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A exposição mais vista do ano foi 'A magia de Escher', no Palácio das Artes. Extensa e preciosa mostra da obra de artista singular, o holandês Maurits Cornelis Escher (1898-1972). Apresentação de face do modernismo pouco observada, que faz com que as formas tradicionais se voltem contra elas mesmas, como faz, por exemplo, o escritor tcheco Franz Kafka com as fábulas, lendas e mitos. Toda a longa tradição de figuração, ligada à precisão do registro, é usada por Escher para evidenciar mundos labirínticos. O sucesso da mostra veio movido também por discutível – mas não necessariamente negativo – uso de aparatos que criam ilusão de ótica. O que deixou sensação de espaço saturado, incômodo para observação das obras do artista.
Portinari
O público consagrou também a exposição 'Guerra e paz', dedicada a painel que Portinari (1903-1962) fez para a Organização das Nações Unidas (ONU). Exposição de concepção sólida, bem fundamentada historicamente, que reafirmou o papel decisivo do artista no modernismo brasileiro. Proporcionou algo raro, o contato direto com conjunto expressivo de obras do artista. O que evidenciou aspecto que fica diluído em reproduções: o excepcional pintor e a qualidade da fatura pictórica. São pinturas de calculado impacto e que chamam a polêmica (daí toda a discussão que as obras provocam). Um certo acordo entre inovação e aspectos tradicionais é opção do artista, que vê na comunicação criativa com o espectador um valor político.
Fotografia
Este ano, o público ganhou uma aula completa sobre fotografia moderna e contemporânea no Brasil. A parte histórica foi apresentada em duas mostras: 'As origens do fotojornalismo no Brasil: um olhar sobre O Cruzeiro' (1940-1960), no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia; e 'Coleção Itaú de fotografia', no Palácio das Artes. Um panorama mostrando caminhos atuais da fotografia veio com mostra especial, a melhor de 2013: o Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte, com imagens de 32 artistas de 19 países, em vários locais, entre eles as estações do metrô. E duas belas mostras solo: a de Pedro Motta, na Celma Albuquerque Galeria de Arte, e a de João Castilho, na Funarte. Em todos os casos, esteve em evidência o olhar sobre o mundo e, especialmente nos contemporâneos, a foto como arte.
Contemporâneos
O melhor da arte contemporânea veio de mostras que jogaram luz sobre artistas formados a partir dos anos 1960 e dos artistas que o moldaram, autores que vão ganhando, merecidamente, lugar importante na história da arte. Exposições que, voluntária ou involuntariamente, revelaram o olhar e a sensibilidade contemporânea, seja com relação ao passado ou ao presente. Como a mostra 'Elles' (CCBB), extenso panorama da produção de artistas notáveis (com direito a expressiva presença de autoras brasileiras), que sinalizou ainda o quanto o feminismo, que é contemporâneo ao nascimento do pós-moderno, contribuiu para ampliação de temas e conteúdos, e para o reconhecimento da singularidade de certas obras e visão mais aprofundada da história da arte.
Pop-art
A mesma perspectiva pôde ser vista na ótima retrospectiva da carioca Wanda Pimentel, na Manoel Macedo Galeria de Arte, com singular pintura que faz dialogar pop-art, discussão da imagem e feminismo. Ou na mostra de Amilcar de Castro (1920-2002), no CCBB, privilegiando pintura que está nos limites da geometria e pluralidade de gestos postos pela obra. A atenção contemporânea para imaginários não hegemônicos pôde ser vista também na mostra 'Mira!', no Centro Cultural UFMG, com 127 obras de 54 artistas, de 27 etnias e de cinco países – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru.
As pequenas
Nem só de grandes e panorâmicas exposições viveu o ano de 2013. Mostras deliciosas pela pequena escala, excesso de compromissos históricos e estéticos, que proporcionaram observação concentrada da singularidade de certos autores foram: 'Borracharia Duchamp', de Marcos Coelho Benjamim, na galeria Murilo de Castro; e a de pinturas de Ricardo Homem, na AM Galeria de Arte. O mesmo espírito brilhou em homenagem ao centenário do escultor mineiro G. T. O. – Gilberto Teles de Oliveira (1913-1990), e em 'Universo Bordallo – Bordallianos no Brasil', no Museus de Artes e Ofícios. Esta com cerâmica do português Rafael Bordallo Pinheiro (1846-1905), que também foi chargista.
Números de visitantes
CCBB
83 mil
Cine Theatro Brasil Vallourec
329.606
Palácio das Artes
315 mil
Inhotim
Exposições mais vistas
203.668
'A magia de Escher' (Palácio das Artes)
83 mil
'Portinari' (Cine Theatro Brasil)
67.309
'Elles' (CCBB)