromissos e negar convites que chegavam diariamente, como participações em feiras literárias, conferências e homenagens.
As reuniões de trabalho entre os dois se davam entre skype ou e-mail, pois Ubaldo não gostava de falar por telefone. Valéria contou que, em maio, Ubaldo foi internado no hospital Samaritano com dificuldades respiratórias. Na ocasião, seu cardiologista o alertou para a necessidade de cortar em definitivo o cigarro - Ubaldo fumou a vida inteira. Ele chegou a reduzir a quantidade de cigarros, mas não parou. A causa da morte foi embolia pulmonar.
Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), em que ocupava a cadeira 34, Ribeiro era colunista do Estado e de O Globo. Além de 'Viva o povo brasileiro', o escritor se notabilizou por clássicos como 'Sargento Getúlio' e 'O sorriso do lagarto'.
Baiano que passou a infância e adolescência na Ilha de Itaparica — cenário de alguns de seus principais trabalhos e tema constante em suas colunas dominicais —, Ribeiro vivia no Rio, entre idas e vindas, desde os anos 70 do século passado. Ele deixa quatro filhos.
O presidente da Academia Brasileira de Letras, Geraldo Holanda Cavalcanti, determinou o cumprimento de luto por três dias pela morte do acadêmico João Ubaldo Ribeiro. A bandeira da ABL ficará hasteada a meio mastro. “É uma grande perda para a Academia, para o romance e o jornalismo nacionais . João Ubaldo Ribeiro deixa uma obra de excelência. Estamos todos muito chocados com a notícia”, afirmou.
Para o letrista, pesquisador e produtor cultural Hermínio Bello de Carvalho, João Ubaldo Ribeiro é descrito como "um operário da palavra, muito criativo e bastante sacana". "Nunca tivemos proximidade, mas sou seu leitor assíduo. A maneira como ele conta as coisas é uma delícia, é daqueles escritores que repartem sensações. Alguns livros dele são essenciais. Todas as palavras são pobres para dizer o que significa essa perda", afirmou. Carvalho lembra de um "fato doloroso". Estava perto de João Ubaldo, quando ele recebeu, por telefone, a notícia da morte do escritor Jorge Amado. "Ele desmoronou. Sempre tão efusivo e ficou transtornado"