Um fato real inspirou Freud – A última sessão, atração do Palácio das Artes no fim de semana. Nos anos 1940, o teólogo C. S. Lewis (papel de Anderson Müller) escreveu artigos criticando o ateu Sigmund Freud (Hélio Ribeiro) e suas ideias. Certo dia, o pai da psicanálise convidou o rapaz para ir à sua casa e o enredou em questões que o deixaram perdido. A peça do psiquiatra Mark St. Germain se inspirou no livro Deus em questão, de Armand Nicholi, e foi destaque no circuito off-Broadway há três anos.
“É um duelo entre dois homens brilhantes”, explica a diretora Ticiana Studart. E vai logo avisando: a peça tem impacto sobre o espectador. A argumentação dos protagonistas, apresentada em texto bem escrito e profundo, é uma comédia que faz pensar, revela.
“Para mim, teatro deve mexer com as pessoas. Sou idealista, continuo achando que, no palco, deve-se comunicar alguma coisa”, diz Ticiana. Encerrado o espetáculo, a peça não pode ser rapidamente esquecida. “O bom é quando a conversa continua, quando o texto te leva a pensar”, acrescenta ela, convicta de que essa dimensão não se opõe à diversão.
A peça marca a volta de Ticiana aos palcos depois de dois anos de afastamento. Nesse período, ela escreveu Fora do normal (Record), sobre sua luta contra a dependência química e o transtorno bipolar, e dirigiu curta-metragem Apenas uma possibilidade.
Com 53 anos, Ticiana é atriz desde 1979. Morou em Nova York e estreou como diretora em Delicadas torturas (1988). A peça deu o Prêmio Molière a Paulo José e o Mambembe às atrizes Zezé Polessa e Lília Cabral.
FREUD – A ÚLTIMA SESSÃO
Com Hélio Ribeiro e Anderson Müller. Direção: Ticiana Studart. Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Amanhã, às 21h; domingo, às 19h. Ingressos: R$ 50.