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Mas o que importa aqui é o olhar afiado, nada cínico, sobre um ambiente em que o cinismo impera. Jotabê tira do foco os lugares-comuns, que geralmente preenchem as linhas das reportagens ditas culturais, para ir além do que se vê. A partir de um encontro muitas vezes imprevisto – Iggy Pop de meias e chinelo de borracha esperando um voo –, reexamina o protagonista em uma crônica atual, nada datada, que poderá ser lida daqui a 10, 15 anos.
Muitos dos cenários em que o autor encontrou seus personagens foram festivais, shows e coletivas de imprensa. Há os encontros fortuitos – Patti Smith numa cantina em Nova York; Perry Farrell no Muro das Lamentações, em Jerusalém – e aqueles que ocorreram num solo totalmente diverso da chamada cultura pop. No texto dedicado a Zé Ramalho, um dos poucos brasileiros retratados no livro, ele está em Piritiba, interior da Bahia, em uma festa de São João em que o cantor e compositor não pretende dar as caras. O faro de repórter de Jotabê faz aquele (quase) caso de polícia se tornar uma crônica apaixonada, sem purpurina ou bajulação.
• Trechos
>> Bob Dylan – “’Hey, Dylan!’ Nada, nenhuma reação do homem. ‘Hey, Dylan!’ ‘O que eu lhe diria?’, eu pensava, a cabeça formigando como pastel de feira no tacho fervente. Ele já ia sumindo na rua quando se voltou e respondeu com um grunhido: ‘You are a f... paparazzi!’ ‘Não, não, não’, eu jurava, querendo acreditar em minhas próprias palavras. ‘Para que a foto?’, ele perguntou. ‘Para o Facebook, para a gente mesmo’, menti. Eu me peguei mentindo para Bob Dylan, minha alma estava ficando atormentada, ele era o primeiro ídolo e será o último.”
>> Guns n’Roses –“Eu ainda me lembrava das cartinhas que centenas de fãs me enviaram acerca da minha última crítica a um show do Guns n’Roses, no dia 16 de janeiro de 2001.... ‘Parece que o jornalista estava sofrendo com uma dor de barriga durante os shows. Ou com uma insistente enxaqueca. Só assim para explicar seu mau humor e as críticas negativas que fez a absolutamente TODOS os shows, com comentários poucos convincentes ou pretensamente irônicos, como chamar o vocalista Axl Rose de ‘padre Marcelo de ocasião’, diz uma delas. Escrever crítica de rock, de um show visto por 130 mil pessoas, é como escalar o selecionado nacional – sempre haverá umas 30 mil que vão divergir violentamente de sua escolha. As outras serão muito mais objetivas: simplesmente vão querer matar você.”