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A Galeria Ricardo Fernandes é criação de um mineiro de Belo Horizonte que mora na Europa há 20 anos. “Como sou do Brasil, a arte brasileira é um ponto forte da galeria. Mas é Brasil sem clichês”, avisa Ricardo. Ele começou trabalhando com design, mas abriu espaço para a arte e atua hoje nos dois setores. “As galerias de arte estão valorizando mais o design. É uma evolução”, conta, explicando que os espaços começam a ter interesse por peças com tiragem e assinadas pelos criadores.
Movendo o flerte do circuito internacional com a produção e criadores brasileiros está o fato de o Brasil estar em evidência. “Já somos conhecidos como país criativo na arquitetura, na música e em outros campos. A produção da nova geração de designers, em atividade a partir dos anos 2000, vem contribuindo para que o interesse continue crescendo”, explica. Marco decisivo para a nova situação, aponta, foi a atuação aclamada dos irmãos Campana, a partir dos anos 1990.
A situação posta para o designer brasileiro hoje, analisa Olavo, é produzir no Brasil sem perder a oportunidade de realização de projetos em outros países. “Estamos mais fortes”, comemora, lembrando que em 1999, quando ele se formou, a situação era muito mais difícil. Para ele, o Brasil tem hoje cena marcada pela aparição de novos talentos, com mais mostras, interesse de algumas indústrias pelo design e produtos de sucesso.
“Design é fenômeno cultural que só se consolida quando o público consome”, afirma Olavo. “Fundamental agora é criar, junto com a indústria, uma identidade brasileira”, argumenta. Para ele, não existe design forte sem indústria forte. O contexto nacional, apesar de estar melhor, precisa de compromissos mais extensos e aprofundados com o design.
Olavo Machado Neto sempre foi ligado à ilustração, ao design e à arte. Entre 1999 e 2000, estudou design em Milão, na Itália. Iniciou pesquisa com metal, material usado na indústria da família, primeiramente na área do mobiliário e depois em esculturas. Ganhou o prêmio Idea Brasil Ouro, na categoria casa, com um porta-chaves. Mostrou trabalhos no Salão Satélite, em Milão, na ICFF de Nova York e na Semana do Design de Valência, na Espanha, além de participar da mostra Casa Brasil.
TRICÔ
As atividades de Ana Vaz nos setores da moda, design e agora no campo da arte têm um ponto em comum: exploram novas possibilidades do tricô e do crochê. “Gosto da técnica, do material e da memória que essas tramas carregam. É uma inspiração para o que faço”, conta. O trabalho da criadora é pesquisa com texturas, cores e formas. “Um desvio do uso do tramar e tecer de linhas”, brinca, contando que com a técnica podem-se fazer muitas coisas. A peça que ela vai mostrar em Paris explora diálogo entre a geometria de estruturas de ferro e o batimento orgânico de trançados de fios de seda e lã natural.
Ana Vaz começou trabalhando com acessórios feitos artesanalmente. Criações que seduziram algumas das grifes e estilistas mais importantes do Brasil (Alexandre Herchcovitch, Osklen, Ronaldo Fraga, entre outros). A mineira realizou ainda luminárias, cortinas, painéis e instalações têxteis. Já mostrou trabalhos na Itália, Holanda e Inglaterra. Em 2007, integrou grupo de quatro brasileiros selecionados pelo British Council, que representou o Brasil na exposição 'The new world: design from five continents'.
Zanini de Zanine, de 35 anos, está levando para a mostra de Paris a cadeira Moeda. O nome se explica: o projeto reutiliza descarte de fábrica de dinheiro. Leva também a poltrona Anil, de ipê maciço. E ainda um brinquedo – o cavalinho Gioco – feito com metacrilato. “O divertido é serem três projetos distintos, cada um realizado com um material diferente, desenhado pela mesma pessoa”, observa. “Diversidade que vem do fato de ter sido criado com muita liberdade por meus pais, o que está se reflete no que faço”, conta.
O carioca é o filho caçula de nome ilustre do design e da arquitetura brasileira: José Zanini Caldas (1919-2001), cuja obra é singular diálogo entre modernismo e meio ambiente. “Meu pai era apaixonado pelo que fazia. Desenhava tudo com emoção. Tento ser assim também.” Elementos do design brasileiro que ele adora são a sensualidade e a informalidade. O que falta, observa, são mais indústrias que acreditem no trabalho dos criadores nacionais. “Mas muitas já estão produzindo o que fazemos”, avisa.
A valorização internacional do design brasileiro, inclusive do trabalho dos mestres modernistas, conta Zanini, surge a partir dos anos 2000, movida pela curiosidade sobre o Brasil. “Os criadores ganharam autoestima e passaram a desenvolver trabalhos que retratam o país. E isso despertou muito interesse, já que mostrava algo diferente, único”, conta. “Quem continuar fazendo trabalho autoral no Brasil tem chance de colher bons frutos no mercado internacional”, acredita.
Zanini de Zanine cresceu vendo o pai trabalhar, fez estágio com Sérgio Rodrigues e, em 2003, um ano depois da formatura em desenho industrial, começou a produzir móveis em madeira maciça. Já ganhou prêmios e participou de exposições mundo afora. Criou produtos para indústrias brasileiras e internacionais. Em 2011, foi convidado por Giulio Cappellini, diretor da Cappellini (Itália), uma das cinco marcas de móveis mais importantes do mundo, para colaborar com a empresa.
A beleza da imperfeição
Móveis, escultura e instalação. De hoje a 8 de fevereiro, na Galeria Ricardo Fernandes, curadoria de Ricardo Fernandes. 7 Rue du Vertbois, 75003 Paris, França.