O idoso alemão Cornelius Gurlitt, que possuía um acervo de mais de 1.400 obras de arte roubadas, várias delas de judeus durante o nazismo, faleceu nesta terça-feira, anunciou seu porta-voz em um comunicado.
Cornelius Gurlitt, um idoso de 81 anos que vivia isolado em um apartamento de Munique cercado de obras-primas de Chagall e Matisse, ficou famoso em novembro do ano passado quando a imprensa revelou a existência de seu tesouro.
O caso reavivou de forma espetacular a polêmica sobre a restituição das obras roubadas pelos nazistas.
"Cornelius Gurlitt morreu (nesta terça-feira) pela manhã em seu apartamento de Schwabing (Munique), na presença de seu médico e de um enfermeiro", afirmou o porta-voz, Stephan Holzinger.
"Depois de uma difícil cirurgia no coração e de ter permanecido por várias semanas em uma clínica, Gurlitt quis voltar ao seu apartamento de Schwabing", indicou o comunicado.
Em abril, ele assinou um acordo com o Estado alemão para restituir as obras provenientes da espoliação de judeus aos seus herdeiros legais, com a condição que os mesmos fossem identificados no prazo de um ano.
Há dois anos, a justiça havia confiscado de Gurlitt obras que pertenceram ao seu pai, um marchand de passado turbulento que viveu sob o regime nazista (1933-45), no âmbito de uma investigação por fraude fiscal. No total, 1.406 obras foram encontradas, incluindo de grandes mestres da pintura como Picasso, Cézanne, Renoir e Dix.
Um dos quadros, "Mulher Sentada" de Matisse, é reivindicado pelos herdeiros do marchand judeu francês Paul Rosenberg, avô da jornalista francesa Anne Sinclair. Logo depois do anúncio de sua morte, as autoridades alemãs reagiram nesta terça elogiando a recente decisão de Gurlitt de cumprir os acordos de Washington de 1998, nos quais 44 países, entre eles a Alemanha, comprometeram-se a restituir obras de arte roubadas pelos nazistas aos antigos donos.
"Este será o mérito de Cornelius Gurlitt, o de enviar um sinal, como um indivíduo, reconhecendo sua responsabilidade moral, a fim de encontrar soluções justas", ressaltou a secretário de Estado alemão da Cultura, Monika Grütter.
Procurado pela AFP, o porta-voz de Gurlitt não foi capaz de dizer se ele chegou a fazer um testamento. Sem filhos, Cornelius Gurlitt tinha uma irmã, já falecida. Não há possíveis herdeiros reconhecidos até este momento. Seu cunhado, Nikolaus Frässle, não foi encontrado para comentar a morte do idoso.
Segundo o Ministério da Justiça da Baviera, que analisa o caso, a morte de Gurlitt não muda o acordo assinado no início de abril com as autoridades alemãs sobre a busca das origens das obras e suas possíveis restituições. "O acordo também vincula possíveis herdeiros", indicou um porta-voz do ministério regional à AFP.
Este acordo não inclui outras 238 obras que estavam em seu poder guardadas em outra de suas propriedades, em Salzburgo (Áustria). A existência dessas obras adicionais - 39 pinturas a óleo e aquarelas também assinadas por grandes nomes da arte - foi revelada à imprensa em fevereiro.
Gurlitt e seus advogados tinham prometido na época que encarregariam historiadores de rastrear a origem das obras e seus potenciais beneficiários. Aparentemente dominado pela cobertura da mídia sobre sua história, o homem de cabelos brancos, que preferia escrever uma carta a telefonar, criou há alguns meses um site de informações: "www.gurlitt.info". "Eu só queria viver com as minhas pinturas, em paz e tranquilidade", escreveu ele no topo da sua página inicial.
Cornelius Gurlitt, um idoso de 81 anos que vivia isolado em um apartamento de Munique cercado de obras-primas de Chagall e Matisse, ficou famoso em novembro do ano passado quando a imprensa revelou a existência de seu tesouro.
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"Cornelius Gurlitt morreu (nesta terça-feira) pela manhã em seu apartamento de Schwabing (Munique), na presença de seu médico e de um enfermeiro", afirmou o porta-voz, Stephan Holzinger.
"Depois de uma difícil cirurgia no coração e de ter permanecido por várias semanas em uma clínica, Gurlitt quis voltar ao seu apartamento de Schwabing", indicou o comunicado.
Em abril, ele assinou um acordo com o Estado alemão para restituir as obras provenientes da espoliação de judeus aos seus herdeiros legais, com a condição que os mesmos fossem identificados no prazo de um ano.
Há dois anos, a justiça havia confiscado de Gurlitt obras que pertenceram ao seu pai, um marchand de passado turbulento que viveu sob o regime nazista (1933-45), no âmbito de uma investigação por fraude fiscal. No total, 1.406 obras foram encontradas, incluindo de grandes mestres da pintura como Picasso, Cézanne, Renoir e Dix.
Um dos quadros, "Mulher Sentada" de Matisse, é reivindicado pelos herdeiros do marchand judeu francês Paul Rosenberg, avô da jornalista francesa Anne Sinclair. Logo depois do anúncio de sua morte, as autoridades alemãs reagiram nesta terça elogiando a recente decisão de Gurlitt de cumprir os acordos de Washington de 1998, nos quais 44 países, entre eles a Alemanha, comprometeram-se a restituir obras de arte roubadas pelos nazistas aos antigos donos.
"Este será o mérito de Cornelius Gurlitt, o de enviar um sinal, como um indivíduo, reconhecendo sua responsabilidade moral, a fim de encontrar soluções justas", ressaltou a secretário de Estado alemão da Cultura, Monika Grütter.
Procurado pela AFP, o porta-voz de Gurlitt não foi capaz de dizer se ele chegou a fazer um testamento. Sem filhos, Cornelius Gurlitt tinha uma irmã, já falecida. Não há possíveis herdeiros reconhecidos até este momento. Seu cunhado, Nikolaus Frässle, não foi encontrado para comentar a morte do idoso.
Segundo o Ministério da Justiça da Baviera, que analisa o caso, a morte de Gurlitt não muda o acordo assinado no início de abril com as autoridades alemãs sobre a busca das origens das obras e suas possíveis restituições. "O acordo também vincula possíveis herdeiros", indicou um porta-voz do ministério regional à AFP.
Este acordo não inclui outras 238 obras que estavam em seu poder guardadas em outra de suas propriedades, em Salzburgo (Áustria). A existência dessas obras adicionais - 39 pinturas a óleo e aquarelas também assinadas por grandes nomes da arte - foi revelada à imprensa em fevereiro.
Gurlitt e seus advogados tinham prometido na época que encarregariam historiadores de rastrear a origem das obras e seus potenciais beneficiários. Aparentemente dominado pela cobertura da mídia sobre sua história, o homem de cabelos brancos, que preferia escrever uma carta a telefonar, criou há alguns meses um site de informações: "www.gurlitt.info". "Eu só queria viver com as minhas pinturas, em paz e tranquilidade", escreveu ele no topo da sua página inicial.