Ao perguntarem ao escritor colombiano Gabriel Garcia Marques, de 86 anos, se havia uma unidade na América Latina, sabiamente, ele respondia: “Sim, temos todas”. O público poderá comprovar a afirmação do escritor na mostra 'Esquizofrenia tropical', que será inaugurada nesta terça-feira à noite, para convidados, no Museu de Arte da Pampulha (MAP). “A unidade latino-americana é construída pelo múltiplo”, justifica Iatã Cannabrava, curador da exposição fotográfica itinerante, que chega à capital mineira depois de passar por Rio, São Paulo e Brasília.
Produto da parceria do Instituto Cervantes com a Fundação Municipal de Cultura, a mostra busca uma América Latina diferente da tradicional visão de miséria e pobreza, além do desgastado apelo ao exotismo da região. “A ideia era fazer algo distinto, mas, ao mesmo tempo, não sabia que material iria receber”, recorda o curador, que diz ter preferido ficar com a análise da vida banal e do cotidiano, além do protagonismo de novas camadas sociais.
“Vi 40 portfólios em duas visitas a Santo Domingo, na República Dominicana, e a La Paz, na Bolívia, descobrindo que seria impossível e possível realizar a ideia”, pondera Iatã Cannabrava. “Se perguntasse se a América Latina era pobre, os trabalhos diriam que sim. Assim como se perguntasse se era rica”, recorda o curador, que, a partir de então, percebeu a ideia que acabou chamando a atenção dele para a bipolaridade, a “esquizofrenia” de todo um continente.
“Seria impossível algo que representasse uma única América Latina”, esclarece Iatã Cannabrava. Com curadoria do brasileiro, organizada pelo Instituto Cervantes, Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e PhotoEspaña na Bolívia e na República Dominicana, Esquizofrenia tropical aborda temas como violência, classe média e otimismo em relação ao futuro, através da lente de 16 jovens fotógrafos da América Latina, reunindo 14 projetos fotográficos realizados por seis países.
Em destaque, segundo o curador Iatã Cannabrava, México e Brasil, que, além de países de grandes dimensões, têm produção mais ampla na área. “No México, é longa a tradição da política de Estado apoiando a produção fotográfica”, constata o curador. Ele lembra que no Brasil, graças à Semana Nacional de Fotografia, promovida pela Funarte, e à interiorização do fazer fotográfico na cultura, o meio estaria em franca ascensão. As novas tecnologias, garante o curador de Esquizofrenia tropical, estão presentes em toda esta discussão. “Elas vieram para ficar e não mudam o contexto da criação”, salienta Iatã Cannabrava, admitindo que quase todas as fotografias da exposição têm origem ou passam pelo digital.
“Quase todas são coloridas mas, ao mesmo tempo, percebe-se que tem gente que já vem de uma geração totalmente digital”, conclui o curador. Temas caros à região, drama social e desenvolvimento econômico não poderiam ficar de fora da mostra, que integra a programação de aniversário de 116 anos de Belo Horizonte, ao lado da Latino 2013 – 3ª Mostra de Cinema Espanhol e Latino-americano, que será realizada até o dia 16, no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes.
ESQUIZOFRENIA TROPICAL
De quarta-feira a 9 de fevereiro, no Museu de Arte da Pampulha (MAP), Avenida Otacílio Negrão de Lima, 16.585, Pampulha. De terça-feira a domingo, das 9h às 19h. Hoje, às 20h, para convidados. Abertura para o público amanhã. Entrada franca.
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“Vi 40 portfólios em duas visitas a Santo Domingo, na República Dominicana, e a La Paz, na Bolívia, descobrindo que seria impossível e possível realizar a ideia”, pondera Iatã Cannabrava. “Se perguntasse se a América Latina era pobre, os trabalhos diriam que sim. Assim como se perguntasse se era rica”, recorda o curador, que, a partir de então, percebeu a ideia que acabou chamando a atenção dele para a bipolaridade, a “esquizofrenia” de todo um continente.
“Seria impossível algo que representasse uma única América Latina”, esclarece Iatã Cannabrava. Com curadoria do brasileiro, organizada pelo Instituto Cervantes, Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e PhotoEspaña na Bolívia e na República Dominicana, Esquizofrenia tropical aborda temas como violência, classe média e otimismo em relação ao futuro, através da lente de 16 jovens fotógrafos da América Latina, reunindo 14 projetos fotográficos realizados por seis países.
Em destaque, segundo o curador Iatã Cannabrava, México e Brasil, que, além de países de grandes dimensões, têm produção mais ampla na área. “No México, é longa a tradição da política de Estado apoiando a produção fotográfica”, constata o curador. Ele lembra que no Brasil, graças à Semana Nacional de Fotografia, promovida pela Funarte, e à interiorização do fazer fotográfico na cultura, o meio estaria em franca ascensão. As novas tecnologias, garante o curador de Esquizofrenia tropical, estão presentes em toda esta discussão. “Elas vieram para ficar e não mudam o contexto da criação”, salienta Iatã Cannabrava, admitindo que quase todas as fotografias da exposição têm origem ou passam pelo digital.
“Quase todas são coloridas mas, ao mesmo tempo, percebe-se que tem gente que já vem de uma geração totalmente digital”, conclui o curador. Temas caros à região, drama social e desenvolvimento econômico não poderiam ficar de fora da mostra, que integra a programação de aniversário de 116 anos de Belo Horizonte, ao lado da Latino 2013 – 3ª Mostra de Cinema Espanhol e Latino-americano, que será realizada até o dia 16, no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes.
ESQUIZOFRENIA TROPICAL
De quarta-feira a 9 de fevereiro, no Museu de Arte da Pampulha (MAP), Avenida Otacílio Negrão de Lima, 16.585, Pampulha. De terça-feira a domingo, das 9h às 19h. Hoje, às 20h, para convidados. Abertura para o público amanhã. Entrada franca.