A alemã Sibylle Berg confessa: passou os melhores momentos de sua infância dentro do teatro. Nem por isso ela planejou se tornar escritora. A dramaturgia, porém, foi um processo inevitável na trajetória de quem descobriu a paixão pela escrita aos 5 anos e experimentou pelo menos 60 tipos de atividades antes de publicar o primeiro livro, há 20 anos. Reconhecida como uma das personalidades mais inquietas do teatro contemporâneo alemão, Sibylle Berg é autora de 'Es sagt mir nichts, das sogenannte draussen' (The so-called outside means nothing to me), que estreia nesta quarta no Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte (FIT-BH).
“Depois de crescida, comecei a achar o teatro muito chato e a sentir tédio. Quando me lembrava das experiências da época de criança, pensei se poderia fazer melhor do que o que estava em cartaz”, conta Sibylle. Nos últimos 12 anos, a alemã escreveu 16 peças. Trata-se de uma tarefa cotidiana – é isso que ela dá a entender ao explicar a sua dramaturgia.
O texto de 'Es sagt mir nichts...', por exemplo, nasceu de uma conversa que Sibylle, de 51 anos, teve com uma jovem atriz. “Fiquei pensando no quanto houve ou não mudança. As garotas têm as mesmas inquietações: ‘O que estou fazendo neste mundo?’, ‘Qual o meu lugar nele?’, ‘Estou bem?’. É pior do que na minha época, pois elas precisam lidar com o terror da boa aparência e o poder do dinheiro”, comenta.
HUMOR Sem vitimizar ninguém, a montagem em cartaz em BH pretende oferecer um olhar mais atento sobre a mulher contemporânea. A proposta de Sibylle encontrou eco no diretor Sebastian Nübling. Além de ter entendido a crítica que a dramaturga queria fazer, ele soube acrescentar humor à encenação.
“Sebastian ajudou a mostrar a graça dessas meninas, o poder que elas têm e o sentimento de estarem perdidas em um mundo tão rápido. Vi a peça ontem, e, mais uma vez, percebi como ela ajuda a mulher a demonstrar poder e o homem a entender as garotas”, conta Sibylle.
'Es sagt mir nichts...', encenada pelo Grupo Maxim Gorki, é uma comédia, portanto. O elenco reúne as atrizes Nora Abdel-Maksoud, Suna Gürler, Rahel Jankowski e Cynthia Micas. O texto apresentado em BH terá legendas. Na trama, uma garota, sozinha em seu apartamento, comunica-se com os amigos pela internet, enquanto um homem acompanha tudo em tempo real, no porão.
CULTO Embora destaque questões femininas, Sibylle avisa que não é panfletária. Ela diz oferecer, simplesmente, uma observação social. Para a escritora, o culto ao corpo afeta muito mais a mulher do que o homem, embora ambos tenham ficado mais vaidosos.
“Nós, mulheres, temos uma longa história sem poder social”, lembra a dramaturga. Por outro lado, adverte, sempre existiram pressões. “Tenho certeza de que no Brasil há, neste momento, mulheres olhando revistas e dizendo: ‘Ela está gorda’, ‘Está magra’. Não dou respostas na peça, porque essa não é a minha função. Apenas abro uma pequena janela no cérebro das jovens para mostrar um pouco sobre como lidar com isso”, conclui Sibylle Berg.
ES SAGT MIR NICHTS, DAS SOGENANNTE DRAUSSEN
Teatro Francisco Nunes. Parque Municipal, Avenida Afonso Pena, s/nº, Centro. Quarta, 21h; quinta, 19h e 21h. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda no Mercado das Flores (esquina de Avenida Afonso Pena com Rua da Bahia, Centro). Informações: (31) 3277-7666.
“Depois de crescida, comecei a achar o teatro muito chato e a sentir tédio. Quando me lembrava das experiências da época de criança, pensei se poderia fazer melhor do que o que estava em cartaz”, conta Sibylle. Nos últimos 12 anos, a alemã escreveu 16 peças. Trata-se de uma tarefa cotidiana – é isso que ela dá a entender ao explicar a sua dramaturgia.
O texto de 'Es sagt mir nichts...', por exemplo, nasceu de uma conversa que Sibylle, de 51 anos, teve com uma jovem atriz. “Fiquei pensando no quanto houve ou não mudança. As garotas têm as mesmas inquietações: ‘O que estou fazendo neste mundo?’, ‘Qual o meu lugar nele?’, ‘Estou bem?’. É pior do que na minha época, pois elas precisam lidar com o terror da boa aparência e o poder do dinheiro”, comenta.
HUMOR Sem vitimizar ninguém, a montagem em cartaz em BH pretende oferecer um olhar mais atento sobre a mulher contemporânea. A proposta de Sibylle encontrou eco no diretor Sebastian Nübling. Além de ter entendido a crítica que a dramaturga queria fazer, ele soube acrescentar humor à encenação.
“Sebastian ajudou a mostrar a graça dessas meninas, o poder que elas têm e o sentimento de estarem perdidas em um mundo tão rápido. Vi a peça ontem, e, mais uma vez, percebi como ela ajuda a mulher a demonstrar poder e o homem a entender as garotas”, conta Sibylle.
'Es sagt mir nichts...', encenada pelo Grupo Maxim Gorki, é uma comédia, portanto. O elenco reúne as atrizes Nora Abdel-Maksoud, Suna Gürler, Rahel Jankowski e Cynthia Micas. O texto apresentado em BH terá legendas. Na trama, uma garota, sozinha em seu apartamento, comunica-se com os amigos pela internet, enquanto um homem acompanha tudo em tempo real, no porão.
CULTO Embora destaque questões femininas, Sibylle avisa que não é panfletária. Ela diz oferecer, simplesmente, uma observação social. Para a escritora, o culto ao corpo afeta muito mais a mulher do que o homem, embora ambos tenham ficado mais vaidosos.
“Nós, mulheres, temos uma longa história sem poder social”, lembra a dramaturga. Por outro lado, adverte, sempre existiram pressões. “Tenho certeza de que no Brasil há, neste momento, mulheres olhando revistas e dizendo: ‘Ela está gorda’, ‘Está magra’. Não dou respostas na peça, porque essa não é a minha função. Apenas abro uma pequena janela no cérebro das jovens para mostrar um pouco sobre como lidar com isso”, conclui Sibylle Berg.
ES SAGT MIR NICHTS, DAS SOGENANNTE DRAUSSEN
Teatro Francisco Nunes. Parque Municipal, Avenida Afonso Pena, s/nº, Centro. Quarta, 21h; quinta, 19h e 21h. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda no Mercado das Flores (esquina de Avenida Afonso Pena com Rua da Bahia, Centro). Informações: (31) 3277-7666.