Générik Vapeur está de volta a Belo Horizonte e, mais uma vez, o convite é para embarcar junto com a companhia francesa. O teatro do grupo não faz o menor sentido se não for feito para a cidade e, principalmente, com o público local. Foi assim em 1994, quando a trupe de homens azuis invadiu a Avenida Afonso Pena e incendiou quem acompanhou o cortejo de Bivouac. Teve repeteco em 1997.
Quase 20 anos depois, a ocupação urbana ainda é o ponto forte de 'Jamais 203', a grande atração do fim de semana no Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte. O novo encontro com BH está marcado para amanhã, às 17h30, na Avenida dos Andradas.
Os tempos são outros, os temas também, mas a essência do Générik Vapeur permanece a mesma. “Já nos perguntamos porque não fazer em uma sala de espetáculos. Queremos sentir o clima, tanto metereológico, como social. Criamos uma relação direta com a cidade”, explica, em bom português, o ator Kevin Morizur. Há 10 anos ele faz parte do elenco da trupe e desde que entrou escuta casos sobre BH. “É um dos grandes momentos da companhia”, conta.
“Foi um encontro explosivo. Não é só a lembrança de um bom espetáculo, mas de um bom encontro com os habitantes”, reforça Bernard Llopis. Ele é um dos mais experientes do Générik. Esteve aqui com Bivouac e ainda se surpreende quando algum mineiro recorda aquela experiência. “É muito emocionante quando você sabe que o público também se lembra que você passou pela cidade”. Eles querem, no mínimo, repetir o feito.
'Jamais 203' parte do universo das corridas ciclísticas. A montagem de 2008 nasceu como uma inquietação dos diretores frente aos grandes eventos esportivos mundiais. “Pensando que um evento como Tour de France é muito caro para uma cidade, a companhia decidiu imaginar uma das etapas para as cidades que não têm dinheiro”, conta Kevin. Esse é apenas o ponto de partida, bastante oportuno para ano de Copa do Mundo no Brasil.
As bicicletas na rua são pretexto para falar sobre política, imprensa, individualismo e tudo mais que pode estar implicado em um evento de grande porte. O cortejo está marcado para 17h30, na Avenida dos Andradas, esquina com Alameda Ezequiel Dias, e termina na Praça da Estação. Kevin faz questão de frisar que o público deve acompanhar o percurso. Não tem a menor graça ficar esperando o final apoteótico.
À medida em que o grupo avança na avenida, as cenas vão sendo construídas. Além dos 25 ciclistas, muitos deles voluntários de Belo Horizonte, há referências circenses com o globo da morte e outras acrobacias. Como sempre, a estrutura do Générik é enorme. Os responsáveis pela produção chegaram a BH 10 dias antes da apresentação para montagem. Praticamente tudo é fabricado aqui, inclusive uma enorme roda com fragmentos de bicicleta.
Um carro foi adaptado para fazer parte do cortejo, que também tem um trio elétrico. 'Jamais 203' tem a trilha sonora executada ao vivo pelos músicos da companhia. A duração é de cerca de uma hora, dependendo das improvisações. O elenco é formado por 15 performers do Générik, além dos 20 atores voluntários de Belo Horizonte.
As mulheres e a paz
Tem um quê de enigmático no nome do espetáculo português 1325. O ator Sérgio Agostinho garante que é proposital. O número é uma referência a uma resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, que trata da importância do papel das mulheres na construção e na manutenção da paz. 1325 é, portanto, sobre o feminino.
Criação da Cia Peripécia de Teatro, grupo situado em Vila Real, o espetáculo é fruto de longa pesquisa. Foram cinco meses de trabalho pesado e mais de um ano de leitura de sobre personagens históricos como Rosa Parks, Aung San Suu Kyi, Aminetu Haidar, Wangari Maathai e Graça Machel. O texto fala sobre o quanto o trabalho delas contribuiu para o clima de paz em diversas partes do mundo.
“Gostamos de brincar, improvisar, experimentar. O espetáculo vai saindo pouco a pouco, cozinhado a fogo lento” diz Sérgio Agostinho. É característico do Peripécia trabalhar com palco limpo e muitos objetos que ganham novos significados. No caso de 1325, os figurinos cumprem funções que vão além de vestir os atores. “O universo plástico gira em torno dos tecidos”, explica Agostinho.
