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O diretor Daniel Herz e o dramaturgo Pedro Brício ficaram encantados com o trabalho que o estilista executou na exposição em homenagem ao Rio São Francisco e o convidaram para participar de Fonchito. “Eles queriam que o público entrasse no universo do Peru, onde se passa a história, assim como as pessoas que visitaram a mostra foram transportadas para o São Francisco. Quando o Daniel Herz me chamou, eu estava bem atribulado e não pude aceitar de cara, mas eles me esperaram e fiquei muito feliz com esse convite. É um projeto muito rico e bacana”, celebra.
Ronaldo Fraga não teve muito tempo para desenvolver o cenário e o figurino e, embora o conto de Vargas Llosa se passe em Lima, ele não fez exatamente uma transposição do lugar. “É uma história universal, que poderia acontecer em qualquer espaço geográfico, já que aborda o primeiro amor, a infância, a fase da pré-adolescência. Às vezes, fica um pouco difícil conciliar esses projetos com a moda. Mas tenho conseguido fazer pelo menos uns dois por ano, ainda mais quando é algo bem sedutor. E não me envolvo só com o figurino e o cenário. Acabo sendo o diretor criativo e dou palpites em outras questões da montagem”, explica.
Para o cenário, Fraga pensou em cores bem fortes, que se identificam com a cultura peruana, como o pink, o laranja, o roxo, o palha e o milho, enquanto o figurino é todo preto e branco. “Tudo foi muito rápido e a cada encontro a gente tem menos tempo de se aprofundar no projeto. Daí a importância de você ter um repertório. Quando fiz a coleção da Disneylândia (2009) pesquisei bastante a cultura latina e por isso tenho muito material com essas referências”, conta.
Mesmo tendo know-how neste tipo de trabalho, o estilista revela que sente um imenso frio na barriga nas estreias. Até porque, segundo ele, um espetáculo teatral ou de dança vai se formatando ao longo das apresentações. Bem diferente de um desfile. “Lembro-me que, quando o Santagustin, do Corpo, foi apresentado para a imprensa pela primeira vez, eu era a pessoa mais nervosa. Porque para mim tudo tinha que estar perfeito naquele dia, já que nos desfiles é assim. Eles têm que estar 100% num único dia, é muito rápido. Depois é que fui entender que uma montagem de teatro e dança vai se construindo ao longo do tempo. O dia em que ele está menos pronto é justamente o da estreia”, comenta.
Poesia musical Apesar de Fonchito e a Lua ser uma produção carioca – o elenco traz os jovens atores Felipe Lima, Thais Belchior, Raquel Rocha, Marino Rocha e Pablo Sanábio –, outro mineiro além de Ronaldo Fraga está participando da peça. O instrumentista Paulo Santos, do grupo Uakti, assina a trilha sonora e conta que se baseou na poesia da história de Vargas Llosa para criar as composições. “É uma narrativa linda, que envolve toda essa busca pelo amor, o primeiro beijo, o mistério da Lua. E tentei ir por aí”, diz.
Paulo Santos acrescenta que o texto e a concepção do espetáculo têm muita leveza e sinceridade, e que tentou transpor para a música um pouco dessas características. Utilizou instrumentos acústicos, como marimbas de vidro e tambores, além de flautas compridas de bambu, para dar uma textura latina. “Não fui exatamente no caminho da música peruana, até porque não conheço profundamente toda essa musicalidade, mas há momentos em que há referências a ela. No entanto, o que me moveu mesmo foi meu sentimento pela poesia do conto e, a partir daí, trabalhei as possibilidades sonoras com o material que tinha. Acredito que a trilha se encaixou muito bem com as cenas”, destaca.
Vem aí…
Mary Poppins
Dando prosseguimento ao projeto de relançamento de clássicos infantis revisitados, com o olhar de um artista nacional, a Editora Cosac Naify lança em abril o livro Mary Poppins.
E quem assina as ilustrações é justamente o estilista Ronaldo Fraga, que concebeu e mandou seus desenhos para a equipe de bordadeiras de Stela Guimarães, em Itabira, Região Central de Minas Gerais. Lá, os desenhos viraram bordados e, de volta a São Paulo, foram fotografados para integrar a obra, que conta com tradução de Joca Reiners Terron e posfácio de Sandra Vasconcelos. “Já que a gente pode complicar, por que não complicar ainda mais? Os bordados inacabados são para dar a ideia meio tridimensional da Mary Poppins voando”, explica Fraga. O lançamento vai coincidir com os 50 anos do filme, que estreou em 1964.
O beijo e a lua
Em Fonchito e a Lua, história infantil criada pelo escritor peruano, Mario Vargas Llosa, ganhador do Nobel de Literatura, o pequeno Fonchito morre de vontade de dar um beijinho no rosto de Nereida, a menina mais bonita da escola. Mas, como nem tudo é tão simples, Nereida só aceitará o carinho se Fonchito puder lhe trazer, nada mais nada menos, do que a Lua! Em Lima, capital peruana, onde se passa a história, a Lua aparece muito pouco, já que o céu quase sempre está nublado. Mas, como nada é impossível, no terraço de sua própria casa, numa noite de sorte, Fonchito descobrirá uma maneira de conseguir o que tanto queria.