

O sucesso, que ganhou vida no cinema em 2001, fez com que a virada da década fosse dominada por congêneres, todos englobados no subgênero chick lit. O diário de Bridget Jones teve continuação com final feliz, Bridget Jones no limite da razão (1999 o livro e 2004 o filme) em que a heroína moderna se arrumava com o homem dos sonhos, Mark Darcy, inspirado em outro ícone do romance inglês (Sr. Darcy de Orgulho e preconceito, de Jane Austen). Até agora. Helen Fielding, hoje com 55 anos, tirou Bridget da toca. Bridget Jones – Louca pelo garoto (Cia. das Letras, 440 páginas) provocou muita reação contrária das fãs por uma simples razão: a autora matou Mark Darcy.
Faz sentido, pois o personagem morreu sendo o advogado ético, justo e competente que sempre foi (ou seja, teve um final feliz, apesar de tudo). E Bridget só mereceria um novo livro caso tivesse que recomeçar. Deixando de lado a questão, a morte de Darcy é o gatilho para novas aventuras, de uma protagonista agora cinquentona, mãe de um casal de filhos pequenos e espertos (por vezes, bem mais que ela), que tenta se encaixar num mundo para o qual não está preparada.
A narrativa tem início cinco anos depois da viuvez e retrocede um ano antes, quando Bridget resolve deixar o luto. Quase uma analfabeta virtual, ela resolve, de uma vez só, entrar no Twitter e em sites de namoro. “Quem quer me seguir no Twitter?”, pergunta insistentemente na rede virtual. Cada novo dia em seu diário é anunciado pelo número de seguidores (e com posts como esse, eles demoram a acontecer). Até que aparece um garoto, 20 anos mais novo, que se delicia com as trapalhadas. Essa é a parte divertida, que vai ganhando fôlego ao longo da narrativa.
O amor materno e a ausência do marido deixam a personagem um tanto melancólica por vezes (e a graça da série sempre foi o pendor para a comédia). Ela, por vezes, comporta-se como uma adolescente superficial, repetindo situações vivenciadas nas narrativas anteriores. Com isso, a leitura fica cheia de altos e baixos. No entanto, quase duas décadas mais tarde, e depois de excessivos livros que forjaram personagens e situações semelhantes à de Bridget Jones, a personagem continua fazendo sentido. Ainda que de uma maneira torta, bem à maneira dela.