Origem da vida
Se a apresentação do Générik Vapeur atrai multidões, o trabalho de outro grupo francês, Eolie Songe, tem proposta oposta. Augenblick dream (foto)se passa em uma pequena tenda, montada no Parque Municipal. O espetáculo multimídia nasceu de experiência em um acelerador de partículas situado a 100 metros de profundidade. Dentro do espaço de encenação, Charles Pietri e Pierre Pietri procuram repetir as sensações. Eles ficam no meio, circulados pela plateia e monitores. “Falamos sobre a origem da humanidade”, resume Pierre Pietri. Será a primeira vez que a companhia se apresenta na América Latina. Serão três apresentações por dia para uma plateia restrita a 70 pessoas. Vai dar fila na porta!
FIT-BH
Até dia 25, em Belo Horizonte. Ingressos para espetáculos de palco e espaço alternativo R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda no Mercado das Flores, Av. Afonso Pena com Rua da Bahia, ou pelo site.
Fique ligado
Na rua
Hoje
9h – 'Café?' (SP), na Estação BH Bus Diamante
15h30 – 'De mala às artes', na Av. Cachoeirinha, 2.221 (próx. à Casa de Candongas)
18h30 – 'As raízes do mineiro pau e do boi pintadinho', na Praça do Encontro, Espaço Cortição (regional Venda Nova)
17h – 'Café?' (SP), na Estação BH Bus Diamante
Amanhã
11h, 14h30 e 16h30 – 'Augenblick dream' (França), no Parque Municipal
16h – 'As raízes do mineiro pau e do boi pintadinho' (RJ), no Parque Professor Guilherme Lage (regional Nordeste)
17h30 – 'Jamais 203' (França), na Avenida dos Andradas esquina com Alameda Ezequiel Dias
Domingo
11h, 14h30 e 16h30 – 'Augenblick dream' (França), no Parque Municipal
16h30 – 'De mala às artes, no Parque Estrela Dalva' (regional Oeste)
No palco
Hoje
15h30 – 'Menino azul' (MG), no Teatro da Cidade
21h – '1325' (Portugal), no Teatro da Biblioteca Pública
Amanhã
20h – 'Oratório' – A saga de Dom Quixote e Sancho Pança (MG), no Teatro Francisco Nunes
20h – 'De nós dois, só' (MG), no Espaço Ambiente
21h – '1325' (Portugal), no Teatro da Biblioteca Pública
21h – 'O líquido tátil' (MG), na Sala Juvenal Dias (Palácio das Artes)
21h – 'Memórias em tempos líquidos' (MG), no Oi Futuro
Domingo
19h – 'Oratório' – A saga de Dom Quixote e Sancho Pança (MG), no Teatro Francisco Nunes
19h30 – '1325' (Portugal), no Teatro da Biblioteca Pública
19h30 – 'Memórias em tempos líquidos' (MG), no Oi Futuro
20h – 'De nós dois, só' (MG), no Espaço Ambiente
20h – 'O líquido tátil' (MG), na Sala Juvenal Dias (Palácio das Artes)
* Os espetáculos de rua têm entrada franca
Quase 20 anos depois, a ocupação urbana ainda é o ponto forte de 'Jamais 203', a grande atração do fim de semana no Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte. O novo encontro com BH está marcado para amanhã, às 17h30, na Avenida dos Andradas.
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“Foi um encontro explosivo. Não é só a lembrança de um bom espetáculo, mas de um bom encontro com os habitantes”, reforça Bernard Llopis. Ele é um dos mais experientes do Générik. Esteve aqui com Bivouac e ainda se surpreende quando algum mineiro recorda aquela experiência. “É muito emocionante quando você sabe que o público também se lembra que você passou pela cidade”. Eles querem, no mínimo, repetir o feito.
'Jamais 203' parte do universo das corridas ciclísticas. A montagem de 2008 nasceu como uma inquietação dos diretores frente aos grandes eventos esportivos mundiais. “Pensando que um evento como Tour de France é muito caro para uma cidade, a companhia decidiu imaginar uma das etapas para as cidades que não têm dinheiro”, conta Kevin. Esse é apenas o ponto de partida, bastante oportuno para ano de Copa do Mundo no Brasil.
As bicicletas na rua são pretexto para falar sobre política, imprensa, individualismo e tudo mais que pode estar implicado em um evento de grande porte. O cortejo está marcado para 17h30, na Avenida dos Andradas, esquina com Alameda Ezequiel Dias, e termina na Praça da Estação. Kevin faz questão de frisar que o público deve acompanhar o percurso. Não tem a menor graça ficar esperando o final apoteótico.
À medida em que o grupo avança na avenida, as cenas vão sendo construídas. Além dos 25 ciclistas, muitos deles voluntários de Belo Horizonte, há referências circenses com o globo da morte e outras acrobacias. Como sempre, a estrutura do Générik é enorme. Os responsáveis pela produção chegaram a BH 10 dias antes da apresentação para montagem. Praticamente tudo é fabricado aqui, inclusive uma enorme roda com fragmentos de bicicleta.
Um carro foi adaptado para fazer parte do cortejo, que também tem um trio elétrico. 'Jamais 203' tem a trilha sonora executada ao vivo pelos músicos da companhia. A duração é de cerca de uma hora, dependendo das improvisações. O elenco é formado por 15 performers do Générik, além dos 20 atores voluntários de Belo Horizonte.
As mulheres e a paz
Tem um quê de enigmático no nome do espetáculo português 1325. O ator Sérgio Agostinho garante que é proposital. O número é uma referência a uma resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, que trata da importância do papel das mulheres na construção e na manutenção da paz. 1325 é, portanto, sobre o feminino.
Criação da Cia Peripécia de Teatro, grupo situado em Vila Real, o espetáculo é fruto de longa pesquisa. Foram cinco meses de trabalho pesado e mais de um ano de leitura de sobre personagens históricos como Rosa Parks, Aung San Suu Kyi, Aminetu Haidar, Wangari Maathai e Graça Machel. O texto fala sobre o quanto o trabalho delas contribuiu para o clima de paz em diversas partes do mundo.
“Gostamos de brincar, improvisar, experimentar. O espetáculo vai saindo pouco a pouco, cozinhado a fogo lento” diz Sérgio Agostinho. É característico do Peripécia trabalhar com palco limpo e muitos objetos que ganham novos significados. No caso de 1325, os figurinos cumprem funções que vão além de vestir os atores. “O universo plástico gira em torno dos tecidos”, explica Agostinho.
Origem da vida
Se a apresentação do Générik Vapeur atrai multidões, o trabalho de outro grupo francês, Eolie Songe, tem proposta oposta. Augenblick dream (foto)se passa em uma pequena tenda, montada no Parque Municipal. O espetáculo multimídia nasceu de experiência em um acelerador de partículas situado a 100 metros de profundidade. Dentro do espaço de encenação, Charles Pietri e Pierre Pietri procuram repetir as sensações. Eles ficam no meio, circulados pela plateia e monitores. “Falamos sobre a origem da humanidade”, resume Pierre Pietri. Será a primeira vez que a companhia se apresenta na América Latina. Serão três apresentações por dia para uma plateia restrita a 70 pessoas. Vai dar fila na porta!
FIT-BH
Até dia 25, em Belo Horizonte. Ingressos para espetáculos de palco e espaço alternativo R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda no Mercado das Flores, Av. Afonso Pena com Rua da Bahia, ou pelo site.
Fique ligado
Na rua
Hoje
9h – 'Café?' (SP), na Estação BH Bus Diamante
15h30 – 'De mala às artes', na Av. Cachoeirinha, 2.221 (próx. à Casa de Candongas)
18h30 – 'As raízes do mineiro pau e do boi pintadinho', na Praça do Encontro, Espaço Cortição (regional Venda Nova)
17h – 'Café?' (SP), na Estação BH Bus Diamante
Amanhã
11h, 14h30 e 16h30 – 'Augenblick dream' (França), no Parque Municipal
16h – 'As raízes do mineiro pau e do boi pintadinho' (RJ), no Parque Professor Guilherme Lage (regional Nordeste)
17h30 – 'Jamais 203' (França), na Avenida dos Andradas esquina com Alameda Ezequiel Dias
Domingo
11h, 14h30 e 16h30 – 'Augenblick dream' (França), no Parque Municipal
16h30 – 'De mala às artes, no Parque Estrela Dalva' (regional Oeste)
No palco
Hoje
15h30 – 'Menino azul' (MG), no Teatro da Cidade
21h – '1325' (Portugal), no Teatro da Biblioteca Pública
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20h – 'Oratório' – A saga de Dom Quixote e Sancho Pança (MG), no Teatro Francisco Nunes
20h – 'De nós dois, só' (MG), no Espaço Ambiente
21h – '1325' (Portugal), no Teatro da Biblioteca Pública
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21h – 'Memórias em tempos líquidos' (MG), no Oi Futuro
Domingo
19h – 'Oratório' – A saga de Dom Quixote e Sancho Pança (MG), no Teatro Francisco Nunes
19h30 – '1325' (Portugal), no Teatro da Biblioteca Pública
19h30 – 'Memórias em tempos líquidos' (MG), no Oi Futuro
20h – 'De nós dois, só' (MG), no Espaço Ambiente
20h – 'O líquido tátil' (MG), na Sala Juvenal Dias (Palácio das Artes)
* Os espetáculos de rua têm entrada franca