Cia. de Dança Palácio das Artes aposta no diálogo com outras linguagens

Companhia planeja 'ocupação de Inhontim. Diretora tem reencontro marcado com o público para maio

por Carolina Braga 19/02/2014 07:00

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Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
Cristina Machado diz que bailarinos devem abandonar as zonas de conforto (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Saudade pode não ser a palavra apropriada, pois Cristina Machado nunca se distanciou da Cia. de Dança Palácio das Artes desde que comandou o grupo, em 1999. Mas a volta ao posto de diretora artística, no início do ano, reacendeu o ímpeto de investir em zonas fora do conforto. Com seu jeitinho tranquilo, Cristina não para. “Isso vai se traduzir em um repertório bastante interessante para nutrir e dar unidade a esta companhia em transformação”, promete.


Afinal, será apenas dança o que o grupo apresentará? Sim e não. Os planos são robustos. Para começar, seis jovens bailarinos se juntam ao elenco de 21 artistas. A ideia é continuar investigando processos de outras linguagens artísticas, cada vez mais incorporadas pela dança. Não é à toa que a bailarina e coreógrafa carioca Dani Lima vai comandar o próximo trabalho, que será elaborado em Inhotim, polo de arte contemporânea. A estreia está marcada para novembro.


“A montagem terá formato de ocupação e instalação, mas será bastante diferenciada de tudo o que a companhia fez”, adianta Cristina Machado. Ainda sem nome, o espetáculo vai recriar 'Falam as partes do todo?', apresentado por Dani e seu grupo em 2003. Cristina explica que os bailarinos revisitarão elementos que inspiraram a montagem original com o propósito de ressignificá-los em novos espaço e momento.


Como ainda não há local específico para a apresentação, Cristina Machado planeja transitar por vários espaços de Inhotim. Ela pretende deixar clara a interação da dança com outras artes e vice-versa. “Sabe o que é mais difícil? Fazer isso com um diálogo constante e vivo. O processo demanda a atenção do bailarino para o aqui e o agora”, explica.


Essa proposta tem marcado a trajetória recente da Cia. de Dança Palácio das Artes, sobretudo nas ocupações performáticas 'Branco em mim', no Memorial Minas Gerais Vale, e Se eu pudesse entrar na sua vida, em vários espaços de BH. A diretora observa que elas trouxeram aos bailarinos um grau de refinamento que, pouco a pouco, consolidou-se na prática.

DE NOVO

A recente remontagem de 'Branco em mim', no Memorial Minas Vale, marcou a volta de Cristina Machado à direção da Cia. de Dança Palácio das Artes. Ela anuncia para maio o reencontro do elenco com 'Entre o céu e as serras' (2000). Significativo para a companhia, o trabalho foi o primeiro a contar com a participação direta dos dançarinos no processo criativo. “Vamos refazer todo o cenário e o figurino. As imagens do vídeo ganharão novo tratamento. Esse espetáculo vem com subprodutos”, anuncia Cristina Machado.


Para 'Entre o céu e as serras', a companhia vai criar instalação para o foyer do Palácio das Artes e lançar uma série de programas de TV. Serão pílulas curtas trazendo um pouco dos vários significados da obra. “O novo formato não será apenas didático no sentido das falas. Queremos fazer das imagens ferramentas visuais para que o público tire as próprias conclusões”, conclui Cristina.

 

Multiartista

 

Bailarina, diretora artística, coreógrafa e produtora, a belo-horizontina Cristina Machado dançou nos grupos Camaleão e 1º Ato. De 1989 a 1998, integrou o elenco da Cia. de Dança Palácio das Artes. Cristina interpretou variado repertório de importantes coreógrafos, como Rodrigo Pederneiras, Oscar Araiz, Luis Arrieta, Tindaro Silvano, Dudude Herrmann e
Sônia Mota. Ela dirigiu os espetáculos 'Transtorna' (2006); 'Sonho de uma noite de verão' (2002), em parceira com Gabriel Vilella; e 'Entre o céu e as serras' (2000) com a Cia. de Dança Palácio das Artes. 

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