A bela pintura do mineiro Rodrigo de Castro, de 60 anos, é rigorosa, sugere precisão. Mas ele recusa a associação de seu trabalho com o matemático e o científico. “Gosto do que é geometria sensível. Arte vem da sensibilidade. A vivência essencial do artista é com sua alma, consciência. Só amadurecendo a identidade dele pode empreender busca individual sem se perder”, defende. Ele conta que aprendeu com o pai, Amilcar de Castro, algo que também considera essencial nesse processo: a importância da prática. “O fazer ensina. Teoria só ensina teoria. O desafio é ser mais do que reprodução de uma teoria.”
“Se coloco duas cores complementares em espaço em branco, com estruturas mais ou menos equivalentes, harmônicas, não há risco. A tendência é tudo dar certo, até porque as cores se equilibram e o branco harmoniza”, continua Rodrigo. “Quando experimento outras relações de cores, como o roxo e o verde-limão, que em palavras sugere confusão, preciso pensar mais, trabalhar mais, sair de zona de conforto. Estou lidando com desequilíbrios, cores que não estão em perfeita harmonia, estruturas não complementares. É o único caminho para a maturidade e um modo de não ficar me repetindo”, argumenta.
No geral, as pinturas são produto de estudos. Pesquisa cujo ponto de partida é a busca de construção com áreas de cor que instalem relações de contraste, profundidade, vibração luminosa e espaciais. “Sempre busco o tom de cor adequado ao que procuro, misturando, dosando as tintas. Isso consome tempo”, observa, explicando que a cor que está na tela nunca é a que vem pronta do tubo de tinta. “Descobrir uma cor traz uma sensação maravilhosa. É como encontrar o acorde num piano”, garante. A longa dedicação à pintura, para o artista, responde pelas mudanças que experimenta no momento.
Rodrigo Castro
Pintura. Abertura hoje, às 11h. Lemos de Sá Galeria de Arte, Avenida Canadá, 147, Jardim Canadá, (31) 3261-3993. De segunda a sexta-feira, das 10h às 18h; sábado, das 11h às 14h. Até 24 de dezembro. Entrada franca